Introdução pelo Tradutor:
Cristo Voltará como Juiz Poderoso
Se o Reino do Céu não é deste mundo assim como o próprio Senhor Jesus Cristo e todos os crentes também não são, por que temos a citação de tantos conflitos e guerras entre as nações deste mundo no livro de Apocalipse?
Por que em nossos dias temos tido guerras não apenas de caráter informacional, cultural, mas sobretudo de caráter militar? Não se esperava para o século XXI um tempo de paz entre as nações?
Jesus disse que mesmo antes do tempo do fim, no que ele chamou de princípio das dores, haveria guerras e rumores de guerras.
Isto indica que o próprio Reino do Céu será introduzido em sua forma final através de guerras e desolações em que importa que grande parte da humanidade seja visitada com juízos poderosos como os havidos nos dias do dilúvio e em Sodoma e Gomorra, de maneira que os ímpios sejam removidos da Terra, quando Jesus passar a reinar eternamente sobre os justos, e somente sobre estes.
Quando a Bíblia fala de justos, isto se refere àqueles que foram justificados por meio da fé em Cristo, e que foram renascidos de novo e santificados pelo Espírito Santo.
Ninguém se iluda pensando que o Reino do Céu que é invisível, espiritual e que se manifesta no coração de cada justo, possa ser comparado a alguma corrente política mesmo que ela seja de caráter libertário e conservador. Muito nos ajuda na compreensão desta verdade, que Jesus e os apóstolos jamais apoiaram que houvesse da parte dos judeus, que eram o povo da aliança com Deus, qualquer tipo de esforço para se libertarem do jugo do Império Romano, e na verdade, a verdadeira liberdade de um judeu que tivesse alcançado a vida eterna, jamais consistiu em que a nação israelita se encontrasse liberta de qualquer jugo opressivo de nações estrangeiras; tal jugo, a propósito sempre foi algo que acompanhou toda a história da referida nação, especialmente no chamado período dos Juízes, e posteriormente sob Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma.
Há em nossos dias, um grande perigo para a Igreja de Cristo, em confundir que o propósito de Deus quanto ao triunfo do Reino de Cristo consista em fazer com que todas as nações vençam as forças ateístas ou de qualquer outra ordem que sejam contrárias aos princípios judaico-cristãos, geralmente encontrados na defesa das alas de viés conservador, pois é possível se levantar contra as bandeiras abomináveis que são levantadas por aqueles que não temem a Deus e os Seus mandamentos, ao contrário, que os odeiam, rejeitam e lutam para extirparem da face da Terra, das mentes e corações daqueles que os amam e seguem; e ainda assim, caso toda esta fidelidade a princípios sócio-políticos não chegue a alcançar a verdadeira prática da santidade, da justiça, da verdade e da piedade, no poder do Espírito Santo, conforme esta é descrita na Palavra de Deus, e desta forma, permanecerem os tais ainda sem salvação, a par de todo o seu empenho para fazer com que as nações do mundo tenham liberdade de expressão, garantia de direitos individuais e soberania nacional.
É evidente que o despertamento de movimentos conservacionistas em todo o mundo, foi provocado intencionalmente por aqueles que são poderosos e lutam para a formação de um Estado extremamente forte, fundado no princípio globalista de poder total sobre indivíduos, famílias e nações colocando-os inteiramente sob a tutela de um governo central totalitário que terá sua forma final na pessoa do Anticristo, depois de ter sido concluída toda a operação de engano que se encontra em curso, e capitaneada pelo próprio Satanás, com o fim principal de apagar sobretudo a nação de Israel da face da Terra, de forma a fazer com que possa caducar a Palavra de Deus de que Israel permanecerá como nação através de uma aliança perpétua feita com os patriarcas da citada nação.
Vários passos estão sendo tomados e que foram previamente programados com vistas ao silenciamento da pregação da verdade, sobretudo do Evangelho, pelo controle das massas. Isto foi aplicado na pandemia de Covid em que houve um grande controle que comprovou que isto pode funcionar. Por meses sucessivos houve fechamento de estádios, mercados, igrejas, teatros, com isolamento social e uso de máscaras, pois em face de uma calamidade em que a vida esteja em risco, a sociedade se permite ter seus direitos individuais suspensos, para se submeter ao controle total do Estado.
Quando a Terceira Grande Guerra atômica vier sobre o mundo, como se vê em Gogue e Magogue e no Armagedon, o terror produzido será de tal ordem, que o Anticristo será recebido de braços abertos por muitos e será adorado, juntamente com Satanás, por cuja eficácia ele operará, e disso tudo somos informados nas profecias escatológicas não apenas no livro de Apocalipse.
Daí somos ordenados pelo Senhor para que sobretudo no tempo do fim vigiemos e oremos em todo o tempo para que não sejamos iludidos pelo engano satânico que estará operando no mundo.
“1 Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos
2 a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor.
3 Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição,
4 o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus.
5 Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas?
6 E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria.
7 Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém;
8 então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda.
9 Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira,
10 e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos.
11 É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira,
12 a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.
13 Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade,
14 para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.” (II Tessalonicenses 2.1-14)
OBS: Quando este comentário de Matthew Henry foi escrito, era ainda quase que absoluto o próprio poder civil e político da Igreja Romana sobre todas as nações, notadamente do mundo Ocidental, o qual se estendeu por toda a Idade Média, e então, no auge do início da Reforma Protestante, os comentaristas bíblicos julgavam que o reino do Anticristo estava associado à referida Igreja, e que o próprio Anticristo seria um dos Papas.
Decorridos cerca de quatro séculos, desde então, e segundo as grandes transformações havidas na política mundial, com a transferência do poder para principalmente os grandes conglomerados financeiros e incremento da tecnologia a um nível nunca antes imaginado, somos inclinados a pensar que o Anticristo surgirá do cenário político-econômico, civil ou mlitar, e não propriamente do meio religioso, mas somente Deus conhece qual será a sua origem
Apocalipse 1
Este capítulo é um prefácio geral de todo o livro e contém,
I. Uma inscrição, declarando o original e seu desígnio, ver 1, 2.
II. A bênção apostólica pronunciada sobre todos aqueles que prestarem a devida atenção ao conteúdo deste livro, ver. 3-8.
III. Uma gloriosa visão ou aparição do Senhor Jesus Cristo ao apóstolo João, quando ele lhe entregou esta revelação, ver. 9, até o fim.
A substância do livro. (95 DC.)
1 Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João,
2 o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu.
Aqui temos,
I. O que podemos chamar de pedigree deste livro.
1. É a revelação de Jesus Cristo. Toda a Bíblia é assim; pois toda revelação vem através de Cristo e de todos os centros nele; e especialmente nestes últimos dias Deus nos falou por meio de seu Filho e a respeito de seu Filho. Cristo, como rei da sua igreja, até agora teve o prazer de informar a sua igreja através de quais regras e métodos ele procederá no seu governo; e, como profeta da igreja, ele nos revelou as coisas que acontecerão no futuro.
2. É uma revelação que Deus deu a Cristo. Embora o próprio Cristo seja Deus, e como tal tenha luz e vida em si mesmo, ainda assim, ao sustentar o cargo de Mediador entre Deus e o homem, ele recebe suas instruções do Pai. A natureza humana de Cristo, embora dotada da maior sagacidade, julgamento e penetração, não poderia, de uma forma racional, descobrir esses grandes eventos, que não sendo produzidos por causas naturais, mas dependendo inteiramente da vontade de Deus, poderiam ser objeto apenas da presciência divina e deve chegar a uma mente criada apenas por revelação. Nosso Senhor Jesus é o grande depositário da revelação divina; é a ele que devemos o conhecimento que temos do que devemos esperar de Deus e do que ele espera de nós.
3. Esta revelação Cristo enviou e significou por seu anjo. Observe aqui a admirável ordem da revelação divina. Deus deu-a a Cristo, e Cristo empregou um anjo para comunicá-la às igrejas. Os anjos são os mensageiros de Deus; eles são espíritos ministradores aos herdeiros da salvação. Eles são servos de Cristo: os principados e potestades estão sujeitos a ele; todos os anjos de Deus são obrigados a adorá-lo.
4. Os anjos comunicaram isso ao apóstolo João. Assim como os anjos são os mensageiros de Cristo, os ministros são os mensageiros das igrejas; o que recebem do céu, devem comunicá-lo às igrejas. João foi o apóstolo escolhido para este serviço. Alguns pensam que ele foi o único sobrevivente, os restantes selaram o seu testemunho com o sangue. Este seria o último livro da revelação divina; e, portanto, notificado à igreja pelo último dos apóstolos. João era o discípulo amado. Ele era, no Novo Testamento, como o profeta Daniel no Antigo, um homem muito amado. Ele era o servo de Cristo; ele foi apóstolo, evangelista e profeta; ele serviu a Cristo em todos os três ofícios extraordinários da igreja. Tiago foi apóstolo, mas não profeta, nem evangelista; Mateus foi apóstolo e evangelista, mas não profeta; Lucas foi um evangelista, mas não foi profeta nem apóstolo; mas João era todos os três; e assim Cristo o chama em sentido eminente de seu servo João.
5. João deveria entregar esta revelação à igreja, a todos os seus servos. Pois a revelação não foi projetada para uso apenas dos servos extraordinários de Cristo, os ministros, mas para todos os seus servos, os membros da igreja; todos eles têm direito aos oráculos de Deus e todos se preocupam com eles.
II. Aqui temos o assunto desta revelação, a saber, as coisas que em breve devem acontecer. Os evangelistas nos dão um relato das coisas que passaram; a profecia nos dá um relato das coisas que estão por vir. Esses eventos futuros são mostrados, não na luz mais clara que Deus poderia tê-los definido, mas na luz que ele considerou mais adequada e que melhor responderia aos seus sábios e santos propósitos. Se tivessem sido preditos tão claramente em todas as circunstâncias quanto Deus os poderia ter revelado, a predição poderia ter impedido o cumprimento; mas eles são preditos de forma mais sombria, para gerar em nós uma veneração pelas Escrituras e para atrair nossa atenção e estimular nossa investigação. Temos nesta revelação uma ideia geral dos métodos da providência divina e do governo na e sobre a igreja, e muitas boas lições podem ser aprendidas por meio dela. Esses eventos (diz-se) foram tais que deveriam acontecer não apenas com certeza, mas em breve; isto é, eles começariam a acontecer muito em breve, e o todo seria realizado em pouco tempo. Pois agora as últimas eras do mundo haviam chegado.
III. Aqui está um atestado da profecia. Foi significado a João, que deu testemunho da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de todas as coisas que viu. É observável que os livros históricos do Antigo Testamento nem sempre têm o nome do historiador prefixado, como nos livros de Juízes, Reis, Crônicas; mas nos livros proféticos o nome é sempre prefixado, como Isaías, Jeremias, etc. Assim, no Novo Testamento, embora João não tenha prefixado seu nome em sua primeira epístola, ainda assim ele o faz com esta profecia, tão pronto para atestar e responder pela verdade disso; e ele nos dá não apenas seu nome, mas também seu cargo. Ele foi alguém que prestou testemunho da palavra de Deus em geral, e do testemunho de Jesus em particular, e de todas as coisas que viu; ele foi uma testemunha ocular e não escondeu nada do que viu. Nada registrado nesta revelação foi invenção ou imaginação sua; mas tudo era o registro de Deus e o testemunho de Jesus; e, como ele não acrescentou nada a isso, não omitiu nenhuma parte dos conselhos de Deus.
Bênção Apostólica. (AD95.)
3 Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo.
4 João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono
5 e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados,
6 e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!
7 Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!
8 Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.
Temos aqui uma bênção apostólica para aqueles que deveriam dar a devida atenção a esta revelação divina; e esta bênção é dada de forma mais geral e mais especial.
I. De maneira mais geral, para todos que leem ou ouvem as palavras da profecia. Esta bênção parece ser pronunciada com o objetivo de nos encorajar a estudar este livro, e não nos cansar de examiná-lo devido à obscuridade de muitas coisas nele; recompensará o trabalho do leitor cuidadoso e atento. Observe,
1. É um privilégio abençoado desfrutar dos oráculos de Deus. Esta foi uma das principais vantagens que os judeus tinham sobre os gentios.
2. É uma bênção estudar as Escrituras; aqueles que pesquisam as Escrituras estão bem empregados.
3. É um privilégio não apenas lermos as Escrituras nós mesmos, mas também ouvi-las lidas por outros, que estão qualificados para nos dar o sentido do que leem e para nos levar a compreendê-las.
4. Não é suficiente para nossa bem-aventurança ler e ouvir as Escrituras, mas devemos guardar as coisas que estão escritas; devemos mantê-las em nossas memórias, em nossas mentes, em nossos afetos e na prática, e seremos abençoados por isso.
5. Quanto mais nos aproximamos do cumprimento das Escrituras, maior consideração daremos a elas. A hora está próxima e devemos estar ainda mais atentos à medida que vemos o dia se aproximando.
II. A bênção apostólica é pronunciada mais especial e particularmente às sete igrejas asiáticas. Estas sete igrejas são nomeadas no v. 11, e mensagens distintas são enviadas a cada uma delas respectivamente nos capítulos seguintes. A bênção apostólica é mais expressamente dirigida a estas porque eram as mais próximos dele, que agora estava na ilha de Patmos, e talvez ele tivesse o cuidado peculiar delas e a superintendência sobre elas, não excluindo nenhum dos demais apóstolos, se algum deles estivesse vivo agora. Aqui observe,
1. Qual é a bênção que ele pronuncia sobre todos os fiéis nestas igrejas: Graça e paz, santidade e conforto. Graça, isto é, a boa vontade de Deus para conosco e sua boa obra em nós; e paz, isto é, a doce evidência e segurança desta graça. Não pode haver verdadeira paz onde não há verdadeira graça; e, onde a graça vai antes, a paz seguirá.
2. De onde virá esta bênção. Em nome de quem o apóstolo abençoa as igrejas? Em nome de Deus, de toda a Trindade; pois este é um ato de adoração, e somente Deus é o objeto adequado dele; seus ministros devem abençoar o povo apenas em nome dele. E aqui,
(1.) O Pai é nomeado pela primeira vez: Deus o Pai, o que pode ser considerado essencialmente, para Deus como Deus, ou pessoalmente, para a primeira pessoa na sempre abençoada Trindade, o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo; e ele é descrito como o Jeová que é, que foi e que há de vir, eterno, imutável, o mesmo para a igreja do Antigo Testamento que era, e para a igreja do Novo Testamento que é, e que será o mesmo para a igreja triunfante que está por vir.
(2.) O Espírito Santo, chamado de sete espíritos, não sete em número, nem em natureza, mas o infinito e perfeito Espírito de Deus, em quem há uma diversidade de dons e operações. Ele está diante do trono; pois, como Deus criou, ele governa todas as coisas pelo seu Espírito.
(3.) O Senhor Jesus Cristo. Ele o menciona segundo o Espírito, porque pretendia ampliar mais a pessoa de Cristo, como Deus manifestado na carne, a quem ele tinha visto habitando na terra antes, e agora via novamente em uma forma gloriosa. Observe o relato específico que temos aqui de Cristo.
[1.] Ele é a testemunha fiel; ele foi desde a eternidade uma testemunha de todos os conselhos de Deus (João 1.18), e no tempo foi uma testemunha fiel da vontade revelada de Deus, que agora nos falou por seu Filho; podemos confiar com segurança em seu testemunho, pois ele é uma testemunha fiel, não pode ser enganado e não pode nos enganar.
[2.] Ele é o primogênito dentre os mortos, ou o primeiro pai e cabeça da ressurreição, o único que se ressuscitou por seu próprio poder, e que pelo mesmo poder ressuscitará seu povo de seus túmulos para a honra eterna; pois ele os gerou novamente para uma esperança viva por sua ressurreição dentre os mortos.
[3.] Ele é o príncipe dos reis da terra; dele eles têm autoridade; por ele seu poder é limitado e sua ira restringida; por ele seus conselhos são anulados e perante ele eles são responsáveis. Esta é uma boa notícia para a igreja e uma boa evidência da Divindade de Cristo, que é Rei dos reis e Senhor dos senhores.
[4.] Ele é o grande amigo de sua igreja e de seu povo, alguém que fez grandes coisas por eles, e isso por puro afeto desinteressado. Ele os amou e, em busca desse amor eterno, primeiro, lavou-os de seus pecados em seu próprio sangue. Os pecados deixam uma mancha na alma, uma mancha de culpa e de poluição. Nada pode tirar essa mancha senão o sangue de Cristo; e, em vez de não ser lavado, Cristo estava disposto a derramar seu próprio sangue, para adquirir perdão e pureza para eles.
Em segundo lugar, ele os fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai. Tendo-os justificado e santificado, ele os torna reis para seu Pai; isto é, na conta de seu Pai, com sua aprovação e para sua glória. Como reis, eles governam os seus próprios espíritos, vencem Satanás, têm poder e prevalência com Deus em oração e julgarão o mundo. Ele os tornou sacerdotes, deu-lhes acesso a Deus, capacitou-os a entrar no lugar santíssimo e a oferecer sacrifícios espirituais e aceitáveis, e deu-lhes uma unção adequada a esse caráter; e por essas altas honras e favores eles são obrigados a atribuir-lhe domínio e glória para sempre.
[5.] Ele será o Juiz do mundo: Eis que ele vem, e todo olho o verá. Este livro, o Apocalipse, começa e termina com uma predição da segunda vinda do Senhor Jesus Cristo. Deveríamos nos dedicar a meditar frequentemente sobre a segunda vinda de Cristo e mantê-la sob os olhos de nossa fé e expectativa. João fala como se visse aquele dia: "Eis que ele vem, tão certo como se o visses com os teus olhos. Ele vem com as nuvens, que são o seu carro e o seu pavilhão. Ele virá publicamente: todo olho o verá, o olho do seu povo, o olho dos seus inimigos, todos os olhos, os seus e os meus." Ele virá, para o terror daqueles que o traspassaram e não se arrependeram e de todos os que o feriram e crucificaram novamente por sua apostasia dele, e para o espanto do mundo pagão. Pois ele vem para se vingar daqueles que não conhecem a Deus, bem como daqueles que não obedecem ao evangelho de Cristo.
[6.] Este relato de Cristo é ratificado e confirmado por ele mesmo. Aqui nosso Senhor Jesus desafia justamente a mesma honra e poder que são atribuídos ao Pai. Ele é o começo e o fim; todas as coisas vêm dele e para ele; ele é o Todo-Poderoso; ele é o mesmo eterno e imutável. E certamente quem pretende apagar um caráter deste nome de Cristo merece ter o seu nome apagado do livro da vida. Aqueles que o honram ele honrará; mas aqueles que o desprezam serão pouco estimados.
A visão de Cristo de João. (AD95.)
9 Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.
10 Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta,
11 dizendo: O que vês escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia.
12 Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro
13 e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro.
14 A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo;
15 os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como voz de muitas águas.
16 Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força.
17 Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último
18 e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno.
19 Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas.
20 Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas.
Chegamos agora àquela visão gloriosa que o apóstolo teve do Senhor Jesus Cristo, quando veio entregar-lhe esta revelação, onde observe,
I. O relato da pessoa que foi favorecida com esta visão. Ele se descreve:
1. Por seu estado e condição atuais. Ele foi irmão e companheiro dessas igrejas na tribulação e no reino e paciência de Cristo. Ele era, na época, como o resto dos verdadeiros cristãos, um homem perseguido, banido e talvez preso, por sua adesão a Cristo. Ele era irmão deles, embora fosse apóstolo; ele parece valorizar-se por sua relação com a igreja, e não por sua autoridade nela: Judas Iscariotes pode ser um apóstolo, mas não um irmão na família de Deus. Ele era seu companheiro: os filhos de Deus deveriam escolher a comunhão e a sociedade entre si. Ele foi seu companheiro na tribulação: os servos de Deus perseguidos não sofreram sozinhos, as mesmas provações se realizam em outros. Ele foi seu companheiro na paciência, não apenas um participante com eles nas circunstâncias de sofrimento, mas nas graças sofredoras: se tivermos a paciência dos santos, não devemos ter ressentimento em enfrentar suas provações. Ele era seu irmão e companheiro na paciência do reino de Cristo, um sofredor pela causa de Cristo, por afirmar seu poder real sobre a igreja e o mundo, e por aderir a ele contra todos os que o usurpassem. Por esse relato que ele dá de seu estado atual, ele reconhece seu compromisso de simpatizar com eles e de se esforçar para dar-lhes conselho e conforto, e demonstra sua atenção mais cuidadosa ao que ele tinha a dizer-lhes da parte de Cristo, seu Senhor comum.
2. Pelo local onde se encontrava quando foi favorecido com esta visão: estava na ilha de Patmos. Ele não diz quem o baniu para lá. Convém aos cristãos falar com parcimônia e modéstia sobre seus próprios sofrimentos. Diz-se que Patmos é uma ilha no Mar Egeu, uma daquelas chamadas Cíclades, e tinha cerca de trinta e cinco milhas de bússola; mas sob este confinamento foi o conforto do apóstolo que ele não sofreu como um malfeitor, mas que foi pelo testemunho de Jesus, por dar testemunho de Cristo como o Emanuel, o Salvador. Esta foi uma causa pela qual valeu a pena sofrer; e o Espírito da glória e de Deus repousou sobre este apóstolo perseguido.
3. O dia e a hora em que teve esta visão: era o dia do Senhor, o dia que Cristo separou e reservou para si, pois a eucaristia é chamada de ceia do Senhor. Certamente este não pode ser outro senão o sábado cristão, o primeiro dia da semana, a ser observado em memória da ressurreição de Cristo. Nós, que o chamamos de nosso Senhor, honrá-lo-emos no seu próprio dia, o dia que o Senhor fez e no qual devemos nos alegrar.
4. A condição em que sua alma estava naquele momento: Ele estava no Espírito. Ele não estava apenas em êxtase quando recebeu a visão, mas antes de recebê-la; ele estava em uma condição espiritual séria, celestial, sob as abençoadas e graciosas influências do Espírito de Deus. Deus geralmente prepara as almas de seu povo para manifestações incomuns de si mesmo, pelas influências vivificantes e santificadoras de seu bom Espírito. Aqueles que desejam desfrutar da comunhão com Deus no dia do Senhor devem esforçar-se por abstrair os seus pensamentos e afeições da carne e das coisas carnais, e ocupar-se inteiramente com as coisas de natureza espiritual.
II. O apóstolo dá conta do que ouviu quando estava no Espírito. Um alarme foi dado como o som de uma trombeta, e então ele ouviu uma voz, a voz de Cristo aplicando a si mesmo o caráter antes dado, o primeiro e o último, e ordenando ao apóstolo que se comprometesse a escrever as coisas que estavam agora para serem reveladas a ele, e enviá-lo imediatamente às sete igrejas asiáticas, cujos nomes são mencionados. Assim, nosso Senhor Jesus, o capitão da nossa salvação, notificou o apóstolo de sua aparição gloriosa, como ao som de uma trombeta.
III. Temos também um relato do que ele viu. Ele se virou para ver a voz, de quem era e de onde vinha; e então uma maravilhosa cena de visão se abriu para ele.
1. Ele viu uma representação da igreja sob o emblema de sete castiçais de ouro, conforme explicado no último versículo do capítulo. As igrejas são comparadas a castiçais, porque emitem com vantagem a luz do evangelho. As igrejas não são velas: somente Cristo é nossa luz e seu evangelho nossa lâmpada; mas eles recebem sua luz de Cristo e do evangelho e a transmitem a outros. São castiçais de ouro, pois devem ser preciosos e puros, comparáveis ao ouro fino; não apenas os ministros, mas os membros das igrejas deveriam ser tais; sua luz deve brilhar diante dos homens a ponto de envolver outros na glória de Deus.
2. Viu uma representação do Senhor Jesus Cristo no meio dos castiçais de ouro; pois ele prometeu estar sempre com suas igrejas até o fim do mundo, enchendo-as de luz, vida e amor, pois ele é a própria alma animadora e informativa da igreja. E aqui observamos,
(1.) A forma gloriosa em que Cristo apareceu em vários detalhes.
[1.] Ele estava vestido com uma vestimenta até os pés, um manto principesco e sacerdotal, denotando justiça e honra.
[2.] Ele estava cingido com um cinto de ouro, o peitoral do sumo sacerdote, no qual estão gravados os nomes de seu povo; ele estava pronto para fazer todo o trabalho de um Redentor.
[3.] Sua cabeça e cabelos eram brancos como lã ou neve. Ele era o Ancião de dias; sua cabeça grisalha não era sinal de decadência, mas era de fato uma coroa de glória.
[4.] Seus olhos eram como uma chama de fogo, perfurando e penetrando nos próprios corações e rédeas dos homens, espalhando terror entre seus adversários.
[5.] Seus pés eram como latão em chamas, fortes e firmes, apoiando seus próprios interesses, subjugando seus inimigos, esmagando-os até virar pó.
[6.] Sua voz era como o som de muitas águas, de muitos rios caindo juntos. Ele pode e se fará ouvir tanto por quem está longe como por quem está perto. Seu evangelho é uma corrente abundante e poderosa, alimentada pelas fontes superiores de sabedoria e conhecimento infinitos.
[7.] Ele tinha em sua mão direita sete estrelas, isto é, os ministros das sete igrejas, que estão sob sua direção, recebem dele toda a sua luz e influência, e são protegidos e preservados por ele.
[8.] De sua boca saía uma espada de dois gumes, sua palavra, que fere e cura, atinge o pecado à direita e à esquerda,
[9.] Seu semblante era como o sol brilhando, sua força muito brilhante e deslumbrante para os olhos mortais verem.
(2.) A impressão que esta aparição de Cristo causou no apóstolo João (v. 17): Ele caiu aos pés de Cristo como morto; ele foi dominado pela grandeza do brilho e da glória em que Cristo apareceu, embora já estivesse tão familiarizado com ele antes. Quão bom é para nós que Deus fale conosco por meio de homens como nós, cujos terrores não nos deixarão com medo, pois ninguém pode ver a face de Deus e viver!
(3.) A bondade condescendente do Senhor Jesus para com seu discípulo: Ele impôs a mão sobre ele. Ele o levantou; ele não implorou contra ele com seu grande poder, mas colocou força nele, falou-lhe palavras gentis.
[1.] Palavras de conforto e encorajamento: Não temas. Ele comandou os medos servis de seu discípulo.
[2.] Palavras de instrução, dizendo-lhe particularmente quem era aquele que assim lhe apareceu. E aqui ele o familiariza,
Primeiro, com sua natureza divina: O primeiro e o último.
Em segundo lugar, com os seus sofrimentos anteriores: eu estava morto; o mesmo que seus discípulos viram na cruz morrendo pelos pecados dos homens.
Em terceiro lugar, com a sua ressurreição e vida: “Eu vivo e estou vivo para sempre, venci a morte e abri a sepultura, e sou participante de uma vida sem fim”.
Em quarto lugar, com seu cargo e autoridade: tenho as chaves do inferno e da morte, um domínio soberano dentro e sobre o mundo invisível, abrindo e ninguém pode fechar, fechando para que ninguém possa abrir, abrindo os portões da morte quando quiser e as portas do mundo eterno, da felicidade ou da miséria, como o Juiz de todos, de cuja sentença não cabe recurso.
Em quinto lugar, com sua vontade e prazer: Escreva as coisas que você viu, e as coisas que são, e que serão depois.
Em sexto lugar, com o significado das sete estrelas, que são os ministros das igrejas; e dos sete castiçais, que são as sete igrejas, às quais Cristo enviaria agora por meio dele mensagens particulares e adequadas.
Apocalipse 2
O apóstolo João, tendo no capítulo anterior escrito as coisas que tinha visto, passa agora a escrever as coisas que são, de acordo com o mandamento de Deus (cap. 1. 19), isto é, o estado atual das sete igrejas da Ásia, com a qual ele tinha um conhecimento particular e pela qual tinha uma terna preocupação. Ele foi instruído a escrever a cada um deles de acordo com seu estado e circunstâncias atuais, e a escrever cada carta ao anjo daquela igreja, ao ministro ou melhor, ministério daquela igreja, chamados anjos porque são os mensageiros de Deus para humanidade. Neste capítulo temos:
I. A mensagem enviada a Éfeso, vers. 1-7.
II. Para Esmirna, ver 8-11.
III. Para Pérgamo, ver 12-17.
IV. Para Tiatira, ver 18, etc.
A Igreja em Éfeso. (95 DC.)
“1 Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:
2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;
3 e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.
4 Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.
5 Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.
6 Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
7 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.”
Nós temos aqui,
I. A inscrição, onde observamos:
1. A quem se dirige a primeira destas epístolas: À igreja de Éfeso, uma famosa igreja plantada pelo apóstolo Paulo (Atos 19), e depois regada e governada por João, que tinha sua residência lá. Dificilmente podemos pensar que Timóteo era o anjo, ou único pastor e bispo, desta igreja naquela época - que aquele que era de um espírito excelente e naturalmente cuidava do bom estado das almas das pessoas, deveria se tornar tão negligente que merecesse as repreensões dadas ao ministério desta igreja. Observe,
2. De quem esta epístola a Éfeso foi enviada; e aqui temos um daqueles títulos que foram dados a Cristo em sua aparição a João no capítulo anterior: Aquele que segura as sete estrelas em sua mão direita e caminha no meio dos sete castiçais de ouro, cap. 1. 13, 16. Este título consiste em duas partes:
(1.) Aquele que segura as estrelas em sua mão direita. Os ministros de Cristo estão sob seu cuidado e proteção especiais. É a honra de Deus que ele conheça o número das estrelas, chame-as por seus nomes, ligue as doces influências das Plêiades e solte os laços de Orion; e é a honra do Senhor Jesus Cristo que os ministros do evangelho, que são maiores bênçãos para a igreja do que as estrelas são para o mundo, estejam em suas mãos. Ele dirige todos os seus movimentos; ele os dispõe em seus vários orbes; ele os enche de luz e influência; ele os apóia, ou então eles logo seriam estrelas cadentes; eles são instrumentos em suas mãos, e todo o bem que eles fazem é feito por sua mão com eles.
(2.) Ele anda no meio dos castiçais de ouro. Isso sugere sua relação com suas igrejas, como o outro, sua relação com seus ministros. Cristo está intimamente presente e conhecedor de suas igrejas; ele conhece e observa seu estado; ele se deleita com eles, como um homem ao passear em seu jardim. Embora Cristo esteja no céu, ele anda no meio de suas igrejas na terra, observando o que há de errado nelas e o que elas precisam. Este é um grande encorajamento para aqueles que cuidam das igrejas, que o Senhor Jesus as gravou nas palmas de suas mãos.
II. O conteúdo da epístola, na qual, como na maioria das que se seguem, temos,
1. O elogio que Cristo deu a esta igreja, ministros e membros, que ele sempre traz declarando que conhece suas obras e, portanto, tanto seu elogio quanto sua repreensão devem ser estritamente considerados; pois ele também não fala por acaso: ele sabe o que diz. Agora, a igreja de Éfeso é elogiada,
(1.) Por sua diligência no dever: Conheço as tuas obras e o teu trabalho. Isso pode se relacionar mais imediatamente com o ministério desta igreja, que havia sido laborioso e diligente. Dignidade exige dever. Aqueles que são estrelas na mão de Cristo precisam estar sempre em movimento, distribuindo luz a todos ao seu redor. Por amor do meu nome trabalhaste e não desfaleceste, v. 3. Cristo mantém um registro do trabalho de cada dia e do trabalho de cada hora, seus servos fazem por ele, e seu trabalho não será em vão no Senhor.
(2.) Por sua paciência no sofrimento: Teu trabalho e tua paciência, v. 2. Não basta sermos diligentes, mas devemos ser pacientes e suportar as dificuldades como bons soldados de Cristo. Os ministros devem ter e exercer grande paciência, e nenhum cristão pode ficar sem ela. Deve haver paciência para suportar as injúrias dos homens e as repreensões da Providência; e deve haver paciência de espera, para que, quando tiverem feito a vontade de Deus, possam receber a promessa: Tu suportaste e tens paciência, v. 3. Encontraremos tantas dificuldades em nosso caminho e trabalho que exigirão paciência para continuar e terminar bem.
(3.) Por seu zelo contra o que era mau: Não podes suportar os que são maus. Consiste muito bem com a paciência cristã não dispensar o pecado, muito menos permiti-lo; embora devamos mostrar toda a mansidão aos homens, ainda assim devemos mostrar um zelo justo contra seus pecados. Este zelo deles era ainda mais elogiado porque era de acordo com o conhecimento, um zelo discreto sobre um julgamento anterior feito das pretensões, práticas e dogmas de homens maus: Tu tentaste aqueles que dizem que são apóstolos e não são, e achou-os mentirosos. O verdadeiro zelo procede com discrição; ninguém deve ser rejeitado até que seja julgado. Alguns se levantaram nesta igreja que fingiam não ser ministros comuns, mas apóstolos; e suas pretensões foram examinadas, mas consideradas vãs e falsas. Aqueles que buscam imparcialmente a verdade podem chegar a conhecê-la.
2. A repreensão dada a esta igreja: No entanto, tenho algo contra ti, v. 4. Aqueles que têm muito de bom neles podem ter algo muito errado neles, e nosso Senhor Jesus, como um Mestre e Juiz imparcial, observa ambos; embora ele primeiro observe o que é bom e esteja mais pronto para mencionar isso, ele também observa o que está errado e os reprovará fielmente por isso. O pecado de que Cristo acusou esta igreja foi sua decadência e decadência no santo amor e zelo: Deixaste o teu primeiro amor; não deixou e abandonou o objeto disso, mas perdeu o grau fervoroso que apareceu a princípio. Observe:
(1) As primeiras afeições dos homens para com Cristo, a santidade e o céu são geralmente vivas e calorosas. Deus lembrou-se do amor das bodas da nação de Israel, quando ela o seguia onde quer que ele fosse.
(2.) Essas afeições vivas diminuirão e esfriarão se grande cuidado não for tomado e diligência usada para preservá-las em constante exercício.
(3.) Cristo fica triste e descontente com seu povo quando os vê se tornarem negligentes e frios em relação a ele, e de uma forma ou de outra ele os fará sentir que não os aceita bem.
3. O conselho dado a eles por Cristo: Lembre-se, portanto, de onde você caiu e arrependa-se, etc.
(1.) Aqueles que perderam seu primeiro amor devem se lembrar de onde caíram; eles devem comparar seu estado atual com seu estado anterior e considerar o quão melhor era para eles do que agora, quanta paz, força, pureza e prazer eles perderam ao deixar seu primeiro amor - quão mais confortavelmente eles poderiam deitar-se e dormir à noite, com muito mais alegria eles podiam acordar pela manhã, com muito mais facilidade podiam suportar as aflições e com muito mais facilidade podiam desfrutar dos favores da Providência, com que facilidade os pensamentos da morte eram para eles, e quão mais fortes são seus desejos e esperanças do céu.
(2.) Eles devem se arrepender. Eles devem estar interiormente tristes e envergonhados por sua decadência pecaminosa; eles devem se culpar e se envergonhar por isso, e humildemente confessar isso aos olhos de Deus, e julgar e condenar a si mesmos por isso.
(3.) Eles devem retornar e fazer suas primeiras obras. Eles devem, por assim dizer, começar de novo, voltar passo a passo, até chegarem ao lugar onde deram o primeiro passo em falso; eles devem se esforçar para reviver e recuperar seu primeiro zelo, ternura e seriedade, e devem orar com fervor e vigiar com a mesma diligência, como fizeram quando começaram nos caminhos de Deus.
4. Este bom conselho é aplicado e instado,
(1.) Por uma ameaça severa, se for negligenciado: virei a ti rapidamente e removerei o teu castiçal do seu lugar. Se a presença da graça e do Espírito de Cristo for desprezada, podemos esperar a presença de seu desagrado. Ele virá em forma de julgamento, e isso repentina e surpreendentemente, sobre igrejas impenitentes e pecadores; ele os retirará da igreja, tirará deles seu evangelho, seus ministros e suas ordenanças, e o que farão as igrejas ou os anjos das igrejas quando o evangelho for removido?
(2.) Por uma menção encorajadora que é feita do que ainda era bom entre eles: Isto tens a teu favor, que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio, v. 6. "Embora você tenha declinado em seu amor ao que é bom, ainda assim retém seu ódio ao que é mau, especialmente ao que é grosseiro." Os nicolaítas eram uma seita solta que se abrigava sob o nome de cristianismo. Eles mantinham doutrinas odiosas e eram culpados de ações odiosas, odiosas a Cristo e a todos os verdadeiros cristãos; e é mencionado para o louvor da igreja de Éfeso que eles tinham um justo zelo e aversão a essas doutrinas e práticas perversas. Uma indiferença de espírito entre a verdade e o erro, o bem e o mal, pode ser chamada de caridade e mansidão, mas não agrada a Cristo. Nosso Salvador submete esse tipo de elogio à sua severa ameaça, para tornar o conselho mais eficaz.
III. Temos a conclusão desta epístola, na qual, como nas que se seguem, temos,
1. Chamada à atenção: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Observe,
(1.) O que está escrito nas Escrituras é falado pelo Espírito de Deus.
(2.) O que é dito a uma igreja diz respeito a todas as igrejas, em todos os lugares e épocas.
(3.) Nunca podemos empregar nossa faculdade de ouvir melhor do que ouvir a palavra de Deus: e merecemos perdê-la se não a empregarmos para esse propósito. Aqueles que não ouvirem o chamado de Deus agora desejarão por muito tempo nunca ter tido a capacidade de ouvir coisa alguma.
2. Uma promessa de grande misericórdia para aqueles que vencerem. A vida cristã é uma guerra contra o pecado, Satanás, o mundo e a carne. Não basta que nos envolvamos nessa guerra, mas devemos persegui-la até o fim; nunca devemos ceder aos nossos inimigos espirituais, mas combater o bom combate até obtermos a vitória, como todos os cristãos perseverantes farão; e a guerra e a vitória terão um glorioso triunfo e recompensa. Aquilo que é prometido aos vencedores é que eles comerão da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus. Eles terão aquela perfeição de santidade, e aquela confirmação nela, que Adão teria se tivesse passado bem pelo curso de sua provação: ele então teria comido da árvore da vida que estava no meio do paraíso, e isso teria sido o sacramento da confirmação para ele em seu estado santo e feliz; assim, todos os que perseverarem em sua provação e guerra cristãs derivarão de Cristo, como a árvore da vida, perfeição e confirmação em santidade e felicidade no paraíso de Deus; não no paraíso terrestre, mas no celestial, cap. 22. 1, 2.
A Igreja em Esmirna.
“8 Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver:
9 Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.
10 Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
11 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.”
Passamos agora para a segunda epístola enviada a outra das igrejas asiáticas, onde, como antes, observamos,
I. O prefácio ou inscrição em ambas as partes.
1. A inscrição, dizendo-nos a quem foi dirigida de forma mais expressa e imediata: Ao anjo da igreja em Esmirna, um lugar bem conhecido até hoje por nossos mercadores, uma cidade de grande comércio e riqueza, talvez a única cidade de todos os sete que ainda são conhecidos pelo mesmo nome, agora, porém, não mais distinguidos por sua igreja cristã invadida pelo maometismo.
2. A assinatura, contendo outro dos títulos gloriosos de nosso Senhor Jesus, o primeiro e o último, aquele que estava morto e está vivo, tirado do cap. 1. 17, 18.
(1.) Jesus Cristo é o primeiro e o último. É apenas um pouco de tempo que nos é permitido neste mundo, mas nosso Redentor é o primeiro e o último. Ele é o primeiro, porque por ele todas as coisas foram feitas, e ele estava antes de todas as coisas com Deus e era o próprio Deus. Ele é o último, pois todas as coisas foram feitas para ele, e ele será o Juiz de todos. Este certamente é o título de Deus, de eternidade a eternidade, e é o título daquele que é um Mediador imutável entre Deus e o homem, Jesus, o mesmo ontem, hoje e para sempre. Ele foi o primeiro, pois por ele o fundamento da igreja foi lançado no estado patriarcal; e ele é o último, pois por ele a pedra angular será trazida e colocada no fim dos tempos.
(2.) Ele estava morto e está vivo. Ele estava morto e morreu por nossos pecados; ele está vivo, pois ressuscitou para nossa justificação e vive sempre para interceder por nós. Ele estava morto e, ao morrer, comprou a salvação para nós; ele está vivo e, por sua vida, aplica essa salvação a nós. E se, quando éramos inimigos, fomos reconciliados pela sua morte, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. Sua morte nós comemoramos em cada dia sacramental; sua ressurreição e vida todos os sábados.
II. O assunto desta epístola a Esmirna, onde, após a declaração comum da onisciência de Cristo e o perfeito conhecimento que ele tem de todas as obras dos homens e especialmente de suas igrejas, ele observa,
1. Da melhoria que eles fizeram em seu estado espiritual. Isso vem entre parênteses curtos; ainda assim é muito enfático: Mas tu és rico (v. 10), pobre em coisas temporais, mas rico em espirituais - pobre em espírito, mas rico em graça. Suas riquezas espirituais são realçadas por sua pobreza exterior. Muitos que são ricos em temporais são pobres em espirituais. Assim foi com a igreja de Laodiceia. Alguns que são pobres exteriormente são ricos interiormente, ricos em fé e em boas obras, ricos em privilégios, ricos em títulos e ações de doação, ricos em esperança, ricos em reversão. As riquezas espirituais são geralmente a recompensa de grande diligência; a mão diligente enriquece. Onde há abundância espiritual, a pobreza externa pode ser melhor suportada; e quando o povo de Deus é empobrecido temporalmente, por causa de Cristo e de uma boa consciência, ele compensa tudo com riquezas espirituais, que são muito mais satisfatórias e duradouras.
2. Dos sofrimentos deles: Conheço a tua tribulação e a tua pobreza - a perseguição que sofreram, até a destruição de seus bens. Aqueles que serão fiéis a Cristo devem esperar passar por muitas tribulações; mas Jesus Cristo presta atenção especial a todos os seus problemas. Em todas as suas aflições, ele é afligido, e dará tribulação aos que os afligem, mas aos que são atribulados, descanso consigo mesmo.
3. Ele conhece a maldade e a falsidade de seus inimigos: eu conheço a blasfêmia daqueles que se dizem judeus, mas não são; isto é, daqueles que fingem ser o único povo peculiar da aliança de Deus, como os judeus se gabavam de ser, mesmo depois que Deus os rejeitou; ou daqueles que estariam estabelecendo os ritos e cerimônias judaicas, que agora não eram apenas antiquados, mas revogados; estes podem dizer que são apenas a igreja de Deus no mundo, quando na verdade são a sinagoga de Satanás. Observe:
(1.) Como Cristo tem uma igreja no mundo, o Israel espiritual de Deus, o diabo tem sua sinagoga. Aquelas assembleias que são estabelecidas em oposição às verdades do evangelho, e que promovem e propagam erros condenáveis - aquelas que são estabelecidas em oposição à pureza e espiritualidade da adoração do evangelho, e que promovem e propagam as vãs invenções dos homens e ritos e cerimônias que nunca entraram nos pensamentos de Deus - todos esses são sinagogas de Satanás: ele os preside, trabalha neles, seus interesses são servidos por eles e ele recebe deles uma homenagem e honra horríveis.
(2.) O fato de as sinagogas de Satanás se entregarem para serem a igreja ou Israel de Deus não é menos que blasfêmia. Deus é grandemente desonrado quando seu nome é usado para promover e patrocinar os interesses de Satanás;
4. Ele conhece de antemão as provações futuras de seu povo, e os avisa de antemão, e os prepara contra elas.
(1.) Ele os adverte de futuras provações: O diabo lançará alguns de vocês na prisão, e vocês terão tribulações, v. 10. O povo de Deus deve procurar por uma série e sucessão de problemas neste mundo, e seus problemas geralmente aumentam. Eles haviam sido empobrecidos por suas tribulações antes; agora eles devem ser presos. Observe, é o diabo que desperta seus instrumentos, homens maus, para perseguir o povo de Deus; tiranos e perseguidores são ferramentas do diabo, embora gratifiquem sua própria malignidade pecaminosa, e não saibam que são acionados por uma malícia diabólica.
(2.) Cristo os prepara contra esses problemas que se aproximam,
[1.] Por seu conselho: Não tema nenhuma dessas coisas. Esta não é apenas uma palavra de comando, mas de eficácia, não, apenas proibindo o medo servil, mas subjugando-o e fornecendo à alma força e coragem.
[2] Mostrando-lhes como seus sofrimentos seriam aliviados e limitados.
Primeiro, eles não devem ser universais. Seriam alguns deles, não todos, que deveriam ser lançados na prisão, aqueles que eram mais capazes de suportá-la e podiam esperar ser visitados e consolados pelos demais.
Em segundo lugar, eles não deveriam ser perpétuos, mas por um tempo determinado e curto: dez dias. Não deve ser uma tribulação eterna, o tempo deve ser abreviado por causa dos eleitos.
Em terceiro lugar, deve ser para prová-los, não para destruí-los, para que sua fé, paciência e coragem possam ser provadas e aprimoradas, e encontradas em honra e glória.
[3] Propondo e prometendo uma recompensa gloriosa à fidelidade deles: Sê fiel até a morte, e eu te darei a coroa da vida. Observe, primeiro, a certeza da recompensa: eu te darei. Ele disse que é capaz de fazê-lo; e ele se comprometeu a fazê-lo. Eles terão a recompensa de sua própria mão, e nenhum de seus inimigos poderá arrancá-la de sua mão ou arrancá-la de suas cabeças.
Em segundo lugar, a adequação da mesma.
1. Uma coroa, para recompensar sua pobreza, fidelidade e conflito.
2. Uma coroa de vida, para recompensar aqueles que são fiéis até a morte, que são fiéis até a morte e que partem da própria vida em fidelidade a Cristo. A vida tão desgastada em seu serviço, ou estabelecida em sua causa, será recompensada com outra e uma vida muito melhor que será eterna.
III. A conclusão desta mensagem, e que, como antes,
1. Com uma chamada à atenção universal, para que todos os homens, todo o mundo, ouçam o que se passa entre Cristo e suas igrejas - como ele os elogia, como os conforta, como ele reprova suas falhas, como recompensa sua fidelidade. Diz respeito a todos os habitantes do mundo observar as relações de Deus com seu próprio povo; todo o mundo pode aprender instrução e sabedoria assim.
2. Com uma graciosa promessa ao cristão vencedor: O que vencer não receberá o dano da segunda morte, v. 11. Observe,
(1.) Não há apenas uma primeira, mas uma segunda morte, uma morte após a morte do corpo.
(2.) Esta segunda morte é indescritivelmente pior do que a primeira morte, tanto nas dores da morte e agonias dela (que são as agonias da alma, sem qualquer mistura de suporte) quanto na duração; é a morte eterna, morrer a morte, morrer e estar sempre morrendo. Isso é realmente doloroso, fatalmente prejudicial, para todos os que caem sob ele.
(3.) Desta morte dolorosa e destrutiva, Cristo salvará todos os seus servos fiéis; a segunda morte não terá poder sobre os que são participantes da primeira ressurreição: a primeira morte não os ferirá, e a segunda morte não terá poder sobre eles.
A Igreja em Pérgamo. (AD95.)
“12 Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Estas coisas diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes:
13 Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o meu nome e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.
14 Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição.
15 Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas.
16 Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca.
17 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.”
Aqui também devemos considerar,
I. A inscrição desta mensagem.
1. A quem foi enviado: Ao anjo da igreja de Pérgamo. Se esta foi uma cidade levantada das ruínas da velha Tróia, uma Troy nouveau (como nossa Londres já foi chamada), ou alguma outra cidade com o mesmo nome, não é certo nem material; era um lugar onde Cristo havia chamado e constituído uma igreja evangélica, pela pregação do evangelho e a graça de seu Espírito tornando a palavra eficaz.
2. Quem foi que enviou esta mensagem a Pérgamo: o mesmo Jesus que aqui se descreve como aquele que tem uma espada afiada de dois gumes (cap. 1. 16), de cuja boca saía uma espada afiada de dois gumes. Alguns observaram que, nos vários títulos de Cristo que são prefixados nas várias epístolas, há algo adequado ao estado dessas igrejas; como em Éfeso, o que poderia ser mais apropriado para despertar e recuperar uma igreja sonolenta e decadente do que ouvir Cristo falando como alguém que segurava as estrelas em suas mãos e caminhava no meio dos castiçais de ouro? etc. A igreja de Pérgamo estava infestada de homens de mentes corruptas, que faziam o que podiam para corromper tanto a fé quanto os costumes da igreja; e Cristo, decidido a lutar contra eles pela espada de sua palavra, assume o título daquele que tem a espada afiada de dois gumes.
(1.) A palavra de Deus é uma espada; é uma arma ofensiva e defensiva, é, nas mãos de Deus, capaz de matar tanto o pecado quanto os pecadores.
(2.) É uma espada afiada. Nenhum coração é tão duro que não seja capaz de cortá-lo; pode dividir entre a alma e o espírito, isto é, entre a alma e aqueles hábitos pecaminosos que por costume se tornaram outra alma, ou parecem ser essenciais para ela.
(3.) É uma espada com dois gumes; ele gira e corta em todos os sentidos. Há o limite da lei contra os transgressores dessa dispensação, e o limite do evangelho contra os desprezadores dessa dispensação; há um fio para fazer uma ferida, e um fio para abrir uma ferida infeccionada a fim de curá-la. Não há como escapar do fio desta espada: se você se desviar para a mão direita, ela tem um fio daquele lado; se na mão esquerda, você cai sobre o fio da espada desse lado; ela gira em todos os sentidos.
II. Da inscrição passamos ao conteúdo da epístola, na qual o método é praticamente o mesmo observado nas demais. Aqui,
1. Cristo toma nota das provações e dificuldades que esta igreja encontrou: Conheço as tuas obras, e onde habitas, etc., v. 13. As obras dos servos de Deus são mais bem conhecidas quando as circunstâncias em que eles fizeram essas obras são devidamente consideradas. Agora, o que acrescentou muito brilho às boas obras desta igreja foi a circunstância do lugar onde esta igreja foi plantada, um lugar onde estava o assento de Satanás. Assim como nosso grande Senhor percebe todas as vantagens e oportunidades que temos para o dever nos lugares onde moramos, ele também percebe todas as tentações e desânimos que encontramos nos lugares onde moramos e faz concessões graciosas a eles. Esse povo morava onde ficava o assento de Satanás, onde ele mantinha sua corte. Seu circuito está em todo o mundo, seu assento está em alguns lugares que são famosos por maldade, erro e crueldade. Alguns pensam que o governador romano desta cidade era o inimigo mais violento dos cristãos; e o assento da perseguição é o assento de Satanás.
2. Ele elogia a firmeza deles: Tu reténs o meu nome e não negaste a minha fé. Essas duas expressões têm o mesmo sentido; o primeiro pode, no entanto, significar o efeito e o último a causa ou meio.
(1.) "Tu guardas meu nome; não te envergonhas de tua relação comigo, mas consideras tua honra que meu nome seja mencionado em ti, que, como a esposa leva o nome do marido, assim tu és chamado pelo meu nome; isto tu reténs, como tua honra e privilégio."
(2.) "Aquilo que te fez assim fiel é a graça da fé: tu não negaste as grandes doutrinas do evangelho, nem te apartaste da fé cristã, e por esse meio foste mantido fiel." Nossa fé terá uma grande influência sobre nossa fidelidade, e fidelidade a Deus e à consciência; mas raramente se sabe que aqueles que abandonam a verdadeira fé retêm sua fidelidade; geralmente naquela rocha na qual os homens naufragam em sua fé, também naufragam uma boa consciência. O bendito Senhor engrandece a fidelidade desta igreja pelas circunstâncias dos tempos, bem como do lugar onde eles viviam: eles permaneceram firmes mesmo naqueles dias em que Antipas, seu fiel mártir, foi morto entre eles. Quem era essa pessoa e se há algo misterioso em seu nome, não temos um relato certo. Ele foi um fiel discípulo de Cristo, sofreu o martírio por isso e selou sua fé e fidelidade com seu sangue no lugar onde Satanás habitava; e embora o restante dos crentes soubesse disso e o visse, eles não foram desencorajados nem afastados de sua firmeza: isso é mencionado como um acréscimo à sua honra.
3. Ele os reprova por suas falhas pecaminosas (v. 14): Mas algumas coisas tenho contra ti, porque tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, etc., e os que sustentam a doutrina dos nicolaítas, que eu odeio. Houve alguns que ensinaram que era lícito comer coisas sacrificadas a ídolos, e que a simples fornicação não era pecado; eles, por uma adoração impura, atraíram os homens para práticas impuras, como Balaão fez com os israelitas. Observe:
(1) A imundície do espírito e a imundície da carne geralmente andam juntas. Doutrinas corruptas e uma adoração corrupta geralmente levam a uma conduta corrupta.
(2.) É muito lícito fixar o nome dos líderes de qualquer heresia sobre aqueles que os seguem. É a maneira mais curta de dizer a quem nos referimos.
(3.) Continuar em comunhão com pessoas de princípios e práticas corruptas desagrada a Deus, atrai culpa e mancha sobre toda a sociedade: eles se tornam participantes dos pecados de outros homens. Embora a igreja, como tal, não tenha poder para punir as pessoas dos homens, seja por heresia ou imoralidade, com penalidades corporais, ainda assim ela tem poder para excluí-los de sua comunhão; e, se não o fizer, Cristo, o cabeça e legislador da igreja, ficará descontente com isso.
4. Ele os chama ao arrependimento: Arrependa-se, ou então virei a ti rapidamente, etc., v. 16. Observe aqui,
(1) O arrependimento é o dever dos santos, assim como dos pecadores; é um dever do evangelho.
(2.) É dever das igrejas e comunidades, bem como de pessoas particulares; aqueles que pecam juntos devem se arrepender juntos.
(3.) É dever das sociedades cristãs arrepender-se dos pecados de outros homens, na medida em que tenham sido cúmplices deles, embora apenas por conivência.
(4.) Quando Deus vem para punir os membros corruptos de uma igreja, ele repreende a própria igreja por permitir que continuem em sua comunhão, e algumas gotas da tempestade caem sobre toda a sociedade.
(5.) Nenhuma espada corta tão profundamente, nem inflige uma ferida tão mortal, como a espada da boca de Cristo. Que as ameaças da palavra sejam colocadas na consciência de um pecador, e ele logo será um terror para si mesmo; que essas ameaças sejam executadas, e o pecador é totalmente eliminado. A palavra de Deus se apoderará dos pecadores, mais cedo ou mais tarde, seja para sua convicção ou para sua confusão.
III. Temos a conclusão desta epístola, onde, após a demanda usual de atenção universal, há a promessa de grande favor aos que vencerem. Eles comerão do maná escondido e terão o novo nome e a pedra branca, que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe, v. 17.
1. O maná escondido, as influências e confortos do Espírito de Cristo em comunhão com ele, descendo do céu para a alma, de tempos em tempos, para sustentá-la, para deixá-la provar algo como santos e anjos vivem no céu. Isso está escondido do resto do mundo - um estranho não se intromete com esta alegria; e está depositado em Cristo, a arca da aliança, no santo dos santos.
2. A pedra branca, com um novo nome gravado nela. Esta pedra branca é a absolvição da culpa do pecado, aludindo ao antigo costume de dar uma pedra branca aos absolvidos em tribunal e uma pedra preta aos condenados. O novo nome é o nome da adoção: os adotados adotaram o nome da família na qual foram adotados. Ninguém pode ler a evidência da adoção de um homem, exceto ele mesmo; ele nem sempre pode lê-lo, mas se perseverar, terá a evidência da filiação e da herança.
A Igreja em Tiatira.
“18 Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao bronze polido:
19 Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras.
20 Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos.
21 Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição.
22 Eis que a prostro de cama, bem como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita.
23 Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras.
24 Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa doutrina e que não conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satanás: Outra carga não jogarei sobre vós;
25 tão-somente conservai o que tendes, até que eu venha.
26 Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações,
27 e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro;
28 assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã.
29 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”
A forma de cada epístola é praticamente a mesma; e nisso, como no resto, temos que considerar a inscrição, o conteúdo e a conclusão.
I. A inscrição, dizendo-nos,
1. A quem é dirigida: Ao anjo da igreja de Tiatira, uma cidade da Ásia proconsular, na fronteira com Mísia ao norte e Lídia ao sul, uma cidade comercial, de onde veio a mulher chamada Lídia, uma vendedora de púrpura, que, estando em Filipos na Macedônia, provavelmente sobre o negócio de sua vocação, ouviu Paulo pregar lá, e Deus abriu seu coração, para que ela atendesse às coisas que foram ditas e cresse; e foi batizada, e hospedou Paulo e Silas ali. Se foi por meio dela que o evangelho foi levado para sua própria cidade, Tiatira, não é certo; mas que estava lá e teve sucesso na formação de uma igreja evangélica, esta epístola nos assegura.
2. Por quem foi enviada: pelo Filho de Deus, que aqui é descrito como tendo olhos como chama de fogo e pés como latão reluzente. Seu título geral é aqui, o Filho de Deus, isto é, o Filho eterno e unigênito de Deus, o que denota que ele tem a mesma natureza do Pai, mas com uma maneira de subsistência distinta e subordinada. A descrição que temos dele aqui é em dois caracteres:
(1.) Que seus olhos são como uma chama de fogo, significando seu conhecimento penetrante e perfeito, uma visão completa de todas as pessoas e todas as coisas, aquele que busca os corações e tenta as rédeas dos filhos dos homens (v. 23), e fará com que todas as igrejas saibam que ele o faz.
(2.) Que seus pés são como bronze polido, que as saídas de sua providência são firmes, terríveis e todas puras e santas. Assim como ele julga com perfeita sabedoria, ele age com perfeita força e firmeza.
II. O conteúdo ou assunto desta epístola, que, como o resto, inclui,
1. O caráter honroso e elogios que Cristo dá a esta igreja, ministério e povo; e isso dado por alguém que não era estranho para eles, mas bem familiarizado com eles e com os princípios pelos quais eles agiam. Agora, nesta igreja, Cristo faz menção honrosa:
(1) De sua caridade, seja mais geral, uma disposição de fazer o bem a todos os homens, ou mais especial, à família da fé: não há religião onde não há caridade.
(2.) Seu serviço, seu ministério; isso diz respeito principalmente aos oficiais da igreja, que trabalharam na palavra e na doutrina.
(3.) Sua fé, que foi a graça que acionou todo o resto, tanto sua caridade quanto seu serviço.
(4.) Sua paciência; pois aqueles que são mais caridosos com os outros, mais diligentes em seus lugares e mais fiéis, ainda devem esperar encontrar aquilo que exercitará sua paciência.
(5.) Sua crescente fecundidade: suas últimas obras foram melhores que as primeiras. Este é um caráter excelente; quando outros deixaram seu primeiro amor e perderam seu primeiro zelo, eles estavam ficando mais sábios e melhores. Deve ser a ambição e o desejo sincero de todos os cristãos que suas últimas obras sejam suas melhores obras, que sejam cada vez melhores a cada dia, e finalmente melhores.
2. Uma repreensão fiel pelo que estava errado. Isso não é cobrado tão diretamente da própria igreja quanto de alguns sedutores perversos que estavam entre eles; a culpa da igreja era que ela era conivente demais com eles.
(1.) Esses sedutores perversos foram comparados a Jezabel e chamados pelo nome dela. Jezabel era uma perseguidora dos profetas do Senhor e uma grande padroeira dos idólatras e dos falsos profetas. O pecado desses sedutores foi tentar atrair os servos de Deus para a fornicação e oferecer sacrifícios aos ídolos; eles se autodenominavam profetas e, portanto, reivindicavam uma autoridade superior e consideração pelos ministros da igreja. Duas coisas agravaram o pecado desses sedutores, que, sendo um em seu espírito e desígnio, são mencionados como uma pessoa:
[1] Eles fizeram uso do nome de Deus para se opor à verdade de sua doutrina e adoração; isso agravou muito o pecado deles.
[2] Eles abusaram da paciência de Deus para se endurecer em sua maldade. Deus lhes deu espaço para arrependimento, mas eles não se arrependeram. Observe,
Primeiro, o arrependimento é necessário para evitar a ruína de um pecador.
Em segundo lugar, o arrependimento requer tempo, um curso de tempo e tempo conveniente; é um grande trabalho, e um trabalho de tempo.
Em terceiro lugar, onde Deus dá espaço para arrependimento, ele espera frutos dignos de arrependimento.
Em quarto lugar, onde o espaço para o arrependimento é perdido, o pecador perece com uma dupla destruição.
(2.) Agora, por que a maldade desta Jezabel deveria ser imputada à igreja de Tiatira? Porque aquela igreja permitiu que ela seduzisse o povo daquela cidade. Mas como a igreja poderia ajudá-lo? Eles não tinham, como igreja, poder civil para bani-la ou aprisioná-la; mas eles tinham poder ministerial para censurá-la e excomungá-la: e é provável que negligenciar o uso do poder que eles tinham os tornasse participantes de seu pecado.
3. A punição deste sedutor, esta Jezabel, v. 22, 23, na qual está expressa uma predição da queda da Babilônia.
(1.) Vou jogá-la em uma cama, em uma cama de dor, não de prazer, em uma cama de chamas; e aqueles que pecaram com ela sofrerão com ela; mas isso ainda pode ser evitado por seu arrependimento.
(2.) Matarei seus filhos com a morte; isto é, a segunda morte, que faz o trabalho com eficácia e não deixa esperança de vida futura, nem ressurreição para aqueles que são mortos pela segunda morte, mas apenas para vergonha e desprezo eterno.
4. O desígnio de Cristo na destruição desses sedutores perversos, e esta foi a instrução de outros, especialmente de suas igrejas: Todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda as rédeas e os corações; e darei a cada um de vós segundo as vossas obras. Deus é conhecido pelos julgamentos que executa; e, por essa vingança contra os sedutores, ele daria a conhecer,
(1.) Seu conhecimento infalível dos corações dos homens, de seus princípios, desígnios, estrutura e temperamento, sua formalidade, sua indiferença, suas inclinações secretas para simbolizar com idólatras.
(2.) Sua justiça imparcial, ao dar a cada um de acordo com sua obra, para que o nome dos cristãos não seja proteção, suas igrejas não sejam santuários para o pecado e os pecadores.
5. O encorajamento dado àqueles que se mantêm puros e imaculados: Mas a vós digo, e aos demais, etc., v. 24. Observe:
(1.) O que esses sedutores chamavam de suas doutrinas - profundidades, mistérios profundos, divertindo as pessoas e tentando persuadi-las de que tinham uma visão mais profunda da religião do que seus próprios ministros haviam alcançado.
(2.) O que Cristo os chamou - profundezas de Satanás, ilusões e artifícios satânicos, mistérios diabólicos; pois há também um mistério de iniquidade e o grande mistério da piedade. É perigoso desprezar o mistério de Deus, e é igualmente perigoso receber os mistérios de Satanás.
(3.) Quão terno Cristo é com seus servos fiéis: "Não colocarei sobre vocês nenhum outro fardo; mistérios, nem suas consciências com quaisquer novas leis. Eu só exijo sua atenção para o que você recebeu. Segure isso até que eu venha, e não desejo mais." Cristo vem para acabar com todas as tentações de seu povo; e, se eles mantiverem uma fé firme e uma boa consciência até que ele venha, toda a dificuldade e perigo terminarão.
III. Chegamos agora à conclusão desta mensagem, v. 26-29. Aqui temos,
1. A promessa de uma ampla recompensa para o crente perseverante e vitorioso, em duas partes:
(1.) Grande poder e domínio sobre o resto do mundo: poder sobre as nações, que pode se referir tanto à época em que o império deveria se tornar cristão e o mundo estar sob o governo do imperador cristão, como na época de Constantino; ou para o outro mundo, quando os crentes se assentarem com Cristo em seu trono de julgamento e se unirem a ele para julgar, condenar e entregar ao castigo os inimigos de Cristo e da igreja. Os retos terão domínio pela manhã.
(2.) Conhecimento e sabedoria, adequados a tal poder e domínio: Eu lhe darei a estrela da manhã. Cristo é a estrela da manhã. Ele traz consigo o dia para a alma, a luz da graça e da glória; e ele dará a seu povo aquela perfeição de luz e sabedoria que é necessária para o estado de dignidade e domínio que eles terão na manhã da ressurreição.
2. Esta epístola termina com a exigência usual de atenção: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Nas epístolas anteriores, essa exigência de atenção vem antes da promessa final; mas nisto e em tudo o que se segue, vem depois e nos diz que todos devemos atender às promessas, bem como aos preceitos que Cristo entrega às igrejas.
Apocalipse 3
Aqui temos mais três das epístolas de Cristo às igrejas:
I. A Sardes, v. 1-6.
II. Para Filadélfia, ver 7-13.
III. Para Laodiceia, ver 14, até o fim.
A Igreja em Sardes.
“1 Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.
2 Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus.
3 Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti.
4 Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas.
5 O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.
6 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”
Aqui está,
I. O prefácio, mostrando,
1. A quem esta carta é dirigida: Ao anjo da igreja de Sardes, uma antiga cidade da Lídia, nas margens da montanha Tmolus, disse ter sido a principal cidade de Ásia Menor, e a primeira cidade naquela parte do mundo que foi convertida pela pregação de João; e, dizem alguns, o primeiro que se revoltou contra o cristianismo, e um dos primeiros que foi colocado em suas ruínas, nas quais ainda se encontra, sem nenhuma igreja ou ministério.
2. Por quem esta mensagem foi enviada - o Senhor Jesus, que aqui assume o caráter daquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas, tiradas do cap. 14, onde se diz que os sete espíritos estão diante do trono.
(1.) Ele tem os sete espíritos, isto é, o Espírito Santo com seus vários poderes, graças e operações; pois ele é pessoalmente um, embora eficazmente variado, e pode-se dizer aqui que é sete, que é o número das igrejas e dos anjos das igrejas, para mostrar que para todo ministro e para toda igreja existe uma dispensação e medida do Espírito dada para eles lucrar com isso - um estoque de influência espiritual para aquele ministro e igreja melhorar, tanto para expansão quanto para continuação, cuja medida do Espírito não é normalmente retirada deles, até que eles a percam por mau aproveitamento. As igrejas têm seu estoque e fundo espiritual, bem como crentes particulares; e, sendo esta epístola enviada a um ministério e igreja enfraquecidos, eles são devidamente lembrados de que Cristo tem os sete espíritos, o Espírito sem medida e em perfeição, a quem eles podem se aplicar para o reavivamento de sua obra entre eles.
(2.) Ele tem as sete estrelas, os anjos das igrejas; eles são descartados por ele e prestam contas a ele, o que deve torná-los fiéis e zelosos. Ele tem ministros para empregar e influências espirituais para comunicar a seus ministros para o bem de sua igreja. O Espírito Santo geralmente opera pelo ministério, e o ministério não terá eficácia sem o Espírito; a mesma mão divina segura os dois e influências espirituais para comunicar a seus ministros para o bem de sua igreja. O Espírito Santo geralmente opera pelo ministério, e o ministério não terá eficácia sem o Espírito; a mesma mão divina segura os dois e influências espirituais para comunicar a seus ministros para o bem de sua igreja. O Espírito Santo geralmente opera pelo ministério, e o ministério não terá eficácia sem o Espírito; a mesma mão divina segura os dois.
II. O corpo desta epístola. Há isso observável nela, enquanto nas outras epístolas Cristo começa recomendando o que é bom nas igrejas, e então passa a dizer-lhes o que está errado, nesta (e na epístola a Laodiceia) ele começa,
1. Com uma repreensão, e muito severa: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto. Hipocrisia e uma lamentável decadência na religião são os pecados imputados a esta igreja por alguém que a conhecia bem e a todas as suas obras.
(1.) Esta igreja ganhou uma grande reputação; tinha um nome, e muito honroso, para uma igreja florescente, um nome para uma religião viva e vital, para pureza de doutrina, unidade entre si, uniformidade na adoração, decência e ordem. Não lemos sobre nenhuma divisão infeliz entre eles. Tudo parecia bem, quanto ao que cai sob a observação dos homens.
(2.) Esta igreja não era realmente o que tinha a reputação de ser. Eles tinham nome para viver, mas estavam mortos; havia uma forma de piedade, mas não o poder, um nome para viver, mas não um princípio de vida. Se não havia uma total privação de vida, havia uma grande morte em suas almas e em seus serviços, uma grande morte nos espíritos de seus ministros e uma grande morte em seus ministérios, em suas orações, em suas pregações, em suas condutas, e uma grande indiferença nas pessoas em ouvir, em oração e em conversa; o pouco de vida que ainda restava entre eles estava, de certa forma, expirando, pronto para morrer.
2. Nosso Senhor passa a dar a esta igreja degenerada o melhor conselho: Seja vigilante e fortaleça as coisas, etc., v. 2.
(1.) Ele os aconselha a vigiar. A causa de sua morte e decadência pecaminosa foi que eles baixaram a vigilância. Sempre que estamos fora de nossa vigilância, perdemos terreno e, portanto, devemos retornar à nossa vigilância contra o pecado, Satanás e tudo o que é destrutivo para a vida e o poder da piedade.
(2.) Para fortalecer as coisas que permanecem e que estão prestes a morrer. Alguns entendem isso das pessoas; havia alguns poucos que haviam mantido sua integridade, mas corriam o risco de declinar com os demais. É uma coisa difícil manter a vida e o poder da piedade nós mesmos, quando vemos uma morte e declínio universal prevalecendo ao nosso redor. Ou pode ser entendido de práticas, como segue: Não achei tuas obras perfeitas diante de Deus, não preenchidas; há algo faltando neles; existe a concha, mas não a carne; existe a carcaça, mas não a alma - a sombra, mas não a substância. A coisa interior está faltando, tuas obras são ocas e vazias; as orações não são preenchidas com desejos santos, as esmolas não são preenchidas com verdadeira caridade, os sábados não são preenchidos com devoção adequada da alma a Deus; não há afeições interiores adequadas a atos e expressões exteriores. Agora, quando o espírito está faltando, a forma não pode subsistir por muito tempo.
(3.) Para se recompor e lembrar como eles receberam e ouviram (v.3); não apenas para lembrar o que eles receberam e ouviram, que mensagens eles receberam de Deus, que sinais de sua misericórdia e favor para com eles, que sermões eles ouviram, mas como eles receberam e ouviram, que impressões as misericórdias de Deus fizeram em suas almas no início, que afetos eles sentiram trabalhando sob sua palavra e ordenanças, o amor de suas bodas, a bondade de sua juventude, como o evangelho e a graça de Deus foram bem-vindos para eles quando os receberam pela primeira vez. Onde está a bem-aventurança de que eles falavam?
(4.) Reter o que receberam, para que não percam tudo, e se arrepender sinceramente por terem perdido tanto da vida da religião e correr o risco de perder tudo.
3. Cristo reforça seu conselho com uma terrível ameaça caso seja desprezado: Virei a ti como um ladrão, e não saberás a hora, v. 3. Observe:
(1.) Quando Cristo deixa um povo quanto à sua presença graciosa, ele vem a eles em julgamento; e sua presença judicial será muito terrível para aqueles que pecaram por causa de sua graciosa presença.
(2.) Sua abordagem judicial a um povo morto em declínio será surpreendente; sua morte os manterá em segurança e, ao obter uma visita irada de Cristo a eles, impedirá que eles o discirnam e se preparem para isso.
(3.) Tal visita de Cristo será para sua perda; ele virá como um ladrão, para privá-los de seus prazeres e misericórdias restantes, não por fraude, mas em justiça e retidão, levando o confisco que eles fizeram de tudo para ele.
4. Nosso bendito Senhor não deixa este povo pecador sem algum conforto e encorajamento: No meio do julgamento ele se lembra da misericórdia (v. 4), e aqui:
(1.) Ele faz menção honrosa do remanescente fiel em Sardes, embora apenas pequeno: Tens alguns nomes em Sardes que não contaminaram suas vestes; eles não haviam cedido às corrupções e poluição predominantes do dia e do lugar em que viviam. Deus observa o menor número daqueles que permanecem com ele; e quanto menos eles são, mais preciosos aos seus olhos.
(2.) Ele faz uma promessa muito graciosa a eles: Eles andarão comigo de branco, pois são dignos - na estola, as vestes brancas da justificação, adoção e conforto, ou nas vestes brancas da honra e glória no outro mundo. Eles caminharão com Cristo nas agradáveis caminhadas do paraíso celestial; e que conversa deliciosa haverá entre Cristo e eles quando assim caminharem juntos! Esta é uma honra própria e adequada à sua integridade, para a qual sua fidelidade os preparou e que não é impróprio para Cristo conferir a eles, embora não seja uma dignidade legal, mas evangélica que lhes é atribuída, não mérito. mas encontro. Aqueles que andam com Cristo nas vestes limpas da verdadeira santidade prática aqui, e se mantêm imaculados do mundo, andarão com Cristo nas vestes brancas de honra e glória no outro mundo: esta é uma recompensa adequada.
III. Chegamos agora à conclusão desta epístola, na qual, como antes, temos,
1. Uma grande recompensa prometida ao cristão vitorioso (v. 5), e é muito parecida com o que já foi mencionado: O que vencer será vestido de vestes brancas. A pureza da graça será recompensada com a perfeita pureza da glória. A santidade, quando aperfeiçoada, será sua própria recompensa; glória é a perfeição da graça, diferindo não em espécie, mas em grau. Agora, a isso se acrescenta outra promessa muito adequada ao caso: não riscarei seu nome do livro da vida, mas confessarei seu nome diante de meu Pai e diante de seus anjos. Observe,
(1.) Cristo tem seu livro da vida, um registro e lista de todos os que herdarão a vida eterna.
[1] O livro da eleição eterna.
[2] O livro de memórias de todos aqueles que viveram para Deus e mantiveram a vida e o poder da piedade em tempos maus.
(2.) Cristo não apagará os nomes de seus escolhidos e fiéis deste livro da vida; homens podem ser inscritos nos registros da igreja, como batizados, como fazendo uma profissão, como tendo um nome para viver, e esse nome pode vir a ser apagado do rol, quando aparece que era apenas um nome, um nome para viver, sem vida espiritual; muitas vezes perdem o próprio nome antes de morrer, são deixados por Deus para apagar seus próprios nomes por sua maldade grosseira e aberta. Mas os nomes daqueles que vencerem nunca serão apagados.
(3.) Cristo produzirá este livro da vida, e confessará os nomes dos fiéis que estão ali, diante de Deus e de todos os anjos; ele fará isso como seu juiz, quando os livros forem abertos; ele fará isso como seu capitão e cabeça, levando-os com ele triunfalmente ao céu, apresentando-os ao Pai: Eis-me aqui e os filhos que me deste. Quão grande será esta honra e recompensa!
2. A exigência de atenção universal encerra a mensagem. Cada palavra de Deus merece atenção dos homens; aquilo que pode parecer mais particularmente direcionado a um corpo de homens tem algo instrutivo para todos.
A Igreja em Filadélfia.
“7 Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá:
8 Conheço as tuas obras – eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar – que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome.
9 Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei.
10 Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra.
11 Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.
12 Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome.
13 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”
Chegamos agora à sexta carta, enviada a uma das igrejas asiáticas, onde observamos,
I. A inscrição, mostrando,
1. Para quem foi mais imediatamente designado: O anjo da igreja de Filadélfia; esta também era uma cidade na Ásia Menor, situada nas fronteiras da Mísia e da Lídia, e tinha o nome daquele amor fraterno pelo qual era eminente. Dificilmente podemos supor que esse nome foi dado a ele depois que recebeu a religião cristã, e que foi assim chamado daquela afeição cristã que todos os crentes têm e deveriam ter um pelo outro, como filhos de um Pai e irmãos de Cristo; mas sim que era seu nome antigo, por causa do amor e da bondade que os cidadãos tinham e mostravam uns aos outros como uma fraternidade civil. Este era um espírito excelente e, quando santificado pela graça do evangelho, os tornaria uma igreja excelente, como de fato eram, pois aqui não há falha encontrada nesta igreja e, no entanto, sem dúvida, havia falhas nela de fraqueza comum; mas o amor cobre tais falhas.
2. Por quem esta carta foi assinada; mesmo pelo mesmo Jesus que é o único cabeça universal de todas as igrejas; e aqui observe por qual título ele escolhe para se apresentar a esta igreja: Aquele que é santo, aquele que é verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, etc. Você tem seu caráter pessoal: Aquele que é santo e aquele que é verdadeiro, santo em sua natureza e, portanto, ele não pode deixar de ser fiel à sua palavra, pois ele falou em sua santidade; e você também tem seu caráter político: ele tem a chave de Davi, ele abre, e ninguém fecha; ele tem a chave da casa de Davi,a chave do governo e autoridade dentro e sobre a igreja. Observe,
(1.) Os atos de seu governo.
[1] Ele abre. Ele abre uma porta de oportunidade para suas igrejas; ele abre uma porta de expressão para seus ministros; abre uma porta de entrada, abre o coração; ele abre uma porta de admissão na igreja visível, estabelecendo os termos da comunhão; e ele abre a porta de admissão na igreja triunfante, de acordo com os termos de salvação fixados por ele.
[2.] Ele fecha a porta. Quando lhe apraz, ele fecha a porta da oportunidade e a porta da expressão, e deixa os pecadores obstinados fechados na dureza de seus corações; ele fecha a porta da comunhão da igreja contra incrédulos e pessoas profanas; e ele fecha a porta do céu contra as virgens tolas que dormiram em seu dia de graça e contra os que praticam a iniquidade, quão vaidosos e confiantes eles podem ser.
(2.) A maneira e a maneira como ele executa esses atos, e isso é soberania absoluta, independente da vontade dos homens e irresistível pelo poder dos homens: Ele abre, e ninguém fecha; ele fecha, e ninguém abre; ele trabalha para querer e fazer, e, quando ele trabalha, ninguém pode impedir. Esses eram caracteres apropriados para ele, ao falar a uma igreja que se esforçava para se conformar a Cristo em santidade e verdade, e que desfrutava de uma ampla porta de liberdade e oportunidade sob seus cuidados e governo.
II. O assunto desta epístola, onde,
1. Cristo os lembra do que havia feito por eles: Diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém pode fechá-la, v. 8. Eu abri e mantive aberto, embora haja muitos adversários. Aprenda aqui:
(1.) Cristo deve ser reconhecido como o autor de toda a liberdade e oportunidade que suas igrejas desfrutam.
(2.) Ele observa e registra quanto tempo preservou suas liberdades e privilégios espirituais para eles.
(3.) Os homens maus invejam o povo de Deus por sua porta da liberdade e ficariam felizes em fechá-la contra eles.
(4.) Se não provocarmos Cristo a fechar esta porta contra nós, os homens não poderão fazê-lo.
2. Esta igreja é elogiada: Tens pouca força, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome, v. 8. Nisso parece estar expressa uma gentil reprovação: " Tu tens um pouco de força, um pouco de graça, que, embora não seja proporcional à ampla porta de oportunidade que te abri, ainda assim é verdadeira graça, e guardou-te fiel." A verdadeira graça, embora fraca, tem a aprovação divina; mas, embora Cristo aceite um pouco de força, os crentes não devem ficar satisfeitos com pouco, mas devem se esforçar para crescer na graça, para serem fortes na fé, dando glória a Deus. A verdadeira graça, embora fraca, fará mais do que os maiores dons ou os mais altos graus da graça comum, pois capacitará o cristão a guardar a palavra de Cristo e a não negar seu nome. A obediência, a fidelidade e a livre confissão do nome de Cristo são frutos da verdadeira graça e agradam a Cristo como tal.
3. Aqui está uma promessa do grande favor que Deus concederia a esta igreja, v. 9, 10. Este favor consiste em duas coisas:
(1.) Cristo tornaria os inimigos desta igreja sujeitos a ela.
[1] Esses inimigos são descritos como dizendo que eram judeus, mas mentiram ao dizer isso - fingiam ser o único e peculiar povo de Deus, mas eram realmente a sinagoga de Satanás. As assembleias que adoram a Deus em espírito e em verdade são o Israel de Deus; as assembleias que adoram falsos deuses ou o verdadeiro Deus de maneira falsa são as sinagogas de Satanás: embora possam professar ser o único povo de Deus, sua profissão é uma mentira.
[2] Sua sujeição à igreja é descrita: Eles adorarão a teus pés; não prestarão uma honra religiosa e divina à própria igreja, nem ao ministério dela, mas serão convencidos de que erraram, que esta igreja está certa e é amada por Cristo, e desejarão ser tomados em comunhão com ela e que eles possam adorar o mesmo Deus da mesma maneira. Como essa grande mudança será operada? Pelo poder de Deus sobre os corações de seus inimigos, e por descobertas marcantes de seu favor peculiar à sua igreja: Eles saberão que eu te amei.
Observe, em primeiro lugar, que a maior honra e felicidade que qualquer igreja pode desfrutar consiste no amor e favor peculiares de Cristo.
Em segundo lugar,Cristo pode revelar esse favor ao seu povo de tal maneira que seus próprios inimigos o verão e serão forçados a reconhecê-lo.
Em terceiro lugar, isso irá, pela graça de Cristo, abrandar o coração de seus inimigos e torná-los desejosos de serem admitidos em comunhão com eles.
(2.) Outro exemplo de favor que Cristo promete a esta igreja é a graça perseverante nos tempos mais difíceis (v. 10), e isso como recompensa de sua fidelidade passada. A quem tem será dado. Aqui observe,
[1] O evangelho de Cristo é a palavra de sua paciência. É o fruto da paciência de Deus para com um mundo pecaminoso; apresenta aos homens a paciência exemplar de Cristo em todos os seus sofrimentos pelos homens; chama os que a recebem ao exercício da paciência em conformidade com Cristo.
[2] Este evangelho deve ser cuidadosamente guardado por todos que o desfrutam; eles devem manter a fé, a prática e a adoração prescritas no evangelho.
[3] Depois de um dia de paciência, devemos esperar uma hora de tentação; um dia de paz e liberdade do evangelho é um dia de paciência de Deus, e raramente é tão bom quanto deveria ser e, portanto, é frequentemente seguido por uma hora de provação e tentação.
[4] Às vezes, o julgamento é mais geral e universal; vem sobre todo o mundo e, quando é tão geral, geralmente é o mais curto.
[5.] Aqueles que guardam o evangelho em tempo de paz serão guardados por Cristo em uma hora de tentação. Ao guardar o evangelho, eles são preparados para o julgamento; e a mesma graça divina que os tornou frutíferos em tempos de paz os tornará fiéis em tempos de perseguição.
4. Cristo chama a igreja para aquele dever que ele antes prometeu que a capacitaria a cumprir, ou seja, perseverar, manter firme o que ela tinha.
(1.) O dever em si: "Retenha o que você tem, aquela fé, aquela verdade, aquela força da graça, aquele zelo, aquele amor pelos irmãos; você possuiu este excelente tesouro, guarde-o firmemente."
(2.) Os motivos, tirados da rápida aparição de Cristo: "Eis que venho sem demora. Veja, eu estou apenas vindo para aliviá-los sob o julgamento, para recompensar sua fidelidade e para punir aqueles que se desviam; eles perderão aquela coroa à qual outrora pareciam ter direito, que esperavam e que se agradavam com os pensamentos. O cristão perseverante ganhará o prêmio dos professores apóstatas, que uma vez o defenderam."
III. A conclusão desta epístola, v. 12, 13. Aqui,
1. Seguindo sua maneira usual, nosso Salvador promete uma recompensa gloriosa ao crente vitorioso, em duas coisas:
(1.) Ele será um pilar monumental no templo de Deus; não um pilar para sustentar o templo (o céu não precisa de tais adereços), mas um monumento da livre e poderosa graça de Deus, um monumento que nunca será desfigurado nem removido, como foram muitos pilares imponentes erguidos em homenagem aos imperadores e generais romanos.
(2.) Neste pilar monumental haverá uma inscrição honrosa, como nesses casos é usual.
[1.] O nome de Deus, em cuja causa ele se envolveu, a quem serviu e por quem sofreu nesta guerra; e o nome da cidade de Deus, a igreja de Deus, a nova Jerusalém, que desceu do céu. Neste pilar serão registrados todos os serviços que o crente prestou à igreja de Deus, como ele afirmou seus direitos, ampliou suas fronteiras, manteve sua pureza e honra; este será um nome maior do que Asiaticus ou Africanus; um soldado sob Deus nas guerras da igreja. E então outra parte da inscrição é,
[2.] O novo nome de Cristo, o Mediador, o Redentor, o capitão de nossa salvação; por meio disso, aparecerá sob a bandeira de quem esse crente vencedor se alistou, sob cuja conduta ele agiu, por cujo exemplo ele foi encorajado e sob cuja influência ele combateu o bom combate e saiu vitorioso.
2. A epístola é encerrada com a exigência de atenção: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas, como Cristo ama e valoriza seu povo fiel, como ele elogia e como coroará sua fidelidade.
A Igreja em Laodiceia.
“14 Ao anjo da igreja em Laodiceia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!
16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;
17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.
21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.
22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”
Chegamos agora à última e pior de todas as sete igrejas asiáticas, o reverso da igreja de Filadélfia; pois, como não havia nada reprovado nesta, aqui não há nada recomendado na mesma, e ainda assim este era um dos sete castiçais de ouro, pois uma igreja corrupta ainda pode ser uma igreja. Aqui temos, como antes,
I. A inscrição, para quem e de quem.
1. A quem: Ao anjo da igreja de Laodiceia. Esta já foi uma cidade famosa perto do rio Lico, tinha uma muralha de grande extensão e três teatros de mármore e, como Roma, foi construída sobre sete colinas. Parece que o apóstolo Paulo foi muito instrumental em plantar o evangelho nesta cidade, da qual ele escreveu uma carta, como ele menciona na epístola aos Colossenses, o último capítulo, no qual ele envia saudações a eles, Laodiceia não estando acima vinte milhas distante de Colossos. Nesta cidade foi realizado um concílio no século IV; mas foi demolida há muito tempo e permanece em suas ruínas até hoje, um terrível monumento da ira do Cordeiro.
2. De quem esta mensagem foi enviada. Aqui nosso Senhor Jesus se apresenta o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus.
(1.) O Amém, aquele que é constante e imutável em todos os seus propósitos e promessas, que são todos sim e todos amém.
(2.) A testemunha fiel e verdadeira, cujo testemunho de Deus aos homens deve ser recebido e plenamente crido, e cujo testemunho dos homens a Deus será plenamente crido e considerado, e será uma testemunha rápida, mas verdadeira, contra todos os professantes indiferentes e mornos.
(3.) O começo da criação de Deus, seja da primeira criação, e assim ele é o começo, isto é, a primeira causa, o Criador e o Governador dela; ou da segunda criação, a igreja; e assim ele é a cabeça desse corpo, o primogênito dentre os mortos, como está no cap. 1. 5, de onde esses títulos foram tirados. Cristo, tendo se levantado por seu próprio poder divino, como cabeça de um novo mundo, levanta almas mortas para serem um templo vivo e uma igreja para si mesmo.
II. O assunto, em que observamos,
1. A pesada acusação feita contra esta igreja, ministros e povo, por alguém que os conhecia melhor do que eles mesmos: Tu não és nem frio nem quente, mas pior do que qualquer um; Quem dera fosses frio ou quente, v. 15. A tibieza ou indiferença na religião é o pior temperamento do mundo. Se a religião é uma coisa real, é a coisa mais excelente e, portanto, devemos ser sinceros nela; se não é uma coisa real, é a impostura mais vil, e devemos ser sinceros contra isso. Se a religião vale alguma coisa, vale tudo; uma indiferença aqui é indesculpável: por que você se detém entre duas opiniões? Se Deus é Deus, siga-o; se Baal (é Deus), siga-o. Aqui não há espaço para neutralidade. Um inimigo aberto terá um lugar mais justo do que um neutro pérfido; e há mais esperança para um pagão do que para o tal. Cristo espera que os homens se declarem seriamente a favor dele ou contra ele.
2. Um castigo severo ameaçou: eu te vomitarei da minha boca. Como a água morna revira o estômago e provoca vômito, os professantes mornos voltam o coração de Cristo contra eles. Ele está cansado deles e não pode suportá-los por muito tempo. Eles podem chamar sua indiferença de caridade, mansidão, moderação e grandeza de alma; é nauseante para Cristo, e faz com que aqueles que se permitem nela. Eles serão rejeitados e finalmente rejeitados; pois longe está do santo Jesus retornar ao que foi assim rejeitado.
3. Temos uma causa para essa indiferença e inconsistência na religião designada, que é a presunção ou autoilusão. Eles pensaram que já estavam muito bem e, portanto, eram muito indiferentes se melhoraram ou não: Porque tu dizes: Estou rico e abundando em bens, etc., v. 17. Observe aqui, que diferença havia entre os pensamentos que eles tinham de si mesmos e os pensamentos que Cristo tinha deles.
(1.) Os altos pensamentos que eles tinham de si mesmos: Tu dizes: Eu sou rico e enriquecido com bens, e não preciso de nada, rico, e cada vez mais rico, e aumentado a tal ponto que está acima de qualquer necessidade. Talvez eles estivessem bem providos em seus corpos, e isso os fazia negligenciar as necessidades de suas almas. Ou eles se consideravam bem equipados em suas almas: eles tinham aprendizado e o tomavam por religião; eles tinham dons e os tomavam por graça; eles tinham inteligência e a consideravam verdadeira sabedoria; eles tinham ordenanças e levaram consigo em vez do Deus das ordenanças. Quão cuidadosos devemos ser para não enganar nossas próprias almas! Sem dúvida, há muitos no inferno que uma vez pensaram estar no caminho para o céu. Roguemos diariamente a Deus que não sejamos deixados a lisonjear e enganar a nós mesmos nas preocupações de nossas almas.
(2.) Os pensamentos baixos que Cristo tinha deles; e ele não estava enganado. Ele sabia, infeliz, miserável, pobre, cego e nu. O estado deles era miserável em si mesmo, e aqueles que exigia piedade e compaixão dos outros: embora estivessem orgulhosos de si mesmos, eles tinham a pena de todos que conheciam seu caso. Pois,
[1] Eles eram pobres, realmente pobres, quando diziam e pensavam que eram ricos; eles não tinham provisões para suas almas viverem; suas almas estavam morrendo de fome no meio de sua abundância; eles estavam muito em dívida com a justiça de Deus e não tinham nada para pagar a menor parte da dívida.
[2] Eles eram cegos; eles não podiam ver seu estado, nem seu caminho, nem seu perigo; eles não podiam ver dentro de si mesmos; eles não podiam olhar diante deles; eles eram cegos e, no entanto, pensavam que viam; a própria luz que estava neles era escuridão, e quão grande deve ser essa escuridão! Eles não podiam ver Cristo, embora evidentemente apresentado e crucificado diante de seus olhos. Eles não podiam ver Deus pela fé, embora sempre presente neles. Eles não podiam ver a morte, embora ela estivesse bem diante deles. Eles não podiam olhar para a eternidade, embora permanecessem à beira dela continuamente.
[3] Eles estavam nus, sem roupas e sem casa e abrigo para suas almas. Eles estavam sem roupa, não tinham nem a roupa da justificação nem a da santificação. Sua nudez de culpa e poluição não tinha cobertura. Eles estão sempre expostos ao pecado e à vergonha. Suas justiças não passavam de trapos imundos; eles eram trapos, e não os cobririam, trapos imundos, e os contaminariam. E eles estavam nus, sem casa ou porto, pois estavam sem Deus, e ele tem sido a morada de seu povo em todas as épocas; somente nele a alma do homem pode encontrar descanso, segurança e todas as acomodações adequadas. As riquezas do corpo não enriquecerão a alma; a visão do corpo não iluminará a alma; a casa mais conveniente para o corpo não proporcionará descanso nem segurança à alma. A alma é uma coisa diferente do corpo e deve ter acomodação adequada à sua natureza, ou então, em meio à prosperidade corporal, ela será infeliz e miserável.
4. Temos um bom conselho dado por Cristo a este povo pecador, que é que abandonem a opinião vã e falsa que tinham de si mesmos e se esforcem para ser realmente o que parecem ser: aconselho-te que compres de mim, etc., v. 18. Observe:
(1) Nosso Senhor Jesus Cristo continua a dar bons conselhos àqueles que lançaram seus conselhos pelas costas.
(2.) A condição dos pecadores nunca se desespera, enquanto eles desfrutam dos graciosos apelos e conselhos de Cristo.
(3.) Nosso bendito Senhor, o conselheiro, sempre dá o melhor conselho e o que é mais adequado ao caso do pecador; como aqui,
[1] Essas pessoas eram pobres; Cristo os aconselha a comprar dele ouro provado no fogo, para que fiquem ricos. Ele os deixa saber onde podem ter verdadeiras riquezas e como podem obtê-las.
Primeiro, onde eles podem tê-los - dele mesmo; ele os envia não para os riachos de Pactolus, nem para as minas de Potosi, mas os convida para si mesmo, a pérola de valor.
Em segundo lugar, e como eles devem ter esse ouro verdadeiro dele? Eles devem comprá-lo. Isso parece não dizer tudo de novo. Como os pobres podem comprar ouro? Assim como eles podem comprar de Cristo vinho e leite, isto é, sem dinheiro e sem preço, Isa 55. 1. Algo de fato deve ser dividido, mas não é uma consideração valiosa, é apenas para abrir espaço para receber verdadeiras riquezas. "Separe-se do pecado e da autossuficiência, e venha a Cristo com um senso de sua pobreza e vazio, para que você possa ser preenchido com seu tesouro escondido."
[2] Essas pessoas estavam nuas; Cristo diz a eles onde eles podem ter roupas e como cobrir a vergonha de sua nudez. Isso eles devem receber de Cristo; e eles devem apenas tirar seus trapos imundos para que possam vestir as vestes brancas que ele comprou e providenciou para eles - sua própria justiça imputada para justificação e as vestes de santidade e santificação.
[3] Eles eram cegos; e ele os aconselha a comprar dele colírio, para que possam ver, desistir de sua própria sabedoria e razão, que são apenas cegueira nas coisas de Deus, e se resignar à sua palavra e Espírito, e seus olhos serão abertos para ver seu caminho e seu fim, seu dever e seu verdadeiro interesse; uma nova e gloriosa cena se abriria então para suas almas; um novo mundo equipado com os objetos mais belos e excelentes, e essa luz seria maravilhosa para aqueles que acabaram de ser libertados dos poderes das trevas. Este é o sábio e bom conselho que Cristo dá às almas descuidadas; e, se o seguirem, ele se julgará obrigado pela honra a torná-lo eficaz.
5. Aqui é acrescentado grande e gracioso encorajamento a este povo pecador para aceitar bem a admoestação e conselho que Cristo lhes deu, v. 19, 20. Ele lhes diz:
(1.) Foi dado a eles em verdadeiro e terno afeto: "A quem eu amo, eu repreendo e castigo. Você pode pensar que eu lhe dei palavras duras e severas repreensões; é tudo por amor às suas almas. Eu não teria assim abertamente repreendido e corrigido sua tibieza pecaminosa e vã confiança, se eu não fosse um amante de suas almas; se eu o odiasse, eu o teria deixado em paz, para continuar no pecado até que isso fosse sua ruína." Arrependam-se sinceramente e voltem-se para aquele que os fere; melhores são as carrancas e feridas de um amigo do que os sorrisos lisonjeiros de um inimigo.
(2.) Se eles concordassem com suas advertências, ele estava pronto para torná-los bons para suas almas: Eis que estou à porta e bato, etc., v. 20. Aqui observe,
[1] Cristo é graciosamente satisfeito por sua palavra e Espírito para vir à porta do coração dos pecadores; aproxima-se deles com misericórdia, pronto a fazer-lhes uma amável visita.
[2] Ele encontra esta porta fechada para ele; o coração do homem é por natureza fechado contra Cristo pela ignorância, incredulidade, preconceitos pecaminosos.
[3] Quando ele encontra o coração fechado, ele não se retira imediatamente, mas espera ser gracioso, até que sua cabeça esteja cheia de orvalho.
[4] Ele usa todos os meios apropriados para despertar os pecadores e fazer com que eles se abram para ele: ele chama por sua palavra, ele bate pelos impulsos de seu Espírito em suas consciências.
[5] Aqueles que se abrirem para ele desfrutarão de sua presença, para seu grande conforto e vantagem. Ele ceará com eles; ele aceitará o que há de bom neles; ele comerá seu fruto agradável; e ele trará a melhor parte do entretenimento com ele. Se o que ele encontra for apenas um banquete pobre, o que ele traz compensará a deficiência: ele dará novos suprimentos de graças e confortos e, assim, despertará novos atos de fé, amor e deleite; e em tudo isso Cristo e seu povo arrependido desfrutarão de agradável comunhão uns com os outros. Infelizmente! o que os pecadores obstinados e descuidados perdem ao se recusar a abrir a porta do coração para Cristo!
III. Agora chegamos à conclusão desta epístola; e aqui temos como antes,
1. A promessa feita ao crente vencedor. Está implícito aqui:
(1.) Que, embora esta igreja parecesse totalmente invadida e vencida pela indiferença e autoconfiança, ainda era possível que, pelas repreensões e conselhos de Cristo, eles pudessem ser inspirados com novo zelo e vigor, e podem sair vencedores em sua guerra espiritual.
(2.) Que, se o fizessem, todas as faltas anteriores seriam perdoadas e eles teriam uma grande recompensa. E qual é essa recompensa? Eles se assentarão comigo no meu trono, assim como eu venci e me assentei com meu Pai em seu trono, v. 21. Aqui está sugerido,
[1] Que o próprio Cristo enfrentou suas tentações e conflitos.
[2] Que ele venceu todos eles e foi mais do que um vencedor.
[3] Que, como recompensa de seu conflito e vitória, ele se sentou com Deus Pai em seu trono, possuindo aquela glória que ele teve com o Pai desde a eternidade, mas que ele teve muito prazer em esconder na terra, deixando-a como que nas mãos do Pai, como penhor de que cumpriria a obra de Salvador antes de reassumir aquela glória manifesta; e, tendo feito isso, então pignus reposcere - ele exige o penhor,aparecer em sua glória divina igual ao Pai.
[4] Que aqueles que são conformados a Cristo em suas provações e vitórias serão conformados a ele em sua glória; eles se sentarão com ele em seu trono, em seu trono de julgamento no fim do mundo, em seu trono de glória por toda a eternidade, brilhando em seus raios em virtude de sua união com ele e relação com ele, como o místico corpo do qual ele é a cabeça.
2. Tudo está encerrado com a demanda geral de atenção (v. 22), colocando todos a quem estas epístolas devem ter em mente que o que está contido nelas não é de interpretação particular, não se destina à instrução, repreensão e correção apenas dessas igrejas particulares, mas de todas as igrejas de Cristo em todas as épocas e partes do mundo: e como haverá uma semelhança em todas as igrejas sucessivas com estas, tanto em suas graças quanto em seus pecados, então eles podem esperar que Deus os trate como ele lidou com estes, que são padrões para todas as épocas que fiéis, e igrejas frutíferas podem esperar receber de Deus, e o que aqueles que são infiéis podem esperar sofrer de sua mão; sim, para que os tratos de Deus com suas igrejas possam fornecer instruções úteis ao resto do mundo, para colocá-los em consideração: Se o julgamento começa pela casa de Deus, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Cristo? 1 Pe 4. 17. Assim terminam as mensagens de Cristo às igrejas asiáticas, a parte epistolar deste livro.
Apocalipse 4
Neste capítulo, a cena profética se abre; e, como a parte epistolar foi aberta com uma visão de Cristo (cap. 1), também esta parte é introduzida com uma aparição gloriosa do grande Deus, cujo trono está no céu, cercado pelas hostes celestiais. Esta descoberta foi feita a João, e neste capítulo ele,
I. Registra a visão celestial que ele viu, vers. 1-7. E então,
II. As canções celestiais que ele ouviu, ver 8, até o fim.
A Visão do Céu. (95 DC.)
“1 Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas.
2 Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado;
3 e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda.
4 Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro.
5 Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.
6 Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás.
7 O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando.
8 E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.”
Temos aqui um relato de uma segunda visão com a qual o apóstolo João foi favorecido: Depois disso, isto é, não apenas "depois que tive a visão de Cristo andando no meio dos candelabros de ouro", mas "depois que tomei suas mensagens de sua boca, e as escrevi e as enviei para as várias igrejas, de acordo com seu comando, depois disso tive outra visão”. Aqueles que melhoram as descobertas que já tiveram de Deus estão preparados para mais e podem esperá-los. Observe,
I. A preparação feita para o apóstolo ter essa visão.
1. Uma porta foi aberta no céu. Portanto, aprendemos:
(1) tudo o que é feito na terra é primeiro planejado e estabelecido no céu; aí está o modelo de todas as obras de Deus; todas elas estão, portanto, diante de seus olhos, e ele permite que os habitantes do céu as vejam tanto quanto é adequado para eles.
(2.) Não podemos saber nada sobre eventos futuros, mas o que Deus tem prazer em descobrir para nós; eles estão dentro do véu, até que Deus abra a porta. Mas,
(3.) Na medida em que Deus revela seus desígnios para nós, podemos e devemos recebê-los, e não pretender ser sábio acima do que é revelado.
2. Para preparar João para a visão, uma trombeta soou e ele foi chamado ao céu, para ter uma visão das coisas que aconteceriam no futuro. Ele foi chamado ao terceiro céu.
(1.) Há um caminho aberto para o mais santo de todos, no qual os filhos de Deus podem entrar pela fé e santos afetos agora, em seus espíritos quando morrerem e em toda a sua pessoa no último dia.
(2.) Não devemos nos intrometer no segredo da presença de Deus, mas permanecer até que sejamos chamados a isso.
3. Para se preparar para esta visão, o apóstolo estava no Espírito. Ele estava em um arrebatamento, como antes (cap. 1. 10), se no corpo ou fora do corpo não podemos dizer; talvez ele mesmo não pudesse; no entanto, todas as ações e sensações corporais foram suspensas por um tempo, e seu espírito foi possuído pelo espírito de profecia e totalmente sob a influência divina. Quanto mais nos abstraímos de todas as coisas corpóreas, mais aptos estamos para a comunhão com Deus; o corpo é um véu, uma nuvem e obstrui a mente em suas transações com Deus. Devemos, por assim dizer, esquecê-lo quando formos diante do Senhor em dever e estar dispostos a abandoná-lo, para que possamos subir a ele no céu. Este foi o aparato para a visão. Agora observe,
II. A própria visão. Começa com as estranhas visões que o apóstolo viu, e eram como estas:
1. Ele viu um trono colocado no céu, o assento de honra, autoridade e julgamento. O céu é o trono de Deus; lá ele reside em glória, e dali ele dá leis à igreja e ao mundo inteiro, e todos os tronos terrestres estão sob a jurisdição deste trono que está estabelecido no céu.
2. Ele viu um glorioso no trono. Este trono não estava vazio; havia alguém que o preenchia, e esse era Deus, que aqui é descrito por aquelas coisas que são mais agradáveis e preciosas em nosso mundo: Seu semblante era como um jaspe e uma pedra de sardônio; ele não é descrito por quaisquer características humanas, a ponto de ser representado por uma imagem, mas apenas por seu brilho transcendente. Este jaspe é uma pedra transparente, que ainda oferece aos olhos uma variedade das cores mais vivas, significando as gloriosas perfeições de Deus; o sardônio é vermelho, significando a justiça de Deus, aquele atributo essencial do qual ele nunca se despoja em favor de ninguém, mas o exerce gloriosamente no governo do mundo, e especialmente da igreja, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Esse atributo é exibido tanto no perdão quanto na punição, tanto na salvação quanto na destruição dos pecadores.
3. Ele viu um arco-íris ao redor do trono, semelhante a uma esmeralda, v. 3. O arco-íris foi o selo e símbolo da aliança da providência que Deus fez com Noé e sua posteridade com ele, e é um emblema adequado daquela aliança da promessa que Deus fez com Cristo como o cabeça da igreja, e todos os do seu povo nele, cuja aliança é como as águas de Noé para Deus, uma aliança eterna, ordenada em todas as coisas e segura. Este arco-íris parecia a esmeralda; a cor mais predominante era um verde agradável, para mostrar a natureza revigorante da nova aliança.
4. Ele viu vinte e quatro assentos ao redor do trono, não vazios, mas cheios de vinte e quatro anciãos, representando, muito provavelmente, toda a igreja de Deus, tanto no Antigo como no Novo Testamento; não os ministros da igreja, mas sim os representantes do povo. Sentar-se denota sua honra, descanso e satisfação; o fato de estarem sentados ao redor do trono significa sua relação com Deus, sua proximidade com ele, a visão e o gozo que têm dele. Eles estão vestidos com vestes brancas, a justiça dos santos, tanto imputada quanto inerente; tinham na cabeça coroas de ouro, significando a honra e a autoridade que lhes foram dadas por Deus, e a glória que eles têm com ele. Tudo isso pode, em um sentido inferior, ser aplicado à igreja evangélica na terra, em suas assembleias de adoração; e, no sentido mais elevado, à igreja triunfante no céu.
5. Ele percebeu relâmpagos e vozes saindo do trono; isto é, as terríveis declarações que Deus faz à sua igreja de sua soberana vontade e prazer. Assim ele deu a lei no monte Sinai; e o evangelho não tem menos glória e autoridade que a lei, embora seja de natureza mais espiritual.
6. Ele viu sete lâmpadas de fogo queimando diante do trono, que são explicadas como sendo os sete Espíritos de Deus (v. 5), os vários dons, graças e operações do Espírito de Deus nas igrejas de Cristo; tudo isso é dispensado de acordo com a vontade e prazer daquele que está sentado no trono.
7. Ele viu diante do trono um mar de vidro, semelhante ao cristal. Como no templo havia um grande vaso de bronze cheio de água, no qual os sacerdotes deveriam se lavar quando iam ministrar perante o Senhor (e isso era chamado de mar), assim na igreja evangélica o mar ou pia para purificação é o sangue do Senhor Jesus Cristo, que purifica de todo pecado, até mesmo dos pecados do santuário. Nisso devem ser lavados todos aqueles que são admitidos na graciosa presença de Deus na terra ou em sua gloriosa presença no céu.
8. Ele viu quatro animais,criaturas vivas, entre o trono e o círculo dos anciãos (como parece mais provável), entre Deus e o povo; estes parecem significar os ministros do evangelho, não apenas por causa de sua situação mais próxima de Deus, e entre ele e os anciãos ou representantes do povo cristão, e porque são menos numerosos que o povo, mas como são descritos aqui,
(1.) Por seus muitos olhos, denotando sagacidade, vigilância e circunspecção.
(2.) Por sua coragem de leão, seu grande trabalho e diligência (em que se assemelham ao boi), sua prudência e discrição tornando-se homens, e suas sublimes afeições e especulações, pelas quais sobem com asas como águias em direção ao céu (v. 7), e essas asas cheias de olhos internos, para mostrar que em todas as suas meditações e ministrações eles devem agir com conhecimento e, especialmente, devem estar bem familiarizados consigo mesmos e com o estado de suas próprias almas, e ver sua própria preocupação no grande doutrinas e deveres da religião, cuidando de suas próprias almas, bem como das almas das pessoas.
(3.) Por seu emprego contínuo, isto é, louvando a Deus, e não cessando de fazê-lo noite e dia. Os anciãos sentam-se e são ministrados; estes permanecem e ministram: eles não descansam noite nem dia. Isso agora leva à outra parte da representação.
A Visão do Céu.
“8 E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.
9 Quando esses seres viventes derem glória, honra e ações de graças ao que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos,
10 os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando:
11 Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.”
Nós consideramos as visões que o apóstolo viu no céu: agora vamos observar as canções que ele ouviu, pois há no céu não apenas o que pode ser visto que agrada muito a um olho santificado, mas há o que é ouvido que deleitam grandemente um ouvido santificado. Isso é verdade com relação à igreja de Cristo aqui, que é um céu na terra, e será eminentemente assim na igreja aperfeiçoada no céu dos céus.
I. Ele ouviu o cântico dos quatro seres viventes, dos ministros da igreja, que se refere à visão do profeta Isaías, cap. 6. E aqui,
1. Eles adoram um Deus, e um só, o Senhor Deus Todo-Poderoso, imutável e eterno.
2. Eles adoram três santos neste único Deus, o Santo Pai, o Santo Filho e o Espírito Santo; e estes são um Ser infinitamente santo e eterno, que está sentado no trono e vive para todo o sempre. Nesta glória, o profeta viu a Cristo e falou dele.
II. Ele ouviu as adorações dos vinte e quatro anciãos, isto é, do povo cristão representado por eles; os ministros lideraram, e o povo seguiu, nos louvores a Deus, v. 10, 11. Aqui observe,
1. O objeto de sua adoração, o mesmo que os ministros adoravam: Aquele que estava sentado no trono, o eterno Deus vivo. A verdadeira igreja de Deus tem um e o mesmo objeto de adoração. Dois objetos diferentes de adoração, coordenados ou subordinados, confundiriam a adoração e dividiriam os adoradores. É ilegal juntar-se à adoração divina com aqueles que confundem ou multiplicam o objeto. Há apenas um Deus, e somente ele, como Deus, é adorado pela igreja na terra e no céu.
2. Os atos de adoração.
(1.) Eles se prostraram diante daquele que estava sentado no trono; eles descobriram a mais profunda humildade, reverência e temor piedoso.
(2.) Eles lançam suas coroas diante do trono; eles deram a Deus a glória da santidade com a qual ele havia coroado suas almas na terra e a honra e a felicidade com que ele os coroa no céu. Eles devem todas as suas graças e todas as suas glórias a ele, e reconhecem que sua coroa é infinitamente mais gloriosa que a deles, e que é sua glória glorificar a Deus.
3. As palavras de adoração: eles disseram: Tu és digno, ó Senhor, de receber glória, honra e poder, v. 11. Observe:
(1.) Eles não dizem: Nós te damos glória, honra e poder; pois o que qualquer criatura pode pretender dar a Deus? Mas eles dizem, tu és digno de receber a glória.
(2.) Nisso eles reconhecem tacitamente que Deus é exaltado muito acima de toda bênção e louvor. Ele era digno de receber glória, mas eles não eram dignos de louvor, nem capazes de fazê-lo de acordo com suas infinitas excelências.
4. Temos o fundamento e a razão de sua adoração, que é tríplice:
(1.) Ele é o Criador de todas as coisas, a primeira causa; e ninguém, exceto o Criador de todas as coisas, deve ser adorado; nenhuma coisa feita pode ser objeto de adoração religiosa.
(2.) Ele é o preservador de todas as coisas, e sua preservação é uma criação contínua; eles ainda são criados pelo poder sustentador de Deus. Todos os seres, exceto Deus, dependem da vontade e do poder de Deus, e nenhum ser dependente deve ser considerado objeto de adoração religiosa. É parte dos melhores seres dependentes serem adoradores, não serem adorados.
(3.) Ele é a causa final de todas as coisas: para o teu prazer eles são e foram criados. Foi sua vontade e prazer criar todas as coisas; ele não foi colocado sobre ele pela vontade de outro; não existe um criador subordinado, que age sob e pela vontade e poder de outro; e, se houvesse, ele não deveria ser adorado. Assim como Deus fez todas as coisas para seu prazer, ele as fez para seu prazer, para lidar com elas como lhe agrada e se glorificar por elas de uma forma ou de outra. Embora ele não se deleite na morte dos pecadores, mas sim em que eles se convertam e vivam, ele fez todas as coisas para si mesmo, Provérbios 16:4. Agora, se estes são fundamentos verdadeiros e suficientes para o culto religioso, como são próprios apenas de Deus, Cristo deve ser Deus, um com o Pai e o Espírito, e ser adorado como tal; pois encontramos a mesma causalidade atribuída a ele. Colossenses 1. 16, 17: Todas as coisas foram criadas por ele e para ele, e ele é antes de todas as coisas, e por ele todas as coisas existem.
Apocalipse 5
No capítulo anterior, a cena profética foi aberta, aos olhos e ouvidos do apóstolo, e ele teve uma visão de Deus, o Criador e governante do mundo, e o grande Rei da igreja. Ele viu Deus no trono de glória e governo, cercado por seus santos e recebendo suas adorações. Agora, os conselhos e decretos de Deus são apresentados ao apóstolo, como em um livro, que Deus segurava em sua mão direita; e este livro é representado,
I. Como selado na mão de Deus, vers. 1-9.
II. Conforme levado nas mãos de Cristo, o Redentor, para ser aberto, ver 6, até o fim.
O Livro Selado.
“1 Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos.
2 Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?
3 Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele;
4 e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele.
5 Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.”
Até então o apóstolo tinha visto apenas o grande Deus, o governador de todas as coisas, agora,
I. Ele é favorecido com a visão do modelo e métodos de seu governo, pois estão todos escritos em um livro que ele tem em mãos; e isso agora devemos considerar como fechado e selado na mão de Deus. Observe,
1. Os desígnios e métodos da Providência divina para a igreja e o mundo são declarados e fixados; eles são resolvidos e acordados, como o que está escrito em um livro. O grande desígnio foi estabelecido, cada parte ajustada, tudo determinado, e tudo foi decretado e registrado. O rascunho original e primeiro deste livro é o livro dos decretos de Deus, guardado em seu próprio gabinete, em sua mente eterna: mas há uma transcrição de tudo o que era necessário saber no livro das Escrituras em geral, especialmente na parte profética da Escritura, e nesta profecia em particular.
2. Deus segura este livro em sua mão direita, para declarar a autoridade do livro e sua prontidão e resolução para executar todo o seu conteúdo, todos os conselhos e propósitos nele registrados.
3. Este livro na mão de Deus está fechado e selado; não é conhecido por ninguém além dele mesmo, até que ele permita que seja aberto. Conhecidas por Deus, e somente por ele, são todas as suas obras, desde o princípio do mundo; mas é sua glória ocultar o assunto como bem entender. Os tempos e estações, e seus grandes eventos, ele manteve em suas próprias mãos e poder.
4. Está selado com sete selos. Isso nos diz com que segredo inescrutável os conselhos de Deus são colocados, quão impenetráveis pelos olhos e pelo intelecto da criatura; e também nos aponta para sete partes deste livro dos conselhos de Deus. Cada parte parece ter seu selo particular e, quando aberta, descobre seus eventos apropriados; essas sete partes não são abertas de uma só vez, mas sucessivamente, uma cena da Providência introduzindo outra e explicando-a, até que todo o mistério do conselho e conduta de Deus seja concluído no mundo.
II. Ele ouviu uma proclamação feita a respeito deste livro selado.
1. O pregoeiro era um anjo forte; não que haja alguns fracos entre os anjos no céu, embora haja muitos entre os anjos das igrejas. Este anjo parece sair, não apenas como um pregador, mas como um campeão, com um desafio para qualquer uma ou todas as criaturas para testar a força de sua sabedoria em abrir os conselhos de Deus; e, como um campeão, ele gritou em alta voz, para que toda criatura pudesse ouvir.
2. O clamor ou desafio proclamado foi: "Quem é digno de abrir o livro e desatar os seus selos? v. 2. Se houver alguma criatura que se julgue suficiente para explicar ou executar os conselhos de Deus, que se levante e faça a tentativa."
3. Ninguém no céu ou na terra poderia aceitar o desafio e empreender a tarefa: ninguém no céu, nenhum dos santos anjos gloriosos, embora diante do trono de Deus e dos ministros de sua providência; eles com toda a sua sabedoria não podem mergulhar nos decretos de Deus: nenhum na terra, nenhum homem, o mais sábio ou o melhor dos homens, nenhum dos mágicos e adivinhos, nenhum dos profetas de Deus, além do que ele lhes revela sua mente: nenhum sob a terra, nenhum dos anjos caídos, nenhum dos espíritos dos homens que partiram, embora devam retornar ao nosso mundo, pode abrir este livro. O próprio Satanás, com toda a sua sutileza, não pode fazer isso; as criaturas não podem abri-lo, nem olhar para ele; eles não podem lê-lo. Deus só pode fazer isso.
III. Ele sentiu uma grande preocupação em si mesmo sobre este assunto: o apóstolo chorou muito; foi uma grande decepção para ele. Pelo que ele havia visto naquele que estava sentado no trono, ele estava muito desejoso de ver e conhecer mais de sua mente e vontade: esse desejo, quando não satisfeito no momento, o encheu de tristeza e trouxe muitas lágrimas de seus olhos. Aqui observe:
1. Aqueles que viram a maior parte de Deus neste mundo estão mais desejosos de ver mais; e aqueles que viram sua glória desejam conhecer sua vontade.
2. Homens bons podem ser muito ansiosos e apressados para examinar os mistérios da conduta divina.
3. Tais desejos, não atendidos no momento, transformam-se em pesar e tristeza. A esperança adiada adoece o coração.
4. O apóstolo foi consolado e encorajado a esperar que este livro selado ainda fosse aberto. Aqui observe:
1. Quem foi que deu a dica a João: Um dos anciãos. Deus o havia revelado à sua igreja. Se os anjos não se recusam a aprender da igreja, os ministros não devem desdenhar de fazê-lo. Deus pode fazer com que seu povo instrua e informe seus professantes quando quiser.
2. Quem foi que faria a coisa - o Senhor Jesus Cristo, chamado o leão da tribo de Judá, de acordo com sua natureza humana, aludindo à profecia de Jacó (Gn 49. 10), e a raiz de Davi segundo a sua natureza divina, embora seja um ramo de Davi segundo a carne. Aquele que é uma pessoa intermediária, Deus e homem, e carrega o ofício de Mediador entre Deus e o homem, é apto e digno de abrir e executar todos os conselhos de Deus para os homens. E isso ele faz em seu estado e capacidade de mediador, como a raiz de Davi e a descendência de Judá, e como o Rei e cabeça do Israel de Deus; e ele o fará, para consolo e alegria de todo o seu povo.
O Livro Selado.
“6 Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra.
7 Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono;
8 e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos,
9 e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação
10 e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.
11 Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares,
12 proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.
13 Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.
14 E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram.”
Aqui,
I. O apóstolo contempla este livro levado nas mãos do Senhor Jesus Cristo, a fim de ser aberto por ele. Aqui Cristo é descrito,
1. Por seu lugar e posição: No meio do trono, e dos quatro animais, e dos anciãos. Ele estava no mesmo trono com o Pai; ele estava mais próximo dele do que os anciãos ou ministros das igrejas. Cristo, como homem e Mediador, está subordinado a Deus Pai, mas está mais próximo dele do que todas as criaturas; pois nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade. Os ministros estão entre Deus e o povo. Cristo permanece como o Mediador entre Deus e os ministros e as pessoas.
2. A forma em que ele apareceu. Antes ele é chamado de leão; aqui ele aparece como um cordeiro morto. Ele é um leão para conquistar Satanás, um cordeiro para satisfazer a justiça de Deus. Ele aparece com as marcas de seus sofrimentos sobre si, para mostrar que intercedeu no céu em virtude de sua satisfação. Ele aparece como um cordeiro, tendo sete chifres e sete olhos, poder perfeito para executar toda a vontade de Deus e sabedoria perfeita para entender tudo e fazê-lo da maneira mais eficaz; pois ele tem os sete Espíritos de Deus, ele recebeu o Espírito Santo sem medida, em toda a perfeição de luz, vida e poder, pelo qual ele é capaz de ensinar e governar todas as partes da terra.
3. Ele é descrito por seu ato e ação: Ele veio e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono (v. 7), não por violência, nem por fraude, mas ele prevaleceu para fazê-lo (como v. 5), ele prevaleceu por seu mérito e dignidade, ele o fez por autoridade e por indicação do Pai. Deus, de boa vontade e com justiça, colocou o livro de seus conselhos eternos nas mãos de Cristo, e Cristo prontamente e alegremente o tomou em suas mãos; pois ele se deleita em revelar e fazer a vontade de seu Pai.
II. O apóstolo observa a alegria universal e a ação de graças que encheram o céu e a terra nessa transação. Assim que Cristo recebeu este livro das mãos do Pai, recebeu os aplausos e adorações de anjos e homens, sim, de toda criatura. E, de fato, é motivo de alegria para todo o mundo ver que Deus não lida com os homens de uma forma de poder absoluto e justiça estrita, mas de uma forma de graça e misericórdia por meio do Redentor. Ele governa o mundo, não apenas como Criador e Legislador, mas como nosso Deus e Salvador. Todo o mundo tem motivos para se alegrar com isso. O cântico de louvor que foi oferecido ao Cordeiro nesta ocasião consiste em três partes, uma parte cantada pela igreja, outra pela igreja e os anjos, a terceira por toda criatura.
1. A igreja começa a doxologia, como estando mais imediatamente envolvida nela (v. 8), os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos, o povo cristão, sob seu ministro, lideram o coro. Aqui observe:
(1.) O objeto de sua adoração - o Cordeiro, o Senhor Jesus Cristo; é a vontade declarada de Deus que todos os homens honrem o Filho como honram o Pai; pois ele tem a mesma natureza.
(2.) A postura deles: eles se prostraram diante dele, não lhe deram um tipo inferior de adoração, mas a adoração mais profunda.
(3.) Os instrumentos usados em suas adorações - harpas e frascos; as harpas eram os instrumentos de louvor, os frascos estavam cheios de odores ou incenso, que significam as orações dos santos: oração e louvor devem sempre andar juntos.
(4.) A questão do cântico deles: era adequado ao novo estado da igreja, o estado do evangelho introduzido pelo Filho de Deus. Neste novo cântico,
[1] Eles reconhecem a infinita aptidão e dignidade do Senhor Jesus para esta grande obra de abertura e execução do conselho e propósitos de Deus (v. 9): Digno és de receber o livro e de abrir os seus selos, todos os meios suficientes para o trabalho e merecedores da honra.
[2] Eles mencionam os fundamentos e razões dessa dignidade; e embora eles não excluam a dignidade de sua pessoa como Deus, sem a qual ele não seria suficiente para isso, eles insistem principalmente no mérito de seus sofrimentos, que ele suportou por eles; estes mais sensivelmente atingiram suas almas com gratidão e alegria. Aqui, primeiro, eles mencionam seu sofrimento: "Tu foste morto, morto como um sacrifício, teu sangue foi derramado."
Em segundo lugar, os frutos de seus sofrimentos.
1. Redenção a Deus; Cristo redimiu seu povo da escravidão do pecado, da culpa e de Satanás, redimiu-o para Deus, libertou-o para servi-lo e desfrutá-lo.
2. Alta exaltação: Tu para o nosso Deus nos fizeste reis e sacerdotes, e reinaremos sobre a terra, v. 10. Todo escravo resgatado não é imediatamente preferido à honra; ele acha um grande favor ser restaurado à liberdade. Mas quando os eleitos de Deus foram feitos escravos pelo pecado e Satanás, em todas as nações do mundo, Cristo não apenas comprou sua liberdade para eles, mas a mais alta honra e preferência, fez deles reis e sacerdotes - reis, para governar seus próprios espíritos, e para vencer o mundo e o maligno; e ele os fez sacerdotes, deu-lhes acesso a si mesmo e liberdade para oferecer sacrifícios espirituais, e eles reinarão na terra; eles devem com ele julgar o mundo no grande dia.
2. A doxologia, assim iniciada pela igreja, é continuada pelos anjos; eles tomam a segunda parte, em conjunto com a igreja, v. 11. Diz-se que eles são inumeráveis e servidores do trono de Deus e guardiões da igreja; embora eles próprios não precisassem de um Salvador, eles se regozijam na redenção e salvação dos pecadores e concordam com a igreja em reconhecer os méritos infinitos do Senhor Jesus ao morrer pelos pecadores, que ele é digno de receber poder e riquezas., e sabedoria, e força, e honra, e glória, e bênção.
(1.) Ele é digno daquele ofício e daquela autoridade que requer o maior poder e sabedoria, o maior fundo, toda a excelência, para desempenhá-los corretamente; e,
(2.) Ele é digno de toda honra, glória e bênção, porque é suficiente para o ofício e fiel nele.
3. Esta doxologia, assim iniciada pela igreja e continuada pelos anjos, ressoa e ecoa por toda a criação, v. 13. O céu e a terra ressoam com os altos louvores do Redentor. Toda a criação se sai melhor para Cristo. Por ele todas as coisas subsistem; e todas as criaturas, se tivessem sentido e linguagem, adorariam aquele grande Redentor que liberta a criatura daquela escravidão sob a qual ela geme, através da corrupção dos homens e da justa maldição denunciada pelo grande Deus na queda; aquela parte que (por uma prosopopeia) é feita para toda a criação é uma canção de bênção, honra, glória e poder,
(1.) Para aquele que está sentado no trono,a Deus como Deus, ou a Deus Pai, como a primeira pessoa na Trindade e a primeira na economia da nossa salvação; e,
(2.) Para o Cordeiro, como a segunda pessoa na Divindade e o Mediador da nova aliança. Não que a adoração prestada ao Cordeiro seja de outra natureza, uma adoração inferior, pois a mesma honra e glória são nas mesmas palavras atribuídas ao Cordeiro e àquele que está sentado no trono, sendo a essência deles a mesma; mas, como suas partes na obra de nossa salvação são distintas, eles são distintamente adorados. Adoramos e glorificamos um e o mesmo Deus por nossa criação e por nossa redenção.
Vemos como a igreja que começou o hino celestial, encontrando o céu e a terra se unindo no concerto, encerra tudo com seu Amém e termina como começou, com uma prostração baixa diante do Deus eterno. Assim, vimos este livro selado passando com grande solenidade das mãos do Criador para as mãos do Redentor.
Apocalipse 6
O livro dos conselhos divinos estando assim alojado nas mãos de Cristo, ele não perde tempo, mas imediatamente inicia o trabalho de abrir os selos e publicar o conteúdo; mas isso é feito de maneira que ainda deixa as previsões muito obscuras e difíceis de serem compreendidas. Até agora, as águas do santuário foram como as da visão de Ezequiel, apenas até os tornozelos, ou até os joelhos, ou pelo menos até os lombos; mas aqui eles começam a ser um rio que não pode ser atravessado. As visões que João teve, as epístolas às igrejas, os cânticos de louvor, nos dois capítulos anteriores, tinham algumas coisas obscuras e difíceis de serem compreendidas; e, no entanto, eram mais leite para bebês do que carne para homens fortes; mas agora devemos nos lançar ao mar profundo, e nosso negócio não é tanto sondar, mas lançar nossa rede para tomar um gole. Vamos apenas sugerir o que parece mais óbvio. As profecias deste livro estão divididas em sete selos abertos, sete trombetas soando e sete taças derramadas. Supõe-se que a abertura dos sete selos revela aquelas providências que preocuparam a igreja nos três primeiros séculos, desde a ascensão de nosso Senhor e Salvador até o reinado de Constantino; isso foi representado em um livro enrolado e selado em vários lugares, para que, quando um selo fosse aberto, você pudesse ler até o fim e assim por diante, até que o todo fosse revelado. No entanto, não nos é dito aqui o que foi escrito no livro, mas o que João viu em figuras enigmáticas e hieroglíficas; e não cabe a nós fingir conhecer "os tempos e as estações que o Pai colocou em seu próprio poder". Neste capítulo seis dos sete selos são abertos, e as visões que os acompanham estão relacionadas; o primeiro selo em ver 1, 2, o segundo selo na vers. 3, 4, o terceiro selo na vers. 5, 6, o quarto selo na vers. 7, 8, o quinto selo na vers. 9-11, o sexto selo nos vers. 12, 13, etc.
A Abertura dos Selos. (95 DC.)
“1 Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos e ouvi um dos quatro seres viventes dizendo, como se fosse voz de trovão: Vem!
2 Vi, então, e eis um cavalo branco e o seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe dada uma coroa; e ele saiu vencendo e para vencer.”
Aqui,
1. Cristo, o Cordeiro, abre o primeiro selo; ele agora entra na grande obra de abrir e cumprir os propósitos de Deus para a igreja e o mundo.
2. Um dos ministros da igreja pede ao apóstolo, com voz de trovão, que se aproxime e observe o que então apareceu.
3. Temos a própria visão, v. 2.
(1.) O Senhor Jesus aparece montado em um cavalo branco. Os cavalos brancos geralmente são recusados na guerra, porque tornam o cavaleiro um alvo para o inimigo; mas nosso Senhor Redentor estava certo da vitória e de um triunfo glorioso, e ele cavalga no cavalo branco de um evangelho puro, mas desprezado, com grande rapidez através do mundo.
(2.) Ele tinha um arco na mão dele. As convicções impressas pela palavra de Deus são flechas afiadas, atingem a distância; e, embora os ministros da palavra puxem o arco em uma aventura, Deus pode e irá direcioná-lo para as juntas do arnês. Este arco, nas mãos de Cristo, permanece forte e, como o de Jônatas, nunca volta vazio.
(3.) Uma coroa foi dada a ele, importando que todos os que recebem o evangelho devem receber a Cristo como um rei e devem ser seus súditos leais e obedientes; ele será glorificado no sucesso do evangelho. Quando Cristo estava indo para a guerra, alguém pensaria que um capacete era mais apropriado do que uma coroa; mas uma coroa é dada a ele como penhor e emblema da vitória.
(4.) Ele saiu conquistando e para conquistar. Enquanto a igreja continuar militante, Cristo estará conquistando; quando ele conquistou seus inimigos em uma era, ele encontra novos em outra era; os homens continuam se opondo, e Cristo continua conquistando, e suas vitórias anteriores são promessas de vitórias futuras. Ele conquista seus inimigos em seu povo; seus pecados são seus inimigos e seus inimigos; quando Cristo entra com poder em suas almas, ele começa a conquistar esses inimigos, e continua conquistando, na obra progressiva de santificação, até que nos obtenha uma vitória completa. E ele conquista seus inimigos no mundo, homens ímpios, alguns trazendo-os a seus pés, outros fazendo deles escabelos. Observe, a partir deste selo aberto,
[1] O progresso bem-sucedido do evangelho de Cristo no mundo é uma visão gloriosa, digna de contemplação, a visão mais agradável e bem-vinda que um homem bom pode ver neste mundo.
[2] Quaisquer que sejam as convulsões e revoluções que ocorram nos estados e reinos do mundo, o reino de Cristo será estabelecido e ampliado, apesar de toda oposição.
[3] Uma manhã de oportunidade geralmente precede uma noite de calamidade; o evangelho é pregado antes que as pragas sejam derramadas.
[4] A obra de Cristo não é toda feita de uma vez. Estamos prontos para pensar que, quando o evangelho for divulgado, ele deve levar todo o mundo diante dele, mas muitas vezes encontra oposição e se move lentamente; no entanto, Cristo fará seu próprio trabalho com eficácia, em seu próprio tempo e maneira. Uma manhã de oportunidade geralmente precede uma noite de calamidade; o evangelho é pregado antes que as pragas sejam derramadas.
A Abertura dos Selos.
“3 Quando abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente dizendo: Vem!
4 E saiu outro cavalo, vermelho; e ao seu cavaleiro, foi-lhe dado tirar a paz da terra para que os homens se matassem uns aos outros; também lhe foi dada uma grande espada.
5 Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizendo: Vem! Então, vi, e eis um cavalo preto e o seu cavaleiro com uma balança na mão.
6 E ouvi uma como que voz no meio dos quatro seres viventes dizendo: Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário; e não danifiques o azeite e o vinho.
7 Quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente dizendo: Vem!
8 E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte; e o Inferno o estava seguindo, e foi-lhes dada autoridade sobre a quarta parte da terra para matar à espada, pela fome, com a mortandade e por meio das feras da terra.”
Os próximos três selos nos dão uma triste perspectiva de grandes e desoladores julgamentos com os quais Deus pune aqueles que recusam ou abusam do evangelho eterno. Embora alguns os entendam das perseguições que se abateram sobre a igreja de Cristo e outros sobre a destruição dos judeus, eles parecem mais geralmente representar os terríveis julgamentos de Deus, pelos quais ele vinga a disputa de sua aliança sobre aqueles que a menosprezam.
I. Ao abrir o segundo selo, para o qual João foi chamado, aparece outro cavalo, de cor diferente do anterior, um cavalo vermelho, v. 4. Isso significa o julgamento desolador da guerra; aquele que estava sentado neste cavalo vermelho tinha poder para tirar a paz da terra e que os habitantes da terra se matassem uns aos outros. Quem foi o que estava sentado no cavalo vermelho, se o próprio Cristo, como Senhor dos Exércitos, ou os instrumentos que ele levantou para conduzir a guerra, não está claro; mas isto é certo:
1. Aqueles que não se submeterem ao arco do evangelho devem esperar ser cortados em pedaços pela espada da justiça divina.
2. Que Jesus Cristo governa e comanda, não apenas no reino da graça, mas da providência. E,
3. Que a espada da guerra é um julgamento terrível; tira a paz da terra, uma das maiores bênçãos, e leva os homens a matarem-se uns aos outros. Os homens, que deveriam amar uns aos outros e ajudar uns aos outros, estão, em estado de guerra, empenhados em matar uns aos outros.
II. Ao abrir o terceiro selo, que João foi instruído a observar, outro cavalo aparece, diferente do anterior, um cavalo preto, significando fome, aquele terrível julgamento; e aquele que estava sentado no cavalo tinha uma balança na mão (v. 5), significando que os homens agora devem comer seu pão por peso, como foi ameaçado (Lv 26:26): Eles entregarão seu pão a você por peso. Aquilo que segue no v. 6, da voz que clamava: Uma medida de trigo por um denário, e três medidas de cevada por um denário, e não danifiques o azeite e o vinho, fez alguns expositores pensarem que esta não era uma visão de fome, mas de fartura; mas se considerarmos a quantidade de sua medida e o valor de seu centavo, no momento desta profecia, a objeção será removida; sua medida era de apenas um litro, e seu centavo era nossos sete centavos e meio centavo, e isso é uma grande quantia para dar por um litro de trigo. No entanto, parece que essa fome, como todas as outras, caiu mais severamente sobre os pobres; considerando que o óleo e o vinho, que eram guloseimas dos ricos, não foram danificados; mas se o pão, o sustento da vida, for partido, as iguarias não o substituirão. Observe aqui:
1. Quando um povo detesta seu alimento espiritual, Deus pode justamente privá-lo de seu pão diário.
2. Um julgamento raramente vem sozinho; o julgamento da guerra naturalmente atrai o da fome; e aqueles que não se humilham sob um julgamento devem esperar outro e ainda maior, pois quando Deus contender, ele prevalecerá. A fome de pão é um julgamento terrível; mas a fome da palavra é ainda maior, embora os pecadores descuidados não sejam sensíveis a ela.
III. Ao abrir o quarto selo, que João é ordenado a observar, aparece outro cavalo, de cor pálida. Aqui observe:
1. O nome do cavaleiro – Morte, o rei dos terrores; a pestilência, que é a morte em seu império, a morte reinando sobre um lugar ou nação, a morte a cavalo, marchando e fazendo novas conquistas a cada hora.
2. Os atendentes ou seguidores deste rei dos terrores - inferno, um estado de miséria eterna para todos aqueles que morrem em seus pecados; e, em tempos de destruição tão geral, multidões descem despreparadas para o vale da destruição. É um pensamento terrível, e suficiente para fazer o mundo inteiro tremer, que a danação eterna se segue imediatamente à morte de um pecador impenitente. Observe:
(1.) Existe uma conexão natural e judicial entre um julgamento e outro: a guerra é uma calamidade devastadora e atrai escassez e fome depois dela; e a fome, não permitindo aos homens o sustento adequado e forçando-os a tomar o que é prejudicial, muitas vezes atrai a pestilência atrás de si.
(2.) A aljava de Deus está cheia de flechas; ele nunca perde as maneiras e os meios de punir um povo perverso.
(3.) No livro dos conselhos de Deus, ele preparou julgamentos para os escarnecedores, bem como misericórdia para os pecadores que voltaram.
(4.) No livro das Escrituras, Deus publicou ameaças contra os ímpios, bem como promessas aos justos; e é nosso dever observar e acreditar tanto nas ameaças quanto nas promessas.
IV. Após a abertura desses selos de julgamentos que se aproximam, e o relato distinto deles, temos esta observação geral: que Deus lhes deu poder sobre a quarta parte da terra, para matar com a espada, com a fome e com a morte, e com os animais da terra, v. 8. Ele lhes deu poder, isto é, aqueles instrumentos de sua ira, ou aqueles próprios julgamentos; aquele que segura os ventos em suas mãos tem todas as calamidades públicas sob seu comando, e elas só podem ir quando ele as envia e não além do que ele permite. Aos três grandes julgamentos de guerra, fome e pestilência, são adicionados aqui os animais da terra, outro dos dolorosos julgamentos de Deus, mencionado em Ezequiel 14. 21, e mencionado aqui o último, porque, quando uma nação é despovoada pela espada, fome e pestilência, o pequeno remanescente que continua em um deserto e uivante encoraja os animais selvagens a fazerem cabeça contra eles, e eles se tornam presas fáceis. Outros, por bestas do campo, entendem homens brutos, cruéis, selvagens, que, tendo se despojado de toda a humanidade, se deleitam em ser instrumentos da destruição de outros.
A Abertura dos Selos.
“9 Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam.
10 Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?
11 Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.
12 Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue,
13 as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes,
14 e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar.
15 Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes
16 e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro,
17 porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?”
Na parte restante deste capítulo, temos a abertura do quinto e do sexto selos.
I. O quinto selo. Aqui não há menção de ninguém que chamou o apóstolo para fazer sua observação, provavelmente porque o decoro da visão deveria ser observado, e cada uma das quatro criaturas vivas havia cumprido seu dever de monitor antes, ou porque os eventos aqui abriu a disposição fora da vista, e além do tempo, dos atuais ministros da igreja; ou porque não contém uma nova profecia de nenhum evento futuro, mas abre uma fonte de apoio e consolo para aqueles que estiveram e ainda estão sob grande tribulação por causa de Cristo e do evangelho. Aqui observe,
1. A visão que este apóstolo viu na abertura do quinto selo; foi uma visão muito comovente (v. 9): vi debaixo do altar as almas daqueles que foram mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. Ele viu as almas dos mártires. Observe aqui:
(1.) Onde ele os viu - sob o altar; ao pé do altar do incenso, no lugar santíssimo; ele os viu no céu, aos pés de Cristo. Portanto, observe:
[1] Os perseguidores só podem matar o corpo e, depois disso, não há mais o que fazer; suas almas vivem.
[2] Deus providenciou um bom lugar no mundo melhor para aqueles que são fiéis até a morte e não têm mais um lugar na terra.
[3] Os santos mártires estão muito perto de Cristo no céu, eles têm o lugar mais alto lá.
[4] Não é a sua própria morte, mas o sacrifício de Cristo, que lhes dá uma recepção no céu e uma recompensa lá; não lavam as suas vestes no seu próprio sangue, mas no sangue do Cordeiro.
(2.) Qual foi a causa pela qual eles sofreram - a palavra de Deus e o testemunho que eles mantiveram, por acreditar na palavra de Deus e atestar ou confessar a verdade dela; esta profissão de fé eles mantiveram firmes sem vacilar, embora tenham morrido por isso. Uma causa nobre, a melhor pela qual qualquer homem pode dar a vida - fé na palavra de Deus e uma confissão dessa fé.
2. O choro que ele ouviu; foi um grito alto e continha uma humilde exposição sobre a longa demora em vingar a justiça contra seus inimigos: Até quando, ó Senhor, santo e verdadeiro, não julgarás e vingarás nosso sangue daqueles que habitam na terra? v. 10. Observe,
(1.) Mesmo os espíritos de homens justos aperfeiçoados retem um ressentimento adequado do mal que sofreram por seus inimigos cruéis; e embora eles morram em caridade, orando, como Cristo fez, para que Deus os perdoe, ainda assim eles desejam que, para a honra de Deus, de Cristo e do evangelho, e para o terror e convicção de outros, Deus tome uma justa vingança sobre o pecado da perseguição, mesmo quando ele perdoa e salva os perseguidores.
(2.) Eles entregam sua causa àquele a quem pertence a vingança, e a deixam em suas mãos; eles não querem se vingar, mas deixam tudo para Deus.
(3.) Haverá alegria no céu com a destruição dos inimigos implacáveis de Cristo e do cristianismo, bem como com a conversão de outros pecadores. Quando a Babilônia cair, será dito: Alegrai-vos sobre ela, ó céu, e vós, santos apóstolos e profetas, porque Deus vos vingou dela, cap. 18. 20.
3. Ele observou o gentil retorno que foi feito a esse clamor (v. 11), tanto o que foi dado a eles quanto o que foi dito a eles.
(1.) O que foi dado a eles - vestes brancas, as vestes da vitória e da honra; sua felicidade presente era uma recompensa abundante de seus sofrimentos passados.
(2.) O que foi dito a eles - que eles deveriam estar satisfeitos e tranquilos em si mesmos, pois não demoraria muito para que o número de seus companheiros sofredores fosse cumprido. Esta é uma linguagem mais adequada ao estado imperfeito dos santos neste mundo do que à perfeição de seu estado no céu; lá não há impaciência, nem inquietação, nem necessidade de admoestação; mas neste mundo há grande necessidade de paciência. Observe,
[1] Há um número de cristãos, conhecidos por Deus, que são designados como ovelhas para o matadouro, separados para serem testemunhas de Deus.
[2] À medida que a medida do pecado dos perseguidores está se enchendo, o mesmo acontece com o número dos servos martirizados perseguidos de Cristo.
[3] Quando esse número for cumprido, Deus terá uma vingança justa e gloriosa sobre seus perseguidores cruéis; ele recompensará a tribulação para aqueles que os incomodam, e para aqueles que são perturbados, descanso completo e ininterrupto.
II. Temos aqui o sexto selo aberto, v. 12. Alguns referem isso às grandes revoluções no império na época de Constantino, a queda do paganismo; outros, com grande probabilidade, para a destruição de Jerusalém, como emblema do julgamento geral e destruição dos ímpios, no fim do mundo; e, de fato, os terríveis personagens deste evento são tão parecidos com os sinais mencionados por nosso Salvador como um presságio da destruição de Jerusalém, que dificilmente deixam espaço para dúvidas, mas que a mesma coisa é significada em ambos os lugares, embora alguns achem que esse evento já passou. Veja Mateus 24. 29, 30. Aqui observe,
1. Os tremendos eventos que estavam se acelerando; e aqui estão várias ocorrências que contribuem para tornar aquele dia e dispensação muito terríveis:
(1.) Houve um grande terremoto. Isso pode ser entendido em um sentido político; os próprios fundamentos da igreja e do estado judaico seriam terrivelmente abalados, embora parecessem tão estáveis quanto a própria terra.
(2.) O sol tornou-se negro como pano de saco, naturalmente, por um eclipse total, ou politicamente, pela queda dos principais governantes e governadores da terra.
(3.) A lua deve se tornar como sangue; os oficiais inferiores, ou seus militares, deveriam estar chafurdando em seu próprio sangue.
(4.) As estrelas do céu cairão sobre a terra (v.13), e que como uma figueira lança seus figos prematuros, quando ela é abalada por um vento forte. As estrelas podem significar todos os homens notáveis e influentes entre eles, embora em esferas inferiores de atividade; deveria haver uma desolação geral.
(5.) O céu deve partir como um pergaminho quando é enrolado. Isso pode significar que seu estado eclesiástico deve perecer e ser deixado de lado para sempre.
(6.) Toda montanha e ilha serão removidas de seu lugar. A destruição da nação judaica deveria afetar e assustar todas as nações ao redor, aquelas que eram mais honradas e aquelas que pareciam estar mais bem protegidas; seria um julgamento que deveria surpreender todo o mundo. Isto leva a,
2. O pavor e o terror que se apoderariam de todos os tipos de homens naquele grande e terrível dia, v. 15. Nenhuma autoridade, nem grandeza, nem riqueza, nem valor, nem força seriam capazes de sustentar os homens naquele tempo; sim, os escravos muito pobres, que, alguém poderia pensar, não tinham nada a temer, porque não tinham nada a perder, ficariam maravilhados naquele dia. Aqui observe,
(1.) O grau de seu terror e espanto: deve prevalecer a ponto de fazê-los, como homens desesperados e distraídos, chamar as montanhas para caírem sobre eles e as colinas para cobri-los; eles ficariam felizes em não serem mais vistos; sim, não ter mais nenhum ser.
(2.) A causa de seu terror, ou seja, o semblante irado daquele que está sentado no trono e a ira do Cordeiro. Observe,
[1] Aquilo que é motivo de desagrado para Cristo é assim para Deus; eles são tão inteiramente um que o que agrada ou desagrada a um agrada ou desagrada ao outro.
[2] Embora Deus seja invisível, ele pode tornar os habitantes deste mundo sensíveis a suas terríveis carrancas.
[3] Embora Cristo seja um cordeiro, ele pode ficar irado, até a ira, e a ira do Cordeiro é extremamente terrível; pois se o Redentor, que apazigua a ira de Deus, for ele mesmo nosso inimigo irado, onde teremos um amigo para interceder por nós? Aqueles perecem sem remédio que perecem pela ira do Redentor.
[4] Assim como os homens têm seu dia de oportunidade e seus períodos de graça, Deus também tem seu dia de justa ira; e, quando esse dia chegar, os pecadores mais corajosos não serão capazes de resistir diante dele: todos esses terrores realmente caíram sobre os pecadores na Judeia e em Jerusalém no dia de sua destruição, e todos eles, no máximo grau, cairá sobre pecadores impenitentes, no julgamento geral do último dia.
Apocalipse 7
As coisas contidas neste capítulo vieram depois da abertura dos seis selos, que predisseram grandes calamidades no mundo; e antes do som das sete trombetas, que anunciaram grandes corrupções surgindo na igreja: entre elas vem este capítulo confortável, que assegura as graças e confortos do povo de Deus em tempos de calamidade comum. Temos,
I. Um relato da restrição imposta aos ventos, vers. 1-3.
II. O selamento dos servos de Deus, ver 4-8.
III. As canções dos anjos e santos nesta ocasião, ver 9-12.
IV. Uma descrição da honra e felicidade daqueles que serviram fielmente a Cristo e sofreram por ele, ver 13, etc.
A Visão do Céu.
“1 Depois disto, vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando seguros os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma.
2 Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e clamou em grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e ao mar,
3 dizendo: Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos na fronte os servos do nosso Deus.
4 Então, ouvi o número dos que foram selados, que era cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel:
5 da tribo de Judá foram selados doze mil; da tribo de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil;
6 da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze mil;
7 da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil;
8 da tribo de Zebulom, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamim foram selados doze mil.
9 Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos;
10 e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação.
11 Todos os anjos estavam de pé rodeando o trono, os anciãos e os quatro seres viventes, e ante o trono se prostraram sobre o seu rosto, e adoraram a Deus,
12 dizendo: Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graças, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém!”
Aqui temos,
I. Um relato da restrição imposta aos ventos. Por esses ventos, supomos, significam aqueles erros e corrupções na religião que ocasionariam muitos problemas e danos à igreja de Deus. Às vezes, o Espírito Santo é comparado ao vento: aqui os espíritos do erro são comparados aos quatro ventos, contrários um ao outro, mas causando muito dano à igreja, ao jardim e à vinha de Deus, quebrando os galhos e explodindo os frutos de sua plantação. O diabo é chamado de príncipe das potestades do ar; ele, por um grande vento, derrubou a casa do filho mais velho de Jó. Os erros são como o vento, pelo qual os instáveis são abalados e levados de um lado para o outro, Ef 4. 14. Observe,
1. Estes são chamados os ventos da terra, porque sopram apenas nessas regiões mais baixas perto da terra; o céu está sempre claro e livre deles.
2. Eles são contidos pelo ministério dos anjos, posicionados nos quatro cantos da terra, insinuando que o espírito do erro não pode sair até que Deus o permita, e que os anjos ministram para o bem da igreja restringindo seus inimigos.
3. A restrição deles foi apenas por um período, e isso foi até que os servos de Deus fossem selados em suas testas. Deus tem um cuidado e preocupação particular por seus próprios servos em tempos de tentação e corrupção, e ele tem uma maneira de protegê-los da infecção comum; ele primeiro os estabelece e depois os experimenta; ele tem o tempo de suas provações em suas próprias mãos.
II. Um relato do selamento dos servos de Deus, onde observamos:
1. A quem esta obra foi confiada - a um anjo, outro anjo. Enquanto alguns dos anjos foram empregados para conter Satanás e seus agentes, outro anjo foi empregado para marcar e distinguir os fiéis servos de Deus.
2. Como eles foram distinguidos - o selo de Deus foi colocado em suas testas, um selo conhecido por ele e tão claro como se aparecesse em suas testas; por esta marca eles foram separados para misericórdia e segurança nos piores momentos.
3. O número daqueles que foram selados, onde observamos,
(1.) Um relato particular daqueles que foram selados das doze tribos de Israel - doze mil de cada tribo, totalizando cento e quarenta e quatro mil. Nesta lista, a tribo de Dã é omitida, talvez porque eles eram muito viciados em idolatria; e a ordem das tribos é alterada, talvez de acordo com o fato de terem sido mais ou menos fiéis a Deus. Alguns os consideram um número seleto de judeus que foram reservados para misericórdia na destruição de Jerusalém; outros pensam que o tempo passou e, portanto, deve ser aplicado de maneira mais geral ao remanescente escolhido de Deus no mundo; mas, se a destruição de Jerusalém ainda não havia terminado (e acho difícil provar que sim), parece mais apropriado entender isso do remanescente daquele povo que Deus reservou de acordo com a eleição da graça, apenas aqui temos um número definido para um indefinido.
(2.) Um relato geral daqueles que foram salvos de outras nações (v. 9): Uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas. Embora não se diga que estes foram selados, eles foram escolhidos por Deus dentre todas as nações, e trazidos para sua igreja, e ali ficaram diante do trono. Observe,
[1] Deus terá uma colheita maior de almas entre os gentios do que entre os judeus. Mais são os filhos da desolada do que da casada.
[2] O Senhor sabe quem são seus, e ele os manterá seguros em tempos de perigosa tentação.
[3] Embora a igreja de Deus seja apenas um pequeno rebanho, em comparação com o mundo ímpio, ainda não é uma sociedade desprezível, mas realmente grande e ainda mais ampliada.
III. Temos os cânticos de santos e anjos nesta ocasião, v. 9-12, onde observamos,
1. Os louvores oferecidos pelos santos (e, como me parece, pelos crentes gentios) pelo cuidado de Deus em reservar um remanescente tão grande dos judeus e salvá-los da infidelidade e destruição. A igreja judaica orou pelos gentios antes de sua conversão, e as igrejas gentias têm motivos para abençoar a Deus por sua misericórdia distintiva para tantos judeus, quando o resto foi cortado. Aqui observe,
(1.) A postura desses santos louvando: eles estavam diante do trono, e diante do Cordeiro, diante do Criador e do Mediador. Em atos de adoração religiosa, nos aproximamos de Deus e devemos nos conceber como em sua presença especial; e devemos ir a Deus por Cristo. O trono de Deus seria inacessível aos pecadores se não fosse por um Mediador.
(2.) Seu hábito: eles estavam vestidos com vestes brancas e tinham palmas nas mãos; eles foram investidos com as vestes da justificação, santidade e vitória, e tinham palmas nas mãos, como os conquistadores costumavam aparecer em seus triunfos: uma aparência tão gloriosa os fiéis servos de Deus finalmente terão, quando tiverem lutado contra o mal na luta de fé e terminarem a carreira.
(3.) Seu emprego: eles clamaram em alta voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. Isso pode ser entendido como um hosana, desejando o bem de Deus e de Cristo na igreja e no mundo, ou como um aleluia, dando a Deus e ao Cordeiro o louvor da grande salvação; tanto o Pai quanto o Filho estão unidos nesses louvores; o Pai planejou esta salvação, o Filho a comprou, e aqueles que a desfrutam devem e abençoarão o Senhor e o Cordeiro, e o farão publicamente e com fervor.
2. Aqui está o cântico dos anjos (v. 11, 12), onde se observa,
(1.) Sua posição - diante do trono de Deus, atendendo a ele e aos santos, prontos para servi-los.
(2.) Sua postura, que é muito humilde e expressiva da maior reverência: eles se prostraram diante do trono e adoraram a Deus. Eis a mais excelente de todas as criaturas, que nunca pecou, que estão diante dele continuamente, não apenas cobrindo seus rostos, mas prostrando-se diante do Senhor! Que humildade então, e que profunda reverência, nos tornam, criaturas vis e frágeis, quando entramos na presença de Deus! Devemos cair diante dele; deve haver uma estrutura de espírito reverente e um comportamento humilde em todos os nossos discursos a Deus.
(3.) Seus louvores. Eles consentiram com os louvores dos santos, disseram seu Amém a eles; existe no céu uma harmonia perfeita entre os anjos e os santos; e então acrescentaram mais, dizendo: Bênção, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força sejam para o nosso Deus para todo o sempre. Amém. Aqui,
[1] Eles reconhecem os gloriosos atributos de Deus - sua sabedoria, seu poder e sua força.
[2] Eles declaram que por essas suas perfeições divinas ele deve ser abençoado, louvado e glorificado por toda a eternidade; e eles confirmam isso por seu Amém. Vemos qual é a obra do céu e devemos iniciá-la agora, para sintonizar nossos corações, estar muito nela e ansiar por aquele mundo onde nossos louvores, assim como nossa felicidade, serão aperfeiçoados.
Honra e Felicidade dos Santos.
“13 Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram?
14 Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro,
15 razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo.
16 Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum,
17 pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.”
Aqui temos uma descrição da honra e felicidade daqueles que serviram fielmente ao Senhor Jesus Cristo e sofreram por ele. Observe,
I. Uma pergunta feita por um dos anciãos, não para sua própria informação, mas para instrução de João: os ministros podem aprender com o povo, especialmente com cristãos idosos e experientes; o menor santo no céu sabe mais do que o maior apóstolo do mundo. Agora a questão tem duas partes:
1. O que são estes que estão vestidos com vestes brancas?
2. De onde eles vieram? Parece ser falado por meio de admiração, como Cant 3. 6, Quem é este que vem do deserto! Os cristãos fiéis merecem nossa atenção e respeito; devemos marcar os retos.
II. A resposta devolvida pelo apóstolo, na qual ele tacitamente reconhece sua própria ignorância, e processa este ancião para obter informações: Tu sabes. Aqueles que desejam obter conhecimento não devem ter vergonha de reconhecer sua ignorância, nem de desejar instrução de alguém que seja capaz de dá-la.
III. O relato dado ao apóstolo a respeito daquele nobre exército de mártires que estava diante do trono de Deus em vestes brancas, com palmas da vitória em suas mãos; e nota-se aqui:
1. O estado baixo e desolado em que haviam estado anteriormente; eles estiveram em grande tribulação, perseguidos pelos homens, tentados por Satanás, às vezes perturbados em seus próprios espíritos; eles sofreram a deterioração de seus bens, a prisão de suas pessoas, sim, a perda da própria vida. O caminho para o céu passa por muitas tribulações; mas a tribulação, por maior que seja, não nos separará do amor de Deus. A tribulação, quando bem passada, tornará o céu mais bem-vindo e mais glorioso.
2. Os meios pelos quais eles foram preparados para a grande honra e felicidade que agora desfrutavam: eles lavaram suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro, v. 14. Não é o sangue dos próprios mártires, mas o sangue do Cordeiro, que pode lavar o pecado e tornar a alma pura e limpa aos olhos de Deus. Outras manchas de sangue; este é o único sangue que torna as vestes dos santos brancas e limpas.
3. A bem-aventurança para a qual eles estão agora avançados, sendo assim preparados para isso.
(1.) Eles são felizes em sua posição, pois estão diante do trono de Deus noite e dia; e ele habita entre eles; eles estão naquela presença onde há plenitude de alegria.
(2.) Eles são felizes em seu emprego, pois servem a Deus continuamente, e isso sem fraqueza, sonolência ou cansaço. O céu é um estado de serviço, embora não de sofrimento; é um estado de descanso, mas não de preguiça; é um descanso encantador e de louvores.
(3.) Eles são felizes em sua liberdade de todas as inconveniências desta vida presente.
[1] De todo desejo e sensação de desejo: Eles não têm mais fome e sede; todas as suas necessidades são supridas e todo o mal-estar causado por isso é removido.
[2] De todas as doenças e dores: eles nunca mais serão queimados pelo calor do sol.
(4.) Eles são felizes no amor e orientação do Senhor Jesus: Ele os alimentará, os conduzirá a fontes vivas de águas, ele os colocará na posse de tudo que é agradável e revigorante para suas almas e, portanto, eles não terão mais fome e sede.
(5.) Eles estão felizes em serem libertos de toda tristeza ou ocasião dela: Deus enxugará todas as lágrimas de seus olhos. Anteriormente, eles tiveram suas tristezas e derramaram muitas lágrimas, tanto por causa do pecado quanto da aflição; mas o próprio Deus, com sua própria mão gentil e graciosa, enxugará essas lágrimas e elas não voltarão mais para sempre; e eles não teriam ficado sem essas lágrimas, quando Deus vier para enxugá-los. Nisso, ele os trata como um pai terno que encontra seu filho amado em lágrimas, ele o conforta, enxuga os olhos e transforma sua tristeza em alegria. Isso deve moderar a tristeza do cristão em seu estado atual e apoiá-lo em todos os problemas; porque os que semeiam com lágrimas colherão com alegria; e aqueles que agora saem chorando, levando a preciosa semente, sem dúvida voltarão regozijando-se, trazendo consigo seus feixes.
Apocalipse 8
Já vimos o que aconteceu ao abrir seis dos selos; chegamos agora à abertura do sétimo, que introduziu o soar das sete trombetas; e uma cena terrível agora se abre. A maioria dos expositores concorda que os sete selos representam o intervalo entre o tempo do apóstolo e o reinado de Constantino, mas que as sete trombetas são projetadas para representar a ascensão do anticristo, algum tempo depois que o império se tornou cristão. Neste capítulo temos:
I. O prefácio, ou prelúdio, ao som das trombetas, ver 1-6.
II. O toque de quatro das trombetas, ver 7, etc.).
As Sete Trombetas.
“1 Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora.
2 Então, vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas.
3 Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono;
4 e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos.
5 E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto.
6 Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar.”
Nestes versículos temos o prelúdio do soar das trombetas em várias partes.
I. A abertura do último selo. Isso foi para introduzir um novo conjunto de iconismos e eventos proféticos; há uma cadeia contínua de providência, uma parte ligada à outra (onde uma termina a outra começa) e, embora possam diferir em natureza e no tempo, todas elas formam um desenho uniforme, sábio e bem conectado nas mãos de Deus.
II. Um profundo silêncio no céu pelo espaço de meia hora, que pode ser entendido também:
1. Do silêncio da paz, que por este tempo nenhuma reclamação foi enviada aos ouvidos do Senhor Deus de sabaoth; tudo estava quieto e bem na igreja e, portanto, tudo silencioso no céu, pois sempre que a igreja na terra clama, por meio da opressão, esse grito sobe ao céu e ressoa lá; ou,
2. Um silêncio de expectativa; grandes coisas estavam sobre a roda da providência, e a igreja de Deus, tanto no céu como na terra, ficou em silêncio, como lhes convinha, para ver o que Deus estava fazendo, de acordo com Zc 2. 13: Silêncio, ó toda carne, perante o Senhor, porque se levantou da sua santa morada. E em outro lugar, fique quieto e saiba que eu sou Deus.
III. As trombetas foram entregues aos anjos que deveriam tocá-las. Ainda assim, os anjos são empregados como instrumentos sábios e voluntários da divina Providência, e recebem todos os seus materiais e instruções de Deus, nosso Salvador. Assim como os anjos das igrejas devem soar a trombeta do evangelho, os anjos do céu devem soar a trombeta da providência, e cada um tem sua parte.
IV. Para se preparar para isso, outro anjo deve primeiro oferecer incenso, v. 3. É muito provável que este outro anjo seja o Senhor Jesus, o sumo sacerdote da igreja, que aqui é descrito em seu ofício sacerdotal, tendo um incensário de ouro e muito incenso, uma plenitude de mérito em sua própria pessoa gloriosa, e este incenso ele deveria oferecer, com as orações de todos os santos, sobre o altar de ouro de sua natureza divina. Observe,
1. Todos os santos são um povo de oração; nenhum dos filhos de Deus nasce mudo, um Espírito de graça é sempre um Espírito de adoção e súplica, ensinando-nos a clamar, Abba, Pai. Sl 32. 6, Pois isto orará a ti todo aquele que é piedoso.
2. Tempos de perigo devem ser tempos de oração, assim como tempos de grande expectativa; tanto nossos medos quanto nossas esperanças devem nos colocar em oração e, onde o interesse da igreja de Deus está profundamente envolvido, os corações do povo de Deus em oração devem ser grandemente alargados.
3. As orações dos próprios santos precisam do incenso e da intercessão de Cristo para torná-las aceitáveis e eficazes, e há provisão feita por Cristo para esse propósito; ele tem seu incenso, seu incensário e seu altar; ele é todo ele mesmo para o seu povo.
4. As orações dos santos sobem a Deus em uma nuvem de incenso; a nenhuma oração, assim recomendada, foi negada audiência ou aceitação.
5. Essas orações que foram assim aceitas no céu produziram grandes mudanças na terra em retorno a elas; tirou o fogo do altar e lançou-o na terra, e isso causou estranhas comoções, vozes, trovões, relâmpagos e um terremoto; essas foram as respostas que Deus deu às orações dos santos e sinais de sua ira contra o mundo e que ele faria grandes coisas para vingar a si mesmo e a seu povo de seus inimigos; e agora, estando todas as coisas assim preparadas, os anjos cumprem seu dever.
As Sete Trombetas.
“7 O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra. Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde.
8 O segundo anjo tocou a trombeta, e uma como que grande montanha ardendo em chamas foi atirada ao mar, cuja terça parte se tornou em sangue,
9 e morreu a terça parte da criação que tinha vida, existente no mar, e foi destruída a terça parte das embarcações.
10 O terceiro anjo tocou a trombeta, e caiu do céu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas uma grande estrela, ardendo como tocha.
11 O nome da estrela é Absinto; e a terça parte das águas se tornou em absinto, e muitos dos homens morreram por causa dessas águas, porque se tornaram amargosas.
12 O quarto anjo tocou a trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, da lua e das estrelas, para que a terça parte deles escurecesse e, na sua terça parte, não brilhasse, tanto o dia como também a noite.
13 Então, vi e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia em grande voz: Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa das restantes vozes da trombeta dos três anjos que ainda têm de tocar!”
Observe,
I. O primeiro anjo tocou a primeira trombeta, e os eventos que se seguiram foram muito sombrios: Seguiu-se saraiva e fogo misturado com sangue, etc. Houve uma terrível tempestade; mas se deve ser entendido como uma tempestade de heresias, uma mistura de erros monstruosos caindo sobre a igreja (pois naquela época o arianismo prevalecia), ou uma tempestade de guerra caindo sobre o estado civil, os expositores não concordam. O Sr. Mede entende que isso significa a inundação gótica que invadiu o império no ano 395, o mesmo ano em que Teodósio morreu, quando as nações do norte, sob Alaricus, rei dos godos, invadiram as partes ocidentais do império. No entanto, aqui observamos:
1. Foi uma terrível tempestade de fogo, granizo e sangue: uma estranha mistura!
2. A limitação dele: caiu na terça parte das árvores e na terça parte da grama, e explodiu e queimou; isto é, dizem alguns, sobre a terça parte do clero e a terça parte dos leigos; ou, como outros que consideram que recai sobre o estado civil, sobre a terça parte dos grandes homens e sobre a terça parte das pessoas comuns, ou sobre o próprio império romano, que era uma terça parte do mundo então conhecido, ou sobre uma terceira parte desse império. As calamidades mais severas têm seus limites estabelecidos pelo grande Deus.
II. O segundo anjo tocou, e o alarme foi seguido, como no primeiro, com eventos terríveis: Uma grande montanha ardendo em fogo foi lançada ao mar; e a terça parte do mar tornou-se sangue, v. 8. Por esta montanha, alguns entendem o líder ou líderes dos hereges; outros, como Sr. Mede, a cidade de Roma, que foi cinco vezes saqueada pelos godos e vândalos, no espaço de 137 anos; primeiro por Alaricus, no ano 410, com grande matança e crueldade. Nessas calamidades, uma terça parte do povo (chamada aqui de mar ou coleção de águas) foi destruída: aqui ainda havia uma limitação para a terça parte, pois em meio ao julgamento Deus se lembra da misericórdia. Essa tempestade caiu pesadamente sobre as cidades e países marítimos e mercantis do império romano.
III. O terceiro anjo tocou, e o alarme teve os mesmos efeitos de antes: Caiu uma grande estrela do céu, etc., v. 10. Alguns o consideram uma estrela política, algum governador eminente, e o aplicam a Augustulus, que foi forçado a renunciar ao império para Odoacro, no ano 480. Outros o consideram uma estrela eclesiástica, alguma pessoa eminente na igreja, comparado a uma lâmpada acesa, e eles o fixam em Pelágio, que provou ser uma estrela cadente nessa época e corrompeu grandemente as igrejas de Cristo. Observe,
1. Onde esta estrela caiu: Sobre a terça parte dos rios e sobre as fontes das águas.
2. Que efeito isso teve sobre eles; transformou aquelas fontes e riachos em absinto, tornou-os muito amargos, que os homens foram envenenados por eles; ou as leis, que são as fontes da liberdade civil, propriedade e segurança, foram envenenadas pelo poder arbitrário, ou as doutrinas do evangelho, as fontes da vida espiritual, refrigério e vigor para as almas dos homens, foram tão corrompidas e amargurado por uma mistura de erros perigosos que as almas dos homens encontraram sua ruína onde buscavam seu refrigério.
IV. O quarto anjo soou, e o alarme foi seguido por mais calamidades. Observe,
1. A natureza desta calamidade; era escuridão; caiu, portanto, sobre os grandes luminares do céu, que dão luz ao mundo - o sol, a lua e as estrelas, ou os guias e governadores da igreja, ou do estado, que são colocados em orbes superiores ao povo, e devem dispensar luz e influências benignas a eles.
2. A limitação: limitava-se a um terço desses luminares; havia alguma luz tanto do sol durante o dia quanto da lua e das estrelas à noite, mas era apenas uma terça parte do que tinham antes. Sem determinar o que é motivo de controvérsia nesses pontos entre os homens instruídos, preferimos fazer essas observações claras e práticas:
(1.) Onde o evangelho chega a um povo e é recebido com frieza e não tem seus efeitos adequados em seus corações e vidas, geralmente é seguido por julgamentos terríveis.
(2.) Deus avisa os homens de seus julgamentos antes de enviá-los; ele soa um alarme pela palavra escrita, por ministros, pela própria consciência dos homens, e pelos sinais dos tempos; de modo que, se um povo for surpreendido, é por sua própria culpa.
(3.) A ira de Deus contra um povo faz um trabalho terrível entre eles; amarga todos os seus confortos e torna a própria vida amarga e pesada.
(4.) Deus não desperta neste mundo toda a sua ira, mas estabelece limites para os julgamentos mais terríveis.
(5.) Corrupções de doutrina e adoração na igreja são elas mesmas grandes julgamentos, e as causas e sinais usuais de outros julgamentos vindo sobre um povo.
V. Antes que as outras três trombetas sejam tocadas, aqui é dado um aviso solene ao mundo de quão terríveis seriam as calamidades que as seguiriam, e quão miseráveis seriam aqueles tempos e lugares em que elas caíram, v. 13.
1. O mensageiro era um anjo voando no meio do céu, com pressa, e vindo em uma missão terrível.
2. A mensagem foi uma denúncia de mais e maior aflição e miséria do que o mundo até então havia sofrido. Aqui estão três desgraças, para mostrar o quanto as calamidades que virão devem exceder as que já existiam, ou para sugerir como cada uma das três trombetas seguintes deve introduzir sua calamidade particular e distinta. Se julgamentos menores não surtem efeito, mas a igreja e o mundo pioram sob eles, eles devem esperar maiores. Deus será conhecido pelos julgamentos que executa; e ele espera que, quando vier punir o mundo, seus habitantes tremam diante dele.
(Nota do Tradutor: Vemos que Mtthew Henry seguiu o método preterista e histórico na interpretação do livro de Apocalipse, mas deve ser considerado também o método futurista que aplica todas as visões e eventos profetizados a partir do capítulo sexto, até as visões e profecias finais a partir do Milênio; ao período de governo do Anticristo, sobretudo ao da Grande Tribulação, correpondente aos três anos e meio finais do citado governo.)
Apocalipse 9
Neste capítulo, temos um relato do toque da quinta e da sexta trombetas, as aparições que as acompanharam e os eventos que se seguiram; a quinta trombeta (ver 1-12), a sexta, ver 13, etc.
As Sete Trombetas.
“1 O quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela caída do céu na terra. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo.
2 Ela abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como fumaça de grande fornalha, e, com a fumaceira saída do poço, escureceu-se o sol e o ar.
3 Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra; e foi-lhes dado poder como o que têm os escorpiões da terra,
4 e foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a qualquer coisa verde, nem a árvore alguma e tão-somente aos homens que não têm o selo de Deus sobre a fronte.
5 Foi-lhes também dado, não que os matassem, e sim que os atormentassem durante cinco meses. E o seu tormento era como tormento de escorpião quando fere alguém.
6 Naqueles dias, os homens buscarão a morte e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles.
7 O aspecto dos gafanhotos era semelhante a cavalos preparados para a peleja; na sua cabeça havia como que coroas parecendo de ouro; e o seu rosto era como rosto de homem;
8 tinham também cabelos, como cabelos de mulher; os seus dentes, como dentes de leão;
9 tinham couraças, como couraças de ferro; o barulho que as suas asas faziam era como o barulho de carros de muitos cavalos, quando correm à peleja;
10 tinham ainda cauda, como escorpiões, e ferrão; na cauda tinham poder para causar dano aos homens, por cinco meses;
11 e tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom.
12 O primeiro ai passou. Eis que, depois destas coisas, vêm ainda dois ais.”
Ao soar desta trombeta, as coisas a serem observadas são:
1. Uma estrela caindo do céu na terra. Alguns pensam que esta estrela representa algum eminente bispo da igreja cristã, algum anjo da igreja; pois, da mesma maneira que os pastores são chamados de estrelas, a igreja é chamada de céu; mas quem são os expositores não concordam. Alguns entendem isso de Bonifácio, o terceiro bispo de Roma, que assumiu o título de bispo universal, pelo favor do imperador Focas, que, sendo usurpador e tirano do estado, permitiu que Bonifácio o fosse na igreja, como recompensa de sua bajulação.
2. A esta estrela caída foi dada a chave do poço sem fundo. Tendo agora deixado de ser ministro de Cristo, ele se torna o anticristo, o ministro do diabo; e pela permissão de Cristo, que havia tirado dele as chaves da igreja, ele se torna o carcereiro do diabo, para liberar os poderes do inferno contra as igrejas de Cristo.
3. Após a abertura do poço sem fundo, levantou-se uma grande fumaça, que escureceu o sol e o ar. Os demônios são os poderes das trevas; o inferno é o lugar das trevas. O diabo executa seus desígnios cegando os olhos dos homens, extinguindo a luz e o conhecimento e promovendo a ignorância e o erro. Ele primeiro engana os homens e depois os destrói; almas miseráveis o seguem no escuro, ou não ousam segui-lo.
4. Desta fumaça escura saiu um enxame de gafanhotos, uma das pragas do Egito, os emissários do diabo encabeçados pelo anticristo, toda a debandada e turba das ordens anticristãs, para promover superstição, idolatria, erro e crueldade; e estes tinham, com a justa permissão de Deus, poder para ferir aqueles que não tinham a marca de Deus em suas testas.
5. A dor que eles deveriam causar não era corporal, mas espiritual. Eles não devem destruir tudo de maneira militar pelo fogo e pela espada; as árvores e a grama devem permanecer intocadas e aqueles que eles ferem não devem ser mortos; não deveria ser uma perseguição, mas um veneno secreto e uma infecção em suas almas, que deveria roubá-los de sua pureza e, posteriormente, de sua paz. A heresia é um veneno na alma, trabalhando lenta e secretamente, mas será amargura no final.
6. Eles não tinham poder para ferir aqueles que tinham o selo de Deus em suas testas. A graça eletiva, eficaz e distintiva de Deus preservará seu povo da apostasia total e final.
7. O poder dado a esses fatores para o inferno é limitado no tempo: A heresia é um veneno na alma, trabalhando lenta e secretamente, mas será amargura no final.
As estações do evangelho têm seus limites, e os tempos de sedução também.
8. Embora fosse curto, seria muito agudo, de modo que aqueles que fossem levados a sentir a malignidade desse veneno em suas consciências ficariam cansados de suas vidas, v. 6. Um espírito ferido quem pode suportar?
9. Esses gafanhotos eram de tamanho e forma monstruosos, v. 7, 8, etc. Eles foram equipados para seu trabalho como cavalos preparados para a batalha.
(1.) Eles fingiam ter grande autoridade e pareciam ter certeza da vitória: eles tinham coroas como ouro em suas cabeças; não era uma autoridade verdadeira, mas falsa.
(2.) Eles tinham a demonstração de sabedoria e sagacidade, os rostos dos homens, embora o espírito dos demônios.
(3.) Eles tinham todos os encantos da beleza aparente, para enredar e contaminar as mentes dos homens - cabelos como mulheres; sua forma de adoração era muito espalhafatosa e ornamental.
(4.) Embora aparecessem com a ternura de mulheres, tinham dentes de leões, eram criaturas realmente cruéis.
(5.) Eles tinham a defesa e proteção dos poderes terrestres - couraças de ferro.
(6.) Eles fizeram um grande barulho no mundo; eles voaram de um país para outro, e o barulho de seus movimentos era como o de um exército com carros e cavalos.
(7.) Embora a princípio eles acalmassem e lisonjeassem os homens com uma aparência bonita, havia uma pontada em suas caudas; o cálice de suas abominações continha aquilo que, embora delicioso a princípio, por fim morderia como uma serpente e picaria como uma víbora.
(8.) O rei e comandante deste esquadrão infernal é aqui descrito,
[1] Como um anjo; então ele era por natureza, um anjo, uma vez um dos anjos do céu.
[2] O anjo do abismo; um anjo ainda, mas um anjo caído, caído no poço sem fundo, imensamente grande e do qual não há recuperação.
[3] Nessas regiões infernais ele é uma espécie de príncipe e governador, e tem os poderes das trevas sob seu governo e comando.
[4] Seu verdadeiro nome é Abaddon, Apollyon - um destruidor, pois esse é o seu negócio, seu projeto e emprego, ao qual ele atende diligentemente, no qual ele é muito bem-sucedido e tem um prazer horrível e infernal; é sobre essa obra destruidora que ele envia seus emissários e exércitos para destruir as almas dos homens. E agora aqui temos o fim de um ai; e onde um termina outro começa.
A Sétima Trombeta.
“13 O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus,
14 dizendo ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: Solta os quatro anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates.
15 Foram, então, soltos os quatro anjos que se achavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens.
16 O número dos exércitos da cavalaria era de vinte mil vezes dez milhares; eu ouvi o seu número.
17 Assim, nesta visão, contemplei que os cavalos e os seus cavaleiros tinham couraças cor de fogo, de jacinto e de enxofre. A cabeça dos cavalos era como cabeça de leão, e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre.
18 Por meio destes três flagelos, a saber, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre que saíam da sua boca, foi morta a terça parte dos homens;
19 pois a força dos cavalos estava na sua boca e na sua cauda, porquanto a sua cauda se parecia com serpentes, e tinha cabeça, e com ela causavam dano.
20 Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar;
21 nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos.”
Aqui vamos considerar o prefácio desta visão, e então a própria visão.
I. O prefácio desta visão: Uma voz foi ouvida das pontas do altar de ouro, v. 13, 14. Observe aqui:
1. O poder dos inimigos da igreja é contido até que Deus dê a palavra para libertá-los.
2. Quando as nações estão maduras para o castigo, os instrumentos da ira de Deus que antes eram contidos são soltos sobre eles, v. 14.
3. Os instrumentos que Deus usa para punir um povo podem às vezes estar a uma grande distância deles, para que nenhum perigo possa ser apreendido deles. Esses quatro mensageiros do julgamento divino jaziam presos no rio Eufrates, muito longe das nações europeias. Aqui o poder turco teve sua ascensão, o que parece ser a história dessa visão.
II. A própria visão: E os quatro anjos que estavam presos no grande rio Eufrates foram agora soltos, v. 15, 16. E aqui observe:
1. O tempo de suas operações e execuções militares é limitado a uma hora, um dia, um mês e um ano. Os personagens proféticos do tempo dificilmente devem ser entendidos por nós; mas em geral o tempo é fixado em uma hora, quando deve começar e quando deve terminar; e até que ponto a execução prevalecerá, até um terço dos habitantes da terra. Deus fará com que a ira do homem o louve, e o restante da ira ele conterá.
2. O exército que deveria executar esta grande comissão é reunido, e o número encontrado é de duzentos milhões de cavaleiros; mas nos resta adivinhar qual deve ser a infantaria. Em geral, é dito que os exércitos do império maometano deveriam ser imensamente grandes; e assim é certo que eles eram.
3. Seu formidável equipamento e aparência, v. 17. Como os cavalos eram ferozes, como leões, e ansiosos para correr para a batalha, aqueles que estavam montados neles estavam vestidos com armaduras brilhantes e caras, com todas as insígnias de coragem marcial, zelo e resolução.
4. A vasta devastação e desolação que eles causaram no império romano, que agora se tornara anticristão: uma terça parte deles foi morta; eles foram tão longe quanto sua comissão os permitiu e não puderam ir mais longe.
5. Sua artilharia, pela qual eles fizeram tal matança, descrita por fogo, fumaça e enxofre, saindo da boca de seus cavalos, e os aguilhões que estavam em suas caudas. É opinião do Sr. Mede que esta é uma previsão de grandes armas, aqueles instrumentos de crueldade que causam tal destruição: ele observa: Estes foram usados pela primeira vez pelos turcos no cerco de Constantinopla e, sendo novos e estranhos, eram muito terríveis, e fez uma grande execução. No entanto, aqui parece haver uma alusão ao que é mencionado na visão anterior, que, como o anticristo tinha suas forças de natureza espiritual, como escorpiões envenenando as mentes dos homens com erro e idolatria, os turcos, que foram criados para punir a apostasia anticristã, tiveram seus escorpiões e suas picadas também, para ferir e matar os corpos daqueles que haviam sido os assassinos de tantas almas.
6. Observe a impenitência da geração anticristã sob esses terríveis julgamentos (v. 20); o restante dos homens que não foram mortos não se arrependeu, eles ainda persistiram naqueles pecados pelos quais Deus os estava punindo tão severamente, que eram:
(1.) Sua idolatria; eles não jogariam fora suas imagens, embora não pudessem fazer bem a elas, não pudessem ver, nem ouvir, nem andar.
(2.) Seus assassinatos (v. 21), que eles haviam cometido sobre os santos e servos de Cristo. O papado é uma religião sangrenta e parece decidido a continuar assim.
(3.) Suas feitiçarias; eles têm seus encantos e artes mágicas e ritos de exorcismo e outras coisas.
(4.) Sua fornicação; eles permitem a impureza espiritual e carnal e a promovem em si mesmos e nos outros.
(5.) Seus roubos; eles acumularam, por meios injustos, uma vasta quantidade de riqueza, para prejuízo e empobrecimento de famílias, cidades, príncipes e nações. Esses são os crimes flagrantes do anticristo e seus agentes; e, embora Deus tenha revelado sua ira do céu contra eles, eles são obstinados, endurecidos e impenitentes, e judicialmente, pois devem ser destruídos.
III. Com esta sexta trombeta aprendemos:
1. Deus pode fazer de um inimigo da igreja um flagelo e uma praga para outro.
2. Aquele que é o Senhor dos Exércitos tem vastos exércitos sob seu comando, para servir a seus próprios propósitos.
3. Os poderes mais formidáveis têm limites que eles não podem transgredir.
4. Quando os julgamentos de Deus estão na terra, ele espera que seus habitantes se arrependam do pecado e aprendam a justiça.
5. A impenitência sob os julgamentos divinos é uma iniquidade que será a ruína dos pecadores; pois onde Deus julga, ele vencerá.
Apocalipse 10
Este capítulo é uma introdução à última parte das profecias deste livro. Se o que está contido entre esta e o toque da sétima trombeta (cap. 11. 15) é uma profecia distinta da outra, ou apenas um relato mais geral de algumas das coisas principais incluídas na outra, é contestado por nossos curiosos investigadores nesses escritos obscuros. No entanto, aqui temos:
I. Uma descrição notável de um anjo muito glorioso com um livro aberto na mão, vers. 1-3.
II. Um relato de sete trovões que o apóstolo ouviu, ecoando a voz deste anjo e comunicando algumas descobertas, que o apóstolo ainda não tinha permissão para escrever, ver 4.
III. O juramento solene feito por aquele que tinha o livro na mão, ver 5-7.
IV. A incumbência dada ao apóstolo, e observada por ele, vers. 8-11.
Os Sete Trovões.
“1 Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo;
2 e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra,
3 e bradou em grande voz, como ruge um leão, e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes.
4 Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas.
5 Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu
6 e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já não haverá demora,
7 mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas.”
Aqui temos um relato de outra visão com a qual o apóstolo foi favorecido, entre o toque da sexta trombeta e o da sétima. E observamos,
I. A pessoa que estava principalmente preocupada em comunicar essa descoberta a João - um anjo do céu, outro anjo poderoso, que é apresentado de maneira a induzir alguém a pensar que não poderia ser outro senão nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!
1. Ele estava vestido com uma nuvem: ele vela sua glória, que é grande demais para a mortalidade contemplar; e ele lança um véu sobre suas dispensações. Nuvens e escuridão o cercam.
2. Um arco-íris estava sobre sua cabeça; ele está sempre atento à sua aliança e, quando sua conduta é mais misteriosa, ela é perfeitamente justa e fiel.
3. Seu rosto era como o sol, todo brilhante e cheio de brilho e majestade, cap. 1. 16.
4. Seus pés eram como colunas de fogo; todos os seus caminhos, tanto de graça quanto de providência, são puros e constantes.
II. Sua posição e postura: Ele colocou o pé direito sobre o mar e o pé esquerdo sobre a terra, para mostrar o poder absoluto e domínio que tinha sobre o mundo. E ele segurava em sua mão um livrinho aberto, provavelmente o mesmo que antes estava lacrado, mas agora foi aberto, e gradualmente cumprido por ele.
III. Sua voz terrível: Ele gritou alto, como quando um leão ruge (v. 3), e sua voz terrível foi ecoada por sete trovões, sete maneiras solenes e terríveis de revelar a mente de Deus.
IV. A proibição dada ao apóstolo, de que ele não publicasse, mas ocultasse o que havia aprendido dos sete trovões. O apóstolo pretendia preservar e publicar tudo o que viu e ouviu nessas visões, mas ainda não havia chegado a hora.
V. O juramento solene feito por este poderoso anjo.
1. A maneira de seu juramento: Ele levantou a mão ao céu e jurou por aquele que vive para sempre, por si mesmo, como Deus muitas vezes fez, ou por Deus como Deus, a quem ele, como Senhor, Redentor e governante do mundo, agora apela.
2. A questão do juramento: que não haverá mais tempo; ou,
(1.) Que agora não haverá mais atraso no cumprimento das predições deste livro do que até que o último anjo soasse; então tudo deve ser posto em rápida execução: o mistério de Deus será consumado, v. 7. Ou,
(2.) Que quando este mistério de Deus terminar, o próprio tempo não existirá mais, como sendo a medida das coisas que estão em um estado de mudança mutável; mas todas as coisas serão finalmente fixadas para sempre, e assim o próprio tempo será engolido pela eternidade.
O Pequeno Livro.
“8 A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra.
9 Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel.
10 Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo.
11 Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis.”
Aqui temos,
I. Um encargo estrito dado ao apóstolo, que era,
1. Que ele deveria ir e pegar o livrinho das mãos daquele poderoso anjo mencionado antes. Essa incumbência foi dada, não pelo próprio anjo que estava sobre a terra, mas pela mesma voz do céu que no quarto verso havia colocado uma liminar sobre ele para não escrever o que havia discernido pelos sete trovões.
2. Comer o livro; essa parte da acusação foi dada pelo próprio anjo, insinuando ao apóstolo que, antes de publicar o que havia descoberto, ele deveria digerir mais profundamente as previsões e ser afetado adequadamente por elas.
II. Um relato do gosto e prazer que este pequeno livro teria, quando o apóstolo o tivesse lido; a princípio, enquanto na boca, doce. Todas as pessoas sentem prazer em olhar para os eventos futuros e em predizer; e todos os homens bons gostam de receber uma palavra de Deus, seja ela qual for. Mas, quando este livro de profecia fosse mais bem digerido pelo apóstolo, o conteúdo seria amargo; estas eram coisas tão terríveis, tais perseguições dolorosas do povo de Deus, e tal desolação feita na terra, que a previsão e presciência deles não seriam agradáveis, mas dolorosas para a mente do apóstolo: assim foi a profecia de Ezequiel para ele, cap. 3. 3.
III. O cumprimento do apóstolo do dever para o qual foi chamado (v. 10): Ele pegou o livrinho da mão do anjo, e comeu-o, e achou que o sabor era como lhe fora dito.
1. Torna-se os servos de Deus digerir em suas próprias almas as mensagens que eles trazem para os outros em seu nome, e serem adequadamente afetados por eles mesmos.
2. Cabe a eles entregar todas as mensagens com as quais são encarregados, sejam agradáveis ou desagradáveis aos homens. Aquilo que é menos agradável pode ser mais lucrativo; no entanto, os mensageiros de Deus não devem reter nenhuma parte do conselho de Deus.
IV. O apóstolo é informado de que este livro de profecia, que ele havia recebido, não lhe foi dado apenas para satisfazer sua própria curiosidade ou para afetá-lo com prazer ou dor, mas para ser comunicado por ele ao mundo. Aqui sua comissão profética parece ser renovada, e ele recebe ordens de se preparar para outra embaixada, para transmitir as declarações da mente e vontade de Deus que são de grande importância para todo o mundo e para os homens mais elevados e maiores do mundo, e tal deve ser lido e registrado em muitos idiomas. Este é realmente o caso; nós os temos em nossa língua e somos todos obrigados a atendê-los, a investigar humildemente o significado deles e a acreditar firmemente que tudo terá seu cumprimento no tempo apropriado; e, quando as profecias forem cumpridas, o sentido e a verdade delas aparecerão.
Apocalipse 11
Neste capítulo temos um relato,
I. Da medida - cana dada ao apóstolo, para medir as dimensões do templo, ver 1, 2.
II. Das duas testemunhas de Deus, ver 3-13.
III. Do toque da sétima trombeta, e o que se seguiu a ela, ver 14, etc.
A Medição do Templo.
“1 Foi-me dado um caniço semelhante a uma vara, e também me foi dito: Dispõe-te e mede o santuário de Deus, o seu altar e os que naquele adoram;
2 mas deixa de parte o átrio exterior do santuário e não o meças, porque foi ele dado aos gentios; estes, por quarenta e dois meses, calcarão aos pés a cidade santa.”
Esta passagem profética sobre medir o templo é uma referência clara ao que encontramos na visão de Ezequiel, Ezequiel 40. 3, etc. Mas como entender um ou outro não é tão fácil. Deve parecer que o objetivo de medir o templo no primeiro caso foi para reconstruí-lo, e isso com vantagem; o objetivo dessa medida parece ser:
1. Para a preservação dela naqueles tempos de perigo público e calamidade que são aqui preditos; ou,
2. Para seu julgamento; para que se possa ver até que ponto concorda com o padrão, ou padrão, no monte; ou,
3. Para sua reforma; que o que é redundante, deficiente ou alterado, pode ser regulado de acordo com o verdadeiro modelo. Observe,
I. Quanto deveria ser medido.
1. O templo; a igreja evangélica em geral, seja ela construída, assim constituída, conforme a regra do evangelho dirige, seja muito estreita ou muito grande, a porta muito larga ou muito estreita.
2. O altar. Aquele que era o lugar dos atos mais solenes de adoração pode ser colocado para adoração religiosa em geral; se a igreja tem os verdadeiros altares, tanto quanto à substância quanto à situação: quanto à substância, se eles tomam Cristo como seu altar e colocam todas as suas ofertas ali; e em situação, se o altar está no lugar santíssimo; isto é, se eles adoram a Deus no Espírito e na verdade.
3. Os adoradores também devem ser medidos, se eles fazem da glória de Deus seu fim e sua palavra sua regra, em todos os seus atos de adoração; e se eles vêm a Deus com afeições adequadas, e se sua conversa é como se torna o evangelho.
II. O que não deveria ser medido (v. 2) e por que deveria ser deixado de fora.
1. O que não deveria ser medido: O pátio que está sem o templo não o mede. Alguns dizem que Herodes, nas adições feitas ao templo, construiu um pátio externo e o chamou de pátio dos gentios. Alguns nos dizem que Adriano construiu a cidade e um pátio externo, e o chamou de Ælia,e deu aos gentios.
2. Por que o pátio externo não foi medido? Isso não fazia parte do templo, de acordo com o modelo de Salomão ou Zorobabel e, portanto, Deus não o consideraria. Ele não o marcaria para preservação; mas como foi projetado para os gentios, trazer cerimônias e costumes pagãos e anexá-los às igrejas evangélicas, então Cristo o abandonou a eles, para serem usados como quisessem; e tanto esta como a cidade foram pisadas por um certo tempo - quarenta e dois meses, o que alguns teriam que ser durante todo o reinado do anticristo. Aqueles que adoram no pátio externo são os que adoram de maneira falsa ou com corações hipócritas; e estes são rejeitados por Deus e serão encontrados entre seus inimigos.
3. De tudo observe,
(1.) Deus terá um templo e um altar no mundo, até o fim dos tempos.
(2.) Ele tem uma consideração estrita por este templo e observa como tudo é administrado nele.
(3.) Aqueles que adoram no pátio externo serão rejeitados, e somente aqueles que adoram dentro do véu serão aceitos.
(4.) A cidade santa, a igreja visível, é muito pisoteada no mundo. Mas,
(5.) As desolações da igreja são por um tempo limitado e por um curto período de tempo, e ela será liberta de todos os seus problemas.
As Duas Testemunhas.
“3 Darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco.
4 São estas as duas oliveiras e os dois candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da terra.
5 Se alguém pretende causar-lhes dano, sai fogo da sua boca e devora os inimigos; sim, se alguém pretender causar-lhes dano, certamente, deve morrer.
6 Elas têm autoridade para fechar o céu, para que não chova durante os dias em que profetizarem. Têm autoridade também sobre as águas, para convertê-las em sangue, bem como para ferir a terra com toda sorte de flagelos, tantas vezes quantas quiserem.
7 Quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar, a besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará,
8 e o seu cadáver ficará estirado na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado.
9 Então, muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações contemplam os cadáveres das duas testemunhas, por três dias e meio, e não permitem que esses cadáveres sejam sepultados.
10 Os que habitam sobre a terra se alegram por causa deles, realizarão festas e enviarão presentes uns aos outros, porquanto esses dois profetas atormentaram os que moram sobre a terra.
11 Mas, depois dos três dias e meio, um espírito de vida, vindo da parte de Deus, neles penetrou, e eles se ergueram sobre os pés, e àqueles que os viram sobreveio grande medo;
12 e as duas testemunhas ouviram grande voz vinda do céu, dizendo-lhes: Subi para aqui. E subiram ao céu numa nuvem, e os seus inimigos as contemplaram.
13 Naquela hora, houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da cidade, e morreram, nesse terremoto, sete mil pessoas, ao passo que as outras ficaram sobremodo aterrorizadas e deram glória ao Deus do céu.”
Neste tempo de pisar, Deus reservou para si suas fiéis testemunhas, que não deixarão de atestar a verdade de sua palavra e adoração, e a excelência de seus caminhos. Aqui observe,
I. O número dessas testemunhas: é apenas um pequeno número e, no entanto, é suficiente.
1. É pequeno. Muitos reconhecerão a Cristo em tempos de prosperidade, mas o abandonarão e o negarão em tempos de perseguição; uma testemunha, quando a causa está sendo julgada, vale muitas em outros momentos.
2. É um número suficiente; porque pela boca de duas testemunhas toda causa será estabelecida. Cristo enviou seus discípulos dois a dois, para pregar o evangelho. Alguns pensam que essas duas testemunhas são Enoque e Elias, que devem retornar à terra por um tempo; apenas continuar a professar a religião cristã, mas a pregá-la, nos piores momentos.
II. O tempo em que profetizaram ou prestaram testemunho de Cristo. Mil duzentos e sessenta dias; isto é (como muitos pensam), ao período do reinado do anticristo; e, se o início desse intervalo pudesse ser determinado, esse número de dias proféticos, levando um dia para um ano, nos daria uma perspectiva de quando seria o fim.
III. Seu hábito e postura: eles profetizam em pano de saco, como aqueles que são profundamente afetados pelo estado baixo e angustiado das igrejas e pelo interesse de Cristo no mundo.
IV. Como eles foram apoiados e supridos durante o desempenho de seu grande e árduo trabalho: eles permaneceram diante do Deus de toda a terra, e ele lhes deu poder para profetizar. Ele os fez como Zorobabel e Josué, as duas oliveiras e o castiçal na visão de Zacarias, cap. 4. 2, etc. Deus deu a eles o óleo do santo zelo, coragem, força e consolo; ele os fez oliveiras, e suas lâmpadas de profissão foram mantidas acesas pelo óleo de princípios graciosos interiores, que eles receberam de Deus. Eles tinham óleo não apenas em suas lâmpadas, mas também em seus vasos - hábitos de vida espiritual, luz e zelo.
V. Sua segurança e defesa durante o tempo em que profetizaram: Se alguém tentasse feri-los, fogo saía de suas bocas e os devorava, v. 5. Alguns pensam que isso alude ao chamado de Elias para o fogo do céu, para consumir os capitães e suas companhias que vieram para agarrá-lo, 2 Reis 1. 12. Deus prometeu ao profeta Jeremias (cap. 5. 14): Eis que farei minhas palavras em fogo na tua boca, e este povo se tornará madeira, e ele os devorará. Por suas orações e pregações, e coragem no sofrimento, eles irão irritar e ferir os próprios corações e consciências de muitos de seus perseguidores, que irão embora autocondenados e serão até terrores para si mesmos; como Pasur, nas palavras do profeta Jeremias, cap. 20. 4. Eles terão esse livre acesso a Deus e esse interesse nele, que, em suas orações, Deus infligirá pragas e julgamentos sobre seus inimigos, como fez com Faraó, transformando seus rios em sangue e restringindo o orvalho do céu, fechando o céu, para que não chova por muitos dias, como ele fez nas orações de Elias, 1 Reis 17. 1. Deus ordenou suas flechas para os perseguidores e frequentemente os atormenta enquanto perseguem seu povo; eles acham difícil chutar contra as picadas.
VI. O assassinato das testemunhas. Para tornar seu testemunho mais forte, eles devem selá-lo com seu sangue. Observe aqui,
1. A hora em que devem ser mortos: Quando terminarem seu testemunho. Eles são imortais, eles são invulneráveis, até que seu trabalho seja feito. Alguns acham que deveria ser prestado quando estavam prestes a terminar seu testemunho. Quando eles profetizaram de saco a maior parte dos 1.260 dias, deveriam sentir o último efeito da malícia anticristã.
2. O inimigo que deve vencê-los e matá-los - a besta que sobe do abismo. O Anticristo, o grande instrumento do diabo, deve guerrear contra eles, não apenas com as armas do aprendizado sutil e sofístico, mas principalmente com força e violência abertas; e Deus permitiria que seus inimigos prevalecessem contra suas testemunhas por um tempo.
3. O uso bárbaro dessas testemunhas assassinadas; a malícia de seus inimigos não foi saciada com seu sangue e morte, mas perseguiu até mesmo seus cadáveres.
(1.) Eles não permitiriam a eles uma sepultura tranquila; seus corpos foram lançados em rua aberta, na rua principal da Babilônia, ou na estrada principal que levava à cidade. Esta cidade é espiritualmente chamada Sodoma por maldade monstruosa, e Egito por idolatria e tirania; e aqui Cristo em seu corpo místico sofreu mais do que em qualquer lugar do mundo.
(2.) Seus cadáveres foram insultados pelos habitantes da terra, v. 10. Eles ficaram felizes em se livrar dessas testemunhas, que por sua doutrina e exemplo haviam provocado, aterrorizado e atormentado a consciência de seus inimigos; essas armas espirituais cortam os homens perversos no coração e os enchem com a maior raiva e malícia contra os fiéis.
VII. A ressurreição dessas testemunhas e suas consequências. Observe,
1. O tempo de sua ascensão novamente; depois de terem estado mortos três dias e meio (v. 11), um tempo curto em comparação com o que haviam profetizado. Aqui pode haver uma referência à ressurreição de Cristo, que é a ressurreição e a vida. Teus mortos viverão, junto com meu corpo morto eles ressuscitarão. Ou pode haver uma referência à ressurreição de Lázaro no quarto dia, quando eles pensaram que era impossível. As testemunhas de Deus podem ser mortas, mas ressuscitarão: não em suas pessoas, até a ressurreição geral, mas em seus sucessores. Deus reviverá sua obra, quando ela parecer morta no mundo.
2. O poder pelo qual eles foram criados: O espírito de vida de Deus entrou neles, e eles se puseram de pé. Deus colocou não apenas vida, mas coragem neles. Deus pode dar vida aos ossos secos; é o Espírito da vida de Deus que vivifica as almas mortas e vivifica os corpos mortos de seu povo e seu interesse moribundo no mundo.
3. O efeito de sua ressurreição sobre seus inimigos: Grande medo caiu sobre eles. O reavivamento da obra e das testemunhas de Deus infundirá terror nas almas de seus inimigos. Onde há culpa, há medo; e um espírito perseguidor, embora cruel, não é um espírito corajoso, mas um espírito covarde. Herodes temia João Batista.
VIII. A ascensão das testemunhas ao céu e suas consequências, v. 12, 13. Observe,
1. Sua ascensão. Por céu, podemos entender uma posição mais eminente na igreja, o reino da graça neste mundo ou um lugar elevado no reino da glória acima. O primeiro parece ser o significado: eles subiram ao céu em uma nuvem (em sentido figurado, não literal) e seus inimigos os viram. Não será uma pequena parte do castigo dos perseguidores, tanto neste mundo quanto no grande dia, que eles vejam os fiéis servos de Deus grandemente honrados e promovidos. Para esta honra, eles não tentaram subir, até que Deus os chamou e disse: Suba aqui. As testemunhas do Senhor devem esperar por seu progresso, tanto na igreja como no céu, até que Deus as chame; eles não devem se cansar de sofrimento e serviço, nem se apegar apressadamente à recompensa; mas espere até que seu Mestre os chame, e então eles podem ascender alegremente a ele.
2. As consequências de sua ascensão - um poderoso choque e convulsão no império anticristão e a queda de um décimo da cidade. Alguns referem isso ao início da reforma do papado, quando muitos príncipes e estados caíram de sua sujeição a Roma. Esta grande obra encontrou grande oposição; todo o mundo ocidental sentiu uma grande comoção, e o interesse anticristão recebeu um grande golpe, e perdeu muito terreno e interesse,
(1.) Pela espada de guerra, que foi então desembainhada; e muitos daqueles que lutaram sob a bandeira do anticristo foram mortos por ela.
(2.) Pela espada do Espírito: O temor de Deus caiu sobre muitos. Eles estavam convencidos de seus erros, superstições e idolatria; e pelo verdadeiro arrependimento e abraçando a verdade, eles deram glória ao Deus do céu. Assim, quando a obra e as testemunhas de Deus revivem, a obra e as testemunhas do diabo caem diante dele.
A Sétima Trombeta.
“14 Passou o segundo ai. Eis que, sem demora, vem o terceiro ai.
15 O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.
16 E os vinte e quatro anciãos que se encontram sentados no seu trono, diante de Deus, prostraram-se sobre o seu rosto e adoraram a Deus,
17 dizendo: Graças te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar.
18 Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra.
19 Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da Aliança no seu santuário, e sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada.”
Temos aqui o toque da sétima e última trombeta, que é introduzida pela advertência usual e exigência de atenção: O segundo ai passou, e eis que o terceiro ai vem sem demora. Então o sétimo anjo soou. Isso foi suspenso por algum tempo, até que o apóstolo se familiarizou com algumas ocorrências intermediárias de grande importância e dignas de sua atenção e observação. Mas o que ele antes esperava, ele agora ouviu - o sétimo anjo soando. Aqui observe os efeitos e consequências desta trombeta, assim tocada.
I. Aqui estavam altas e alegres aclamações dos santos e anjos no céu. Observe,
1. A maneira de suas adorações: eles se levantaram de seus assentos, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus; eles o fizeram com reverência e humildade.
2. A questão de suas adorações.
(1.) Eles reconhecem com gratidão o direito de nosso Deus e Salvador de governar e reinar sobre todo o mundo: Os reinos deste mundo se tornaram os reinos de nosso Senhor e de seu Cristo, v. 15. Eles sempre foram assim no título, tanto pela criação quanto pela compra.
(2.) Eles observam com gratidão sua posse real deles e reinam sobre eles; eles lhe agradecem porque ele assumiu seu grande poder, afirmou seus direitos, exerceu seu poder e, assim, transformou o título em posse.
(3.) Eles se regozijam porque este seu reinado nunca terminará: Ele reinará para todo o sempre, até que todos os inimigos sejam colocados sob seus pés; ninguém jamais arrancará o cetro de sua mão.
II. Aqui havia ressentimentos raivosos no mundo por causa dessas justas aparições e atos do poder de Deus (v. 18): As nações se enfureceram; não apenas tinha sido assim, mas estavam tão quietos: seus corações se levantaram contra Deus; eles encontraram sua ira com sua própria raiva. Era uma época em que Deus estava se vingando dos inimigos de seu povo, recompensando a tribulação daqueles que os haviam perturbado. Era uma época em que ele começava a recompensar os fiéis serviços e sofrimentos de seu povo; e seus inimigos não puderam suportar isso, eles se preocuparam com Deus, e assim aumentaram sua culpa e apressaram sua destruição.
III. Outra consequência foi a abertura do templo de Deus no céu. Isso pode significar que agora há uma comunicação mais livre entre o céu e a terra, a oração e os louvores subindo mais livremente e frequentemente e as graças e bênçãos descendo abundantemente. Mas parece pretender a igreja de Deus na terra, um templo celestial. É uma alusão às várias circunstâncias das coisas na época do primeiro templo. Sob príncipes idólatras e perversos, foi fechado e negligenciado; mas, sob príncipes religiosos e reformadores, foi aberto e frequentado. Assim, durante o poder do anticristo, o templo de Deus parecia estar fechado, e estava em grande parte; mas agora foi aberto novamente. Nesta abertura, observe:
1. O que foi visto ali: a arca da aliança de Deus. Isso estava no santo dos santos; nesta arca foram guardadas as tábuas da lei. Como antes do tempo de Josias, a lei de Deus havia sido perdida, mas foi encontrada, assim no reinado do anticristo a lei de Deus foi deixada de lado e anulada por suas tradições e decretos; as Escrituras foram trancadas para o povo, e eles não devem olhar para esses oráculos divinos; agora eles são abertos, agora são levados à vista de todos. Este foi um privilégio indescritível e inestimável; e isso, como a arca do testamento, era um sinal da presença de Deus devolvida ao seu povo, e seu favor para com eles em Jesus Cristo, a propiciação.
2. O que foi ouvido e sentido lá: Relâmpagos, vozes, trovões, um terremoto e grande granizo. A grande bênção da reforma foi acompanhada de providências terríveis; e por coisas terríveis em justiça, Deus responderia àquelas orações que foram apresentadas em seu santo templo, agora aberto. Todas as grandes revoluções do mundo são concertadas no céu e são as respostas das orações dos santos.
Apocalipse 12
É geralmente aceito pelos expositores mais eruditos que a narrativa que temos neste e nos dois capítulos seguintes, desde o toque da sétima trombeta até a abertura das taças, não é uma previsão do que está por vir, mas sim uma recapitulação e representação de coisas passadas, que, como Deus desejava que o apóstolo previsse enquanto futuro, ele gostaria que ele revisse agora que elas haviam passado, para que ele pudesse ter uma ideia mais perfeita delas em sua mente, e pudesse observar o acordo entre a profecia e aquela Providência que está sempre cumprindo as Escrituras. Neste capítulo temos um relato da disputa entre a igreja e o anticristo, a semente da mulher e a semente da serpente.
I. Como começou no céu, ver 1-11.
II. Como foi realizado no deserto, ver 12, etc.
A Mulher e o Dragão. (95 DC.)
1 Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça,
2 que, achando-se grávida, grita com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz.
3 Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas.
4 A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra; e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse.
5 Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus até ao seu trono.
6 A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias.
7 Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos;
8 todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles.
9 E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos.
10 Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus.
11 Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida.
Aqui vemos aquela profecia antiga eminentemente cumprida, na qual Deus disse que colocaria inimizade entre a semente da mulher e a semente da serpente, Gn 3.15. Você observará,
I. As tentativas de Satanás e seus agentes de impedir o aumento da igreja, devorando sua prole assim que nasceu; disso temos uma descrição muito viva nas imagens mais próprias.
1. Vemos como a igreja está representada nesta visão.
(1.) Como mulher, a parte mais fraca do mundo, mas esposa de Cristo e mãe dos santos.
(2.) Vestido de sol, a justiça imputada do Senhor Jesus Cristo. Tendo se revestido de Cristo, que é o Sol da justiça, ela, por sua relação com Cristo, é investida de direitos e privilégios honrosos, e brilha em seus raios.
(3.) Como ter a lua sob os pés (isto é, o mundo); ela está sobre ele, mas vive acima dele; seu coração e sua esperança não estão postos nas coisas sublunares, mas nas coisas que estão no céu, onde está sua cabeça.
(4.) Como tendo na cabeça uma coroa de doze estrelas, isto é, a doutrina do evangelho pregado pelos doze apóstolos, que é uma coroa de glória para todos os verdadeiros crentes.
(5.) Como em dores de parto, clamando e sofrendo para ser libertado. Ela estava grávida e agora sofria para dar à luz uma descendência santa para Cristo, desejando que o que começou na convicção dos pecadores pudesse terminar em sua conversão, para que quando os filhos nascessem, pudesse haver força para gerar, e para que ela pudesse ver o trabalho de sua alma.
2. Como o grande inimigo da igreja é representado.
(1.) Como um grande dragão vermelho - um dragão para força e terror - um dragão vermelho para ferocidade e crueldade.
(2.) Como tendo sete cabeças, isto é, colocadas em sete colinas, como Roma era; e, portanto, é provável que aqui se refira à Roma pagã.
(3.) Como tendo dez chifres, divididos em dez províncias, como foi o império romano de Augusto César.
(4.) Como tendo sete coroas na cabeça, que mais tarde é explicada como sendo sete reis, cap. 17. 10.
(5.) Como desenhar com a cauda uma terça parte das estrelas no céu e jogá-las na terra, tirando os ministros e professores da religião cristã de seus lugares e privilégios e tornando-os tão fracos e inúteis quanto ele poderia.
(6.) Diante da mulher, para devorar seu filho assim que ele nascesse, muito vigilante para esmagar a religião cristã em seu nascimento e impedir inteiramente o crescimento e a continuidade dela no mundo.
II. O insucesso destas tentativas contra a igreja; pois,
1. Ela nasceu com segurança de um filho varão (v. 5), pelo qual alguns entendem Cristo, outros Constantino, mas outros, com maior propriedade, uma raça de verdadeiros crentes, fortes e unidos, semelhantes a Cristo, e projetados, sob ele, para governar as nações com vara de ferro; isto é, julgar o mundo por sua doutrina e vida agora, e como assessores de Cristo no grande dia.
2. Cuidou-se desta criança: ela foi arrebatada para Deus e para o seu trono; isto é, levado à sua proteção especial, poderosa e imediata. A religião cristã tem sido desde a sua infância o cuidado especial do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo.
3. Cuidava-se tanto da mãe como da criança. Ela fugiu para o deserto, um lugar preparado tanto para sua segurança quanto para seu sustento. A igreja estava num estado obscuro, dispersa; e isso provou a sua segurança, através do cuidado da Providência divina. Este seu estado obscuro e privado durou um tempo limitado, para não continuar para sempre.
III. As tentativas do dragão não só foram infrutíferas contra a igreja, mas fatais para os seus próprios interesses; pois, em seu esforço para devorar o filho varão, ele empregou todos os poderes do céu contra ele (v. 7): Houve guerra no céu. O céu abraçará a disputa da igreja. Aqui observe,
1. A sede desta guerra - no céu, na igreja, que é o reino dos céus na terra, sob o cuidado do céu e no mesmo interesse.
2. As partes – Miguel e seus anjos de um lado, e o dragão e seus anjos do outro: Cristo, o grande Anjo da aliança, e seus fiéis seguidores; e Satanás e todos os seus instrumentos. Este último partido seria muito superior em número e força externa ao outro; mas a força da igreja reside em ter o Senhor Jesus como capitão da sua salvação.
3. O sucesso da batalha: O dragão e seus anjos lutaram e não prevaleceram; houve uma grande luta de ambos os lados, mas a vitória coube a Cristo e sua igreja, e o dragão e seus anjos não apenas foram vencidos, mas expulsos; a idolatria pagã, que era a adoração de demônios, foi extirpada do império na época de Constantino.
4. O cântico triunfante que foi composto e usado nesta ocasião, v. 10, 11. Observe aqui:
(1.) Como o conquistador é adorado: Agora chegou a salvação, a força e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo. Agora Deus se mostrou um Deus poderoso; agora Cristo se mostrou um Salvador forte e poderoso; seu próprio braço trouxe a salvação, e agora seu reino será grandemente ampliado e estabelecido. A salvação e a força da igreja devem ser atribuídas ao rei e chefe da igreja.
(2.) Como o inimigo conquistado é descrito.
[1.] Por sua malícia; ele foi o acusador dos irmãos e os acusou diante de seu Deus noite e dia; ele apareceu diante de Deus como um adversário da igreja, apresentando continuamente acusações e acusações contra ela, sejam verdadeiras ou falsas; assim ele acusou Jó, e assim acusou Josué, o sumo sacerdote, Zacarias 3.1. Embora ele odeie a presença de Deus, ele está disposto a aparecer ali para acusar o povo de Deus. Tenhamos, portanto, cuidado para não lhe darmos motivo de acusação contra nós; e que, quando pecamos, imediatamente nos apresentamos diante do Senhor, e nos acusamos e nos condenamos, e entregamos nossa causa a Cristo como nosso Advogado.
[2.] Por sua decepção e derrota: ele e todas as suas acusações são rejeitados, as acusações anuladas e o acusador expulso do tribunal com justa indignação.
(3.) Como a vitória foi conquistada. Os servos de Deus venceram Satanás,
[1.] Pelo sangue do Cordeiro, como causa meritória. Cristo, ao morrer, destruiu aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo.
[2.] Pela palavra de seu testemunho, como o grande instrumento de guerra, a espada do Espírito, que é a palavra de Deus, - por uma pregação poderosa e resoluta do evangelho eterno, que é poderoso, por meio de Deus, para derrubar fortalezas - e por sua coragem e paciência nos sofrimentos; eles não amaram suas vidas até a morte, quando o amor pela vida competia com sua lealdade a Cristo; eles não amavam muito suas vidas, mas poderiam entregá-las à morte, poderiam entregá-las na causa de Cristo; o amor deles pela própria vida foi superado por afetos mais fortes de outra natureza; e esta sua coragem e zelo ajudaram a confundir os seus inimigos, a convencer muitos dos espectadores, a confirmar as almas dos fiéis, e assim contribuíram grandemente para esta vitória.
A Mulher e o Dragão. (AD95.)
12 Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.
13 Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão;
14 e foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até ao deserto, ao seu lugar, aí onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente.
15 Então, a serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pelo rio.
16 A terra, porém, socorreu a mulher; e a terra abriu a boca e engoliu o rio que o dragão tinha arrojado de sua boca.
17 Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus; e se pôs em pé sobre a areia do mar.
Temos aqui um relato desta guerra, tão felizmente terminada no céu, ou na igreja, quando foi novamente renovada e continuada no deserto, o lugar para onde a igreja havia fugido, e onde ela esteve por algum tempo segura. pelo cuidado especial de seu Deus e Salvador. Observe,
I. A advertência dada sobre a angústia e calamidade que deveria cair sobre os habitantes do mundo em geral, através da ira e fúria do diabo. Pois, embora sua malícia esteja principalmente voltada contra os servos de Deus, ainda assim ele é um inimigo e odiador da humanidade como tal; e, sendo derrotado em seus desígnios contra a igreja, ele está resolvido a causar toda a perturbação que puder ao mundo em geral: Ai dos habitantes da terra e do mar. A ira de Satanás cresce tanto mais quanto ele é limitado tanto no lugar como no tempo; quando ele foi confinado ao deserto e teve pouco tempo para reinar lá, ele veio com maior ira.
II. Sua segunda tentativa contra a igreja agora no deserto: Ele perseguiu a mulher que deu à luz o filho varão. Observe,
1. O cuidado que Deus teve com sua igreja. Ele a transportou como se estivesse em asas de águia, para um lugar seguro fornecido para ela, onde ela deveria continuar por um certo espaço de tempo, expressa em caracteres proféticos, extraídos de Dan 7. 25.
2. A contínua malícia do dragão contra a igreja. Sua obscuridade não poderia protegê-la totalmente; a velha serpente sutil, que a princípio espreitava no paraíso, agora segue a igreja para o deserto e lança uma torrente de água atrás dela, para levá-la embora. Acredita-se que isso signifique uma inundação de erro e heresia, que foi soprada por Ário, Nestório, Pelágio e muitos outros, pela qual a igreja de Deus corria o risco de ser subjugada e levada. A igreja de Deus corre mais perigo por causa dos hereges do que dos perseguidores; e as heresias são tão certamente do diabo quanto a força aberta e a violência.
3. A ajuda oportuna fornecida à igreja nesta conjuntura perigosa: A terra ajudou a mulher, e abriu a boca, e engoliu o dilúvio. Alguns pensam que devemos compreender os enxames de godos e vândalos que invadiram o império romano e encontraram trabalho para os governantes arianos, que de outra forma teriam sido perseguidores tão furiosos quanto os pagãos, e já haviam exercido grandes crueldades; mas Deus abriu uma brecha na guerra, e o dilúvio foi de certa forma engolido por isso, e a igreja desfrutou de alguma trégua. Deus muitas vezes envia a espada para vingar a disputa de sua aliança; e, quando os homens escolhem novos deuses, então há perigo de guerra nos portões; brigas e contenções intestinais geralmente terminam nas invasões de um inimigo comum.
4. O diabo, sendo assim derrotado nos seus desígnios sobre a igreja universal, agora volta a sua raiva contra pessoas e lugares específicos; sua maldade contra a mulher o leva a fazer guerra com o restante de sua semente. Alguns pensam que aqui se referem os albigenses, que foram primeiro conduzidos por Diocleciano a lugares áridos e montanhosos, e depois cruelmente assassinados pela raiva e pelo poder papistas, por várias gerações; e por nenhuma outra razão a não ser porque guardaram os mandamentos de Deus e mantiveram o testemunho de Jesus Cristo. A fidelidade deles a Deus e a Cristo, na doutrina, na adoração e na prática, foi o que os expôs à fúria de Satanás e seus instrumentos; e tal fidelidade exporá os homens ainda, menos ou mais, ao fim do mundo, quando o último inimigo será destruído.